A recente novela dos dividendos da Petrobras, que fez a estatal perder mais de R$ 50 bilhões na Bolsa num único dia e resultou na troca de presidente, com a saída de Jean Paul Prates e a nomeação de Magda Chambriard, teve um final feliz para os acionistas com a decisão da empresa de retomar o pagamento de 50% dos dividendos que os investidores chegaram a dar por perdido. Com isso, a empresa ajudou também a turbinar o mercado brasileiro de distribuição de proventos. Puxado pelo pagamento de R$ 36,7 bilhões da estatal neste ano, o volume pago pelas companhias aos acionistas alcançou R$ 128,83 bilhões, alta de 31% na comparação anual, segundo a levantamento da fintech Meu Dividendo, que compila os números e informações das empresas de capital aberto desde 2020.

Só na semana passada, a Petrobras pagou R$ 18,7 bilhões em dividendos extraordinários, como parte do lucro que tinha ficado no cofre. Desde o ano passado, conflitos entre ministros do presidente Lula e a cúpula da Petrobras estancou o pagamento de cerca de R$ 44 bilhões em dividendos extraordinários.

Após pressão do mercado, em abril o governo recuou e aceitou pagar metade desse montante. A outra fatia deve seguir no cofre para futuros investimentos, mas ainda sem data ou destino definido. Dos R$ 22 bilhões, metade foi paga em 20 de maio. A outra parte será distribuída em junho.

Até abril, o maior pagador era o Itaú, que neste ano já desembolsou R$ 22,03 bilhões em proventos. Na lista dos maiores pagadores deste ano ainda estão:
Vale (R$ 12,43 bilhões),
Itaúsa (R$ 6,71 bilhões),
Santander (R$ 4,53 bilhões),
Banco do Brasil (R$ 3,61 bilhões),
Telefônica (R$ 3,11 bilhões),
BB Seguridade (R$ 2,52 bilhões),
Bradesco (R$ 2,05 bilhões) ,
e WEG (R$ 1,8 bilhão).

A relação entre o que é pago como dividendo ou Juros sobre Capital Próprio (JCP) se manteve praticamente estável na comparação com o ano passado.

Companhia puxou a distribuição de proventos neste ano, ajudando a turbinar o mercado de dividendos (Crédito:Divulgação )

Segundo o fundador da plataforma Meu Dividendo, Wendell Finotti, 36% dos proventos distribuídos até maio vieram na forma de JCP. Em 2023, no mesmo período de comparação, eram 39%. Ao longo de todo o ano, alcançaram 44%. A expectativa é que essa relação volte a crescer. “Com as alterações nas regras promovidas pelo Congresso Nacional em dezembro de 2023, nas quais não é permitido mais às empresas que realizem o planejamento tributário e distribuam em anos fiscais posteriores JCP referente a exercícios anteriores, podemos aguardar um aumento no anúncio de pagamento de proventos neste formato ao longo do ano de 2024”, afirmou Finotti.

GOVERNO

O próprio governo será beneficiado pela escalada dos dividendos neste ano. O Ministério da Fazenda reconhece que precisará da distribuição de 100% dos dividendos extraordinários da Petrobras ao longo de 2024, em torno de R$ 14 bilhões, para ajudar a fechar as contas. De acordo com o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, do valor total de R$ 21,9 bilhões a ser distribuído pela empresa, R$ 6,3 bilhões serão depositados ao governo federal.

Neste mês de junho, a agenda de dividendos terá gigantes da Bolsa. Antes de fechar o primeiro semestre de 2024, o Banco do Brasil (BBAS3) paga mais de R$ 3,7 bilhões em proventos, enquanto a Petrobras (PETR4) distribui a segunda parcela do dividendo “extraordinário” aprovado em assembleia de acionistas. Assim, a agenda de dividendos do mês promete ser uma das maiores do ano. Além de BB e Petrobras, outras ações conhecidas por pagarem dividendos altos estão contempladas no calendário, como Alupar, Copel e Taesa.