12/03/2024 - 11:10
Embora o bitcoin tenha chamado toda a atenção nas últimas semanas ao alcançar uma cotização recorde, outra criptomoeda de peso, o ethereum, também vive uma ascensão meteórica e dispõe de argumentos próprios para continuar subindo.
Lançado em 2015, o ethereum é a segunda moeda digital em valor total, com um volume equivalente a 460 bilhões de dólares (2,2 trilhões de reais).
Assim como as outras criptomoedas, como a solana e dogecoin, o ethereum se beneficiou da autorização nos Estados Unidos para lançar ETFs ligados a criptomoedas, em meados de janeiro, explica James Butterfill, da empresa de investimentos CoinShares.
Os ETFs são instrumentos de investimento em bolsa de valores ligados à evolução de outros títulos, neste caso o bitcoin. Eles permitem aos investidores que tentem se beneficiar das variações da criptomoeda sem ter que comprá-la diretamente, e podem vender suas participações na bolsa a qualquer momento.
O lançamento desses produtos captou quantias que permitiram ao bitcoin chegar a novos máximos. Na segunda-feira, o bitcoin bateu outro recorde e superou os 72.000 dólares (358.000 reais).
Ao mesmo tempo, o ethereum também evolui com força desde o início do ano, com um aumento que chegou a superar os 70%.
Esse resultado deve-se em boa medida “às previsões de que um ETF ethereum pode ser aprovado nos Estados Unidos”, segundo Dessislava Aubert, da empresa de análise Kaiko.
Vários gestores de carteira pediram autorização à SEC, a comissão de valores mobiliários dos EUA, para oferecer no mercado esse tipo de ativo em ethereum.
A SEC tem até 23 de maio para se pronunciar sobre os primeiros pedidos.
“O ethereum se valoriza, porque os investidores esperam luz verde” dos reguladores, resumiu Michael van de Poppe, da MN Trading, para quem muitos investidores “passam do bitcoin para o ethereum, onde veem uma (maior) oportunidade de rendimento”.
Maior que o bitcoin?
Para além do ‘efeito ETF’, a criptomoeda criada pelo programador russo Vitaly Buterin tem vários atributos, segundo especialistas.
Para Simon Peters, da plataforma de câmbio de criptomoedas eToro, o ethereum também é impulsionado pela perspectiva de uma atualização sobre a tecnologia que sustenta a criptomoeda, prevista para quarta-feira.
Trata-se de uma etapa maior em sua história, que deve melhorar a capacidade de tratamento de transações em ethereum e baixar seu custo, mas também facilitar o crescimento de um ecossistema com múltiplas aplicações.
“O bitcoin permite reservar valor, enquanto o ethereum tem mais potencial de uso”, explicou James Butterfill. Por exemplo, é a cripto escolhida para os NFT (token não fungíveis), esses certificados de autenticidade digital que se tornaram populares há três anos.
São duas criptomoedas que não estão em concorrência direta, segundo Michael van de Poppe: o bitcoin, em função de seus usos, é “moeda pura”, enquanto o ethereum “é um investimento em todo o ecossistema de ‘blockchain'”, a tecnologia que suporta as moedas digitais.
O ethereum, entre outras coisas, passou a se sustentar em um sistema que consome menos energia em setembro de 2022.
A ‘mineração’ ou produção de criptomoedas consome muita energia.
Além disso, o ethereum oferece o “lucro adicional” de juros ganhos por seus detentores.
O mecanismo de criação dessa criptomoeda envolve a vinculação dos ethers existentes. Aqueles que concordam em bloquear toda ou parte de suas participações recebem uma remuneração percentual por ano, uma renda que é adicionada a quaisquer ganhos de listagem.
Segundo Simon Peters, 21% dos ethers estão bloqueados atualmente contra 10% há um ano e meio. “Se a demanda aumenta” pela chegada de novos investidores, “vista à contração da oferta, seu preço deve aumentar” pelo simples efeito do mecanismo necessário para criar essa criptomoeda.
Assim, “o ethereum subirá mais que o bitcoin”, prevê Michael van de Poppe. Até mesmo, “sua capitalização total pode superar a do bitcoin”, arrisca.