Em sua primeira entrevista desde que tomou posse no cargo, na sexta-feira passada, 24, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse nesta segunda-feira, 27, que a prioridade de sua gestão vai ser acelerar a atividades de exploração de petróleo para repor as reservas da estatal. Ela afirmou que as reservas de óleo da empresa, ainda muito baseadas no pré-sal, entram em declínio a partir de 2030.

“Enquanto empresa de petróleo, temos de pensar em repor reservas. Produzir petróleo em águas ultraprofundas é o que sabemos. O foco não poderia ser outro que não zelar pela produtividade. E, para isso, é essencial repor reservas”, disse a executiva.

Magda assumiu o cargo no lugar do ex-senador petista Jean Paul Prates, alvo de críticas do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que cobrava maior rapidez na condução do plano de negócios da empresa para o quinquênio 2024-2028.

“A sobrevivência da Petrobras tem um grande componente que é a produção desses reservatórios, tempestiva, com máximo aproveitamento, majoração do potencial dos recursos, mas reposição de reservas. Para nós, é essencial repor reservas, continuar explorando petróleo no litoral brasileiro. A Margem Equatorial está nesse contexto, o litoral do Amapá e o do Rio Grande do Sul estão nesse contexto”, disse.

Ela afirmou que o debate sobre a licença ambiental para a exploração de petróleo na bacia da Foz do Amazonas, na Margem Equatorial brasileira, precisa ser ampliado. Segundo ela, a discussão deve ser levada ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que, na avaliação da executiva, “tem se reunido pouco”.

“Tem de sentar todos os componentes do CNPE para discutir o assunto, mostrar que a reposição de reservas é essencial. O litoral do Amapá está nesse contexto”, disse Magda, referindo-se ao órgão que reúne vários ministérios, representantes da sociedade civil e da academia. O colegiado é presidido pelo ministro de Minas e Energia, que faz defesa reiterada da necessidade de explorar petróleo na região (mais informações na pág. B13). A exploração de petróleo na região é controversa e teve licença negada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Ambiente

Questionada sobre a resistência do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Ibama em liberar a exploração nessas áreas, Magda disse que a pasta de Marina Silva precisa ter mais informações sobre a “necessidade premente” de a Petrobras repor suas reservas de petróleo.

“O Ministério do Meio Ambiente precisa ser mais esclarecido sobre a necessidade de o Brasil explorar a Margem (Equatorial) e perfurar esses poços, até para liderar a transição (energética)”, disse. Sobre isso, a nova presidente da Petrobras ainda afirmou que o cuidado da empresa com sua operação vai muito além do que demanda a lei ambiental.

Ela também disse que a Petrobras vai seguir investindo na diversidade de fontes de energia capazes de garantir o futuro da companhia.

Política de preços

A nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou ontem, em sua primeira entrevista coletiva no cargo, que não deve modificar a atual política de preços de combustíveis da estatal, que observa a realidade do mercado, como as cotações internacionais, mas sem considerar custos ligados à importação – que não incidem sobre a operação da Petrobras.

“A Petrobras sempre funcionou acompanhando uma tendência de preços internacionais, ora mais alta, ora mais baixa. O que é altamente indesejável? Trazer para a sociedade brasileira instabilidade de preços todos os dias. A Petrobras sempre zelou pela estabilidade”, disse a nova presidente da estatal.

Dividendos

Ela disse ainda que não há como gerir a companhia “sem respeitar a lógica empresarial”, ao ser questionada sobre o pagamento de dividendos aos acionistas e o temor de investidores privados de verem o porcentual de proventos relativos ao fluxo de caixa livre cair.

“Vamos respeitar a lógica empresarial. Não há como gerir a Petrobras sem respeitar a lógica empresarial”, disse. Ela afirmou ser necessário atender, ao mesmo tempo, aos interesses tanto de acionistas públicos quanto privados. “Se tem lucro, tem dividendos. Nós queremos ter lucro e queremos ter dividendos”, disse ela, em um segundo momento, ao ser novamente questionada sobre esse assunto.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.