23/03/2024 - 9:00
Sustentabilidade, alimentação orgânica e empoderamento feminino. Foi pensando nessas preocupações que as empresárias Ana Maria Diniz e Gabi Marques analisaram o cenário da vida do campo no Brasil e enxergaram uma oportunidade de negócio para impulsionar projetos liderados por mulheres na região do semiárido baiano.
A Polvo Lab trabalha com economia criativa de impacto e atua com 3.440 famílias, aproximadamente 14 mil pessoas. Do total, 70% são mulheres, todas em cidades dos estados da Bahia, Piauí e Maranhão. As oportunidades de negócio geradas pela empresa são na cadeia do mel, castanha de caju, cacau, milho, mandioca, licuri. Os produtos impulsionados pela startup estão disponíveis em varejistas como o St. Marché, Empório Fazano e Casa Santa Luzia.
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“O Brasil vende muito mal essa força feminina da agricultura familiar, então o nosso propósito é rodar todo o país, onde conseguimos conectar produtos com a força feminina. Nós estamos falando de territórios onde temos a maior concentração de pobreza. Não é à toa que começamos por esses territórios para impulsionar e mostrar a potência que o campo tem e o que mulheres geradoras de renda podem trazer para as prateleiras dos supermercados, para a geladeira dos brasileiros”, destaca Gabi Marques, co-fundadora do Polvo Lab.
A companhia realiza um “banho de loja” em produtos produzidos por essas cooperativas, atuando na elaboração de embalagens, estratégias de marketing e até na logística para que os produtos cheguem em varejistas de todo o país. Um dos exemplos bem sucedidos é o Mel Mesmo, produzido no Piauí. Há dois anos, os produtores vendiam o pote de mel de 250 gr a R$14,00. Depois de todo o suporte do Polvo, banho de loja, embalagem e certificações, o pote de 225 gr é vendido hoje a R$ 46,00. Um aumento mais de mais de 200% no valor do produto
Projeto valoriza o milho orgânico
Um dos projetos que a startup atua é a Cooperativa Agropecuária Mista Regional de Irecê (Coopirecê). Zene Vieira, de 44 anos, é engenheira agrônoma e atua como gestora da Cooperativa. Ela lidera um projeto que auxilia produtores de milho não transgênico a produzir mais e com melhor qualidade. “Começamos a parceria em dezembro e já estamos comercializando os produtos com maior margem de lucro para a cooperativa. Uma marca de alto valor agregado está sendo desenvolvida em conjunto com planejamento de monitoramento e gestão de impacto social para os produtores”, afirma Zene.
Ela lidera cerca de 200 produtores que atuam há mais de cinco anos para garantir a pureza do milho contra a contaminação pelo transgênico produzido em larga escala na região.
Projeto de ‘hambúrguer de caju’ na Bahia
Já Elienai Trindade, de 28 anos, é gestora da Cooperativa de Agricultores Familiares de Ribeira do Amparo, Ribeira do Pombal e Nova Soure (Cooperprac) ligada à Rede Cooperativa dos Cajucultores Familiares do Nordeste da Bahia (Cooperacaju) e contou com a ajuda da startup para agregar valor ao caju do semiárido.
“As castanhas de caju com sal e a pasta de castanha de caju, produzidas pelos nossos cooperados, ganharam nova embalagem e vêm sendo comercializadas como produtos de alta qualidade, com o diferencial da responsabilidade social e ambiental a qual consumidores conscientes têm preferência”, enfatiza Elienai.
Um dos destaques é um alimento à base de plantas, derivado da fibra do caju, que tem sido desenvolvido para agregar valor à produção da fruta e ampliar seu potencial de comercialização. O projeto Caju na Mesa, que conta com alimentos voltados para o público vegano, como o ‘hambúrguer de caju’, foi destaque na quarta edição do CNA Jovem, em 2020.
“O projeto nasceu com o objetivo de comprovar que o caju produzido pela agricultura familiar da Bahia, com o apoio do cooperativismo, é uma boa alternativa de proteína vegetal. Com a ajuda do Polvo Lab a intenção é que a proteína, conhecida como carne de caju, ganhe escala de produção e esteja na mesa dos consumidores de todo o país, gerando renda aos produtores e transformando para melhor nossa comunidade”, explica.