A Páscoa está chegando e a cotação recorde no preço internacional do cacau vai deixar o preço do chocolate mais amargo este ano. Em 2023, o produto teve uma valorização de 63% na Bolsa de Nova York. No Brasil, na praça de Ilhéus (BA), os preços subiram 56%. 

No entanto, associações de classe e as gigantes do setor esperam um aumento nas vendas e nos lucros no período. De acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o consumo das famílias deve aumentar de 13% a 15% no período. A entidade também apontou que os ovos estão, em média, 15% mais caros do que em 2023. 

+Entenda o impacto dos preços recordes de cacau na indústria de chocolate

A Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab) projeta um crescimento de 17% na produção de ovos de Páscoa em relação ao ano anterior, totalizando 58 milhões de unidades nas prateleiras de estabelecimentos e lojas virtuais de todo o país.

O que dizem as grandes marcas

Páscoa
Mondeléz quer aumentar a produção em até 10% nessa páscoa Foto: Divulgação (Crédito:Divulgação/ Mondeléz)

Entre as maiores empresas do setor a Nestlé, anunciou que a produção de ovos na fábrica da companhia, em Vila Velha (ES), foi 10% maior do que no ano passado. Foram 13 milhões de ovos produzidos das duas marcas na fábrica. A empresa não divulgou a expectativa de aumento no faturamento. Neste ano, toda a produção para a data foi centrada na fábrica na cidade capixaba. 

A companhia também afirmou que todo o cacau utilizado na produção dos produtos de Páscoa 2024 foi adquirido de forma sustentável, por meio do programa Nestlé Cocoa Plan, uma iniciativa global de sustentabilidade da Nestlé para a cadeia do cacau, implementado em 2009 com foco em uma produção sustentável. 

Já a Mondeléz, dona da Lacta, afirmou que espera crescer entre 5% e 10% no volume de vendas durante o período. A companhia afirmou que o planejamento para a Páscoa tem duração média de 18 meses, com a produção iniciando sempre em outubro do ano anterior. Para produzir os ovos, a companhia contratou 500 colaboradores temporários, todos alocados em Curitiba, na fábrica da Lacta. 

Os números mais ambiciosos de crescimento são os da Cacau Show. A empresa espera um crescimento de 37% no faturamento em relação a Páscoa passada, e um aumento de  24% no número de unidades vendidas. A empresa quer saltar de 17 milhões para 21 milhões de ovos vendidos no período. 

Para isso, ela aposta em produtos licenciados de personagens infantis como os Ursinhos Carinhosos e Harry Potter. 

Já o estudo IBEVAR – FIA Business School acredita que as marcas premium, como Dengo, Isabela Akkari, Pati Piv e Chocolat Du Jour, devem crescer até 17%.

Quem optar pela barra ou pelo bombom deve enfrentar um aumento menor do que do ano passado. De acordo com pesquisa da XP, alta de preço esperada em março de 2024 é de 3,63% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Aumento é proporcionalmente menor do que o registrado na última Páscoa, de 10,7%.

Importação de cacau aumentou 300% em 2023

De acordo com pesquisa da Vixtra, fintech de financiamento de importação, com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) e pela Organização Internacional do Cacau (ICCO) a importação de cacau explodiu em 2023 na comparação com o ano anterior. 

Os valores saltaram de US$ 28 milhões para US$ 100 milhões em um ano. Em relação ao volume importado do produto, o total foi de 43,3 mil toneladas no ano passado, aumento significativo frente a 2022, que fechou com 11,4 mil toneladas. O preço do insumo importado, de acordo com os dados, já subiu 75% em 2024. 

“A alta nos preços do cacau importado nos últimos anos está relacionada a um fenômeno comum no mercado: a lei da oferta e procura. As últimas mudanças e eventos climáticos na África Ocidental, região dos principais países produtores, impactaram negativamente as safras globais, reduzindo a produção e elevando os preços. Paralelamente, questões relacionadas à sustentabilidade, como a pressão por práticas agrícolas mais responsáveis e certificações de comércio justo, podem ter contribuído para custos adicionais, influenciando os preços finais”, afirma o co-CEO da Vixtra, Leonardo Baltieri.