05/06/2024 - 18:20
O dólar à vista subiu pelo segundo dia e voltou a oscilar acima dos R$ 5,30 nesta quarta-feira, 5, encerrando a sessão pouco abaixo deste nível, com as cotações acompanhando o avanço da moeda norte-americana também no exterior após a divulgação de dados fortes do setor de serviços dos Estados Unidos.
Já o Ibovespa acumula seis pregões no negativo, após encerrar esta quarta com mais uma queda, de 0,32%, descolando de Wall Street e com as ações da Vale outra vez entre as maiores pressões de baixa, após nova queda do minério de ferro na China.
Dólar
O dólar à vista encerrou o dia cotado a R$ 5,2970 na venda, em alta de 0,22%. Este é o maior valor de fechamento desde 5 de janeiro de 2023, quando a moeda foi cotada a R$ 5,3527.
Às 17h42, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,20%, a R$ 5,3135 na venda.
No início do dia a moeda norte-americana chegou a oscilar em baixa, após ter atingido na véspera o maior valor de fechamento em mais de um ano. Os dados do mercado de trabalho nos EUA, divulgados às 9h15, reforçaram o viés negativo, ao virem abaixo do esperado.
O relatório da ADP mostrou que foram abertos 152.000 empregos no setor privado em maio, abaixo dos 188.000 de abril. Economistas consultados pela Reuters previam 175.000 no mês passado.
Os números pesaram sobre os yields dos Treasuries e sobre o dólar em um primeiro momento. No Brasil, o dólar à vista marcou a cotação mínima de 5,2601 reais (-0,47%) às 9h16, pouco depois do relatório da ADP.
No entanto, a moeda norte-americana recuperou o fôlego e chegou a tocar os R$ 5,30 ainda pela manhã, na esteira do fortalecimento do dólar também no exterior.
Dados do setor de serviços dos EUA contribuíram para isso: o Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) informou que seu índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) não manufatureiro subiu de 49,4 em abril para 53,8 no mês passado. A leitura de maio, a mais alta desde agosto, superou as estimativas de todos os 59 economistas em uma pesquisa da Reuters, cuja mediana era de 50,8, um pouco acima do nível 50 que separa crescimento de contração.
Com foco no exterior, a moeda norte-americana à vista marcou a cotação máxima de R$ 5,3047 (+0,37%) às 11h15.
Neste ponto, as cotações encontraram alguma resistência e retornaram para níveis mais baixos, ainda que tenham se mantido próximas dos R$ 5,30 no segmento à vista.
No mercado futuro, o dólar para julho — o mais líquido — já oscilava na faixa dos R$ 5,31 no fim da tarde, com as cotações pressionadas por uma percepção mais pessimista em relação ao Brasil desde terça-feira, o que também vem dando força às taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros).
Às 17h41, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,15%, a 104,310.
Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de agosto.
À tarde o Banco Central informou que o Brasil registrou fluxo cambial total negativo de US$ 428 milhões em maio, com saídas líquidas de US$ 6,526 bilhões pelo canal financeiro e entradas de US$ 6,098 bilhões pela via comercial.
Ibovespa
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,32%, a 121.407,33 pontos, chegando a flertar com o território positivo, quando marcou 122.170,07 pontos na máxima. No pior momento, chegou a 121.253,01 pontos.
O volume financeiro somou R$ 19,6 bilhões.
De acordo com o chefe da EQI Research, Luís Moran, commodities como o petróleo e o minério de ferro têm sofrido bastante, o que afeta o Ibovespa. Apenas as ações de Vale e Petrobras respondem por mais de um quarto do índice.
“É fundamentalmente commodities”, afirmou.
Nesta sessão, o petróleo até experimentou uma recuperação, com o barril do Brent fechando em alta de mais de 1%, a US$ 78,41. Mas o avanço ocorreu após cinco quedas seguidas, em que o Brent acumulou uma perda de quase 8%.
Wall Street, por sua vez, fechou no azul, com o S&P 500 e o Nasdaq renovando recordes, enquanto dados mostraram novos sinais de desaquecimento da economia norte-americana, corroborando a queda nos rendimentos dos Treasuries.
Moran citou que os dados de atividade nos Estados Unidos estão se alinhando em uma direção clara de que a maior economia do mundo está desaquecendo, mas ainda há dúvidas sobre um corte de juros pelo Federal Reserve.
Para ele, uma resposta mais positiva da bolsa paulista ao cenário norte-americano depende ainda de uma sinalização mais clara sobre uma primeira redução da taxa básica de juros nos EUA. “Esse seria o gatilho para virarmos a mão nesse jogo.”
Investidores também continuaram analisando medida provisória editada na véspera com mudanças no sistema de créditos de PIS/Cofins para compensar a desoneração da folha salarial de 17 setores da economia e municípios de pequeno porte.
Para analistas do Bradesco BBI, empresas de alimentos, distribuição de combustíveis, agricultura e farmacêuticas devem ser as mais afetadas pela medida, que limita o uso de créditos para compensação.
DESTAQUES
– VALE ON recuou 1,42%, com os futuros do minério de ferro na China completando cinco sessões de baixa. A mineradora anunciou acordo de 1,8 bilhão de reais para melhorar a eficiência da frota de locomotivas na ferrovia que liga suas operações em Carajás (PA) a portos exportadores.
– PETROBRAS PN fechou com acréscimo de 0,13%, com o petróleo mostrando sinal positivo no exterior. O barril de Brent subiu mais de 1%. Analistas do UBS BB também reiteraram recomendação de “compra” para as ações da estatal e elevaram o preço-alvo dos papéis de 43 para 49 reais.
– ITAÚ UNIBANCO PN encerrou em baixa de 0,19% e BRADESCO PN cedeu 0,54%.
– SABESP ON valorizou-se 4,47%, conforme se aproxima o prazo estimado para a oferta pública de ações — meados do ano — que resultará na privatização da companhia de saneamento básico do Estado de São Paulo. Detalhes foram divulgados no começo da semana sobre a operação.
– MAGAZINE LUIZA ON terminou em alta de 4,64%, após tombo na véspera, quando reagiu a mudanças no sistema de créditos de PIS/Cofins e decisão do relator no Senado do projeto que institui o Programa Mover de retirar do texto o dispositivo que resgatava a cobrança de imposto sobre compras internacionais de até 50 dólares.
– EMBRAER ON caiu 2,87%, após duas sessões seguidas de alta, período em que acumulou um ganho de 4%. Analistas do Santander reiteraram recomendação “outperform” para as ações, mas reduziram previsão para o Ebitda em 2024 e 2025, bem como o preço-alvo dos ADRs de 38 para 37 dólares.
– LWSA ON perdeu 3,34%, no segundo pregão de ajuste de baixa, após forte valorização nos três pregões anteriores, quando acumulou um ganho de quase 9%, em parte impulsionado pelo anúncio de um programa de recompra de ações.