O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira, 2, que o processo de desancoragem das expectativas de inflação no Brasil, diferentemente de outros mercados emergentes, é anterior ao que está ocorrendo nos Estados Unidos. Ele participa do debate sobre “Conjuntura Econômica Brasileira”, promovido pelo Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP), em São Paulo.

Galípolo citou três principais fatores responsáveis por essa desancoragem. Em primeiro lugar, o desafio do Banco Central em conseguir demonstrar compromisso com a perseguição da meta de inflação de 3%. O presidente do BC reforçou que tanto ele quanto o diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, têm falado publicamente a respeito desse compromisso.

O segundo ponto diz respeito a uma eventual reação da política fiscal caso haja desaceleração da economia, decorrente do patamar de juros mais elevado. Galípolo disse, no entanto, que é difícil ser preventivo em algo que não ocorreu de fato. Em relação à incorporação dessas variáveis no modelo, ele reforçou que o BC tem adotado cautela e parcimônia nas projeções para não agregar mais volatilidade ao processo.

Já a terceira dimensão está relacionada ao fato de que a economia vem surpreendendo do ponto de vista de aquecimento. Ele afirmou que a discussão agora está em torno do comportamento do hiato daqui para frente, tendo em vista que o Brasil segue em uma economia que apresenta uma resiliência surpreendente.

Galípolo reforçou que toda a comunicação tocada pela autoridade monetária foi no sentido de explicar como se dá o processo de desinflação. Ele disse que o BC tem reunido informações e reforçado sua crença na política monetária.

“Se a gente colocou a taxa de juros em patamar que a gente entende que é restritivo, a gente sabe que o remédio vai funcionar. Ele tem suas defasagens e a gente quer comunicar como essa defasagem vai ocorrer ao longo dos próximos meses”, disse. Ele também reforçou a necessidade de preservar flexibilidade, evitar movimentos bruscos e volatilidade.