07/03/2024 - 20:15
A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) registrou R$ 586 milhões de prejuízo líquido no quarto trimestre de 2023, valor 632% maior ante a perda de R$ 80 milhões apurada no mesmo período de 2022. O montante também é 122,8% superior aos R$ 263 milhões negativos informados no período de julho a setembro do ano anterior, conforme o release de resultados da empresa divulgado nesta quinta-feira, 7.
O maior prejuízo registrado nos três últimos meses de 2023 em relação aos intervalos anual e trimestral aconteceram, principalmente, devido ao ajuste na marcação a mercado dos contratos futuros de energia, que trouxeram um impacto negativo total para a empresa de R$ 639 milhões. No caso do efeito ser desconsiderado, a CBA registraria um lucro líquido de R$ 53 milhões.
O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da CBA somou R$ 102 milhões, com ligeira queda de 0,9% na comparação anual e avanço de 121% no intervalo trimestral.
A margem Ebitda ficou em 5%, três pontos porcentuais maior ante o trimestre anterior e igual na comparação com os três últimos meses de 2022.
Quanto à receita líquida, a CBA somou R$ R$ 1,903 bilhão, 3% menor na comparação anual e 2% superior ante o terceiro trimestre de 2023.
A alavancagem da CBA, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, atingiu 7,7 vezes, valor menor ante o registrado no trimestre anterior, de 9,71 vezes. A redução do indicador foi impulsionada pela melhoria no desempenho operacional da empresa.
A dívida líquida da CBA, por sua vez, atingiu R$ 2,361 bilhões no quarto trimestre. O prazo médio da dívida ficou em 4,93 anos, menor na comparação com o apurado ao final de setembro de 2023, de 5,12.
A posição de caixa da CBA em dezembro foi de R$ 2,213 bilhões. Deste total, R$ 1,729 bilhão é referente aos recursos disponíveis da companhia e R$ 484 milhões referem-se a uma linha de crédito rotativo, que representa uma fonte adicional de liquidez.
Pontual
Em entrevista concedida ao Broadcast, a diretora financeira da CBA, Camila Abel, afirmou que apesar da marcação a mercado do volume excedente de energia ter sido responsável pelo prejuízo no balanço da empresa, o fenômeno é contábil e não provoca efeito caixa.
A revisão foi feita em meio a perspectivas de um consumo mais baixo de energia elétrica já contratada para os próximos anos, em função da postergação da entrada em operação da sala fornos 1, que estava previsto para iniciar em 2025 e foi postergado para 2027.
“Esse efeito é pontual e temporário, no sentido de que tanto a recuperação do preço de energia no setor, como já estamos vendo no começo deste ano na comparação com o final do ano passado, quanto a retomada do nosso plano original de investimento poderia fazer a reversão desse valor de forma parcial ou total, por isso é um efeito colocado como pontual e que se tornou mais relevante agora em função da postergação do nosso capex”, afirmou Camila.
Recuperação
Com relação à perspectiva de redução da alavancagem para 2024, Camila informou que espera uma melhora contínua do indicador, – que reduziu para 7,7 vezes – por meio de uma melhora gradual do Ebitda. “A recomposição do índice é mais lenta e é preciso ocorrer uma recuperação nos últimos 12 meses, e depende de como será o mercado em 2024”, acrescentou.
O presidente da CBA, Luciano Alves, acrescentou ainda que vê uma perspectiva positiva para a dinâmica de preços do alumínio no médio prazo. Hoje, a commodity continua enfrentando um ciclo global de baixa em função de uma oferta estável e uma demanda pelo metal ainda reprimida, por influência da continuidade das taxas de juros em patamar alto nos principais mercados.
“Enquanto o mercado não conseguir enxergar uma redução de taxa de juros ou melhora na demanda mundial por alumínio, o preço tende a continuar como está. Por outro lado, visto que a oferta está controlada e sem grandes expansões, além de estoques baixos, quando houver uma recuperação na demanda no futuro possivelmente impulsionada pela redução dos juros, há perspectiva para uma valorização da commodity”, avaliou Alves.
Quanto ao mercado doméstico, Alves destaca que houve melhora na demanda brasileira pelo metal, o que impulsionou o aumento de vendas de alumínio nos três últimos meses de 2023. Ele ressaltou, contudo, o efeito positivo da sazonalidade presente nos seis últimos meses de cada ano, intervalo em que as vendas do metal costumam aumentar.
Vendas
O volume total de vendas de alumínio da CBA no quarto trimestre de 2023 somaram 128 mil toneladas, valor 5% maior ante um ano e 8% no intervalo trimestral. Em primários, a comercialização avançou 24% na comparação anual, para 77 mil toneladas, sendo a maior contribuição o aumento de lingotes.
As vendas no segmento de reciclagem, por sua vez, recuaram 29% na comparação anual, atingindo 19 mil toneladas. Camila mencionou que o fenômeno foi provocado por menores vendas na Metalex, principalmente no segmento de alumínio para autoconstrução, em função da manutenção do patamar alto das taxas de juros.
Na divisão de transformados o volume vendido no último trimestre de 2023 foi de 32 mil toneladas, valor 3% menor ante um ano, pela menor demanda em folhas, refletindo a competição com produtos importados, informou a CBA em seu release de resultados.