A taxa de desemprego no Brasil chegou a 7,9% no trimestre encerrado em março, no terceiro trimestre seguido de aumento da desocupação, de acordo com os dados da Pnad Contínua, do IBGE. Mas o resultado, além de ter ficado abaixo do previsto pelo mercado (de 8,1%, de acordo com pesquisa feita pelo Projeções Broadcast), representou também o menor patamar para o período de janeiro a março desde 2014.

Segundo a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, o aumento do número de desempregados no período – a chamada população desocupada somou 8,6 milhões, um crescimento de 6,7% (mais 542 mil pessoas) na comparação com o trimestre móvel de outubro a dezembro – pode ser considerado um movimento sazonal, ligado à dispensa de trabalhadores temporários tanto no serviço público quanto no privado.

Adriana reforçou que esse movimento acontece em todo primeiro trimestre, e que os dados apurados até agora pelo IBGE ainda não indicam mudança negativa na trajetória do mercado de trabalho no ano. O cenário é corroborado por analistas de mercado.

“Parte importante dessa perda de ocupação veio da administração pública, principalmente de (setores como) Saúde e Educação, especificamente no ensino fundamental, onde há contratos temporários, de trabalhadores do setor público sem carteira. Na virada do ano, eles são dispensados e, à medida que se retorna ao ano letivo, há tendência de recontratação desse contingente”, disse.

Ainda de acordo com o IBGE, o número de empregados com carteira de trabalho no setor privado (excluindo trabalhadores domésticos) chegou a 37,984 milhões – “mantendo-se estável no trimestre e crescendo 3,5% (mais 1,3 milhão) no ano”. Já o número de empregados sem carteira no setor privado (13,4 milhões) ficou estável, com uma alta de 4,5% (mais 581 mil pessoas) no ano.

Em relação à renda, o rendimento real habitual de todos os trabalhos (R$ 3.123) cresceu 1,5% no trimestre; no acumulado do ano, o avanço foi de 4%. Já a massa de rendimento real habitual (R$ 308,3 bilhões) atingiu novo recorde da série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012, “mas não teve variação estatisticamente significativa na comparação trimestral, subindo 6,6% (mais R$ 19,2 bilhões) na comparação anual”.

SETORES

Já pelos dados do Caged divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho, a abertura de empregos com carteira assinada em março voltou a ser puxada pelo setor de serviços. Foram 148.722 postos formais, seguido pelo comércio, que abriu 37.493 vagas. Já a indústria gerou 35.886 vagas em março, enquanto houve um saldo de 28.666 contratações na construção civil. Por sua vez, na agropecuária houve fechamento de 6.457 vagas no mês.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.