O dólar à vista voltou a fechar acima dos R$ 5,40 nesta segunda-feira, 17, impulsionado novamente pelas preocupações dos investidores com o equilíbrio fiscal no Brasil e pela cautela antes da decisão do Copom sobre juros, na quarta-feira, 19, ainda que no exterior a moeda norte-americana tenha caído em relação às divisas fortes.

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O dólar à vista encerrou o dia cotado a R$ 5,4221 na venda, em alta de 0,76%. Esta é a maior cotação de fechamento desde 4 de janeiro de 2023 — início do governo Lula — quando encerrou a R$ 5,4513. Em junho, a divisa acumula elevação de 3,26%.

Às 17h06, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,86%, a 5,4290 reais na venda.

Na semana passada o dólar subiu 1,06%, fechando a sexta-feira a R$ 5,3812.

Ibovespa

O Ibovespa encerrou em queda nesta segunda-feira, na contramão do desempenho dos índices acionários nos Estados Unidos, em meio à deterioração do cenário fiscal doméstico, embora o avanço das ações do Itaú tenha atenuado as perdas da sessão.

O índice de referência do mercado acionário brasileiro caiu 0,44%, a 119.137,86 pontos, de acordo com dados preliminares. Na máxima do dia, chegou a 119.663,06 pontos. Na mínima, a 118.685,10 pontos, menor patamar intradiário desde novembro de 2023. O volume financeiro somava R$ 17,5 bilhões.

Apesar de um pouco distante do pior momento da sessão, quando renovou mínima intradiária desde novembro de 2023, o Ibovespa deu continuidade à tendência de queda das últimas semanas, marcadas por ruídos fiscais no Brasil.

Nos Estados Unidos, os principais índices encerraram em alta, com investidores aguardando novos dados econômicos e comentários de dirigentes do banco central norte-americano, em busca de sinais sobre a trajetória de juros na maior economia do mundo. O S&P 500 subiu 0,77%.

“Se os mercados lá fora (EUA) estivessem fechados e se não tivesse o Itaú, seria um dia mais negativo”, afirmou o sócio e head de análise da Levante Investimentos, Enrico Cozzolino.

“Estamos na contramão. A gente está falando de um Ibovespa caindo cerca de 10% no ano e lá fora em máxima histórica.”

No cenário doméstico, os agentes financeiros aguardam a decisão de juros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central esta semana, com o mercado apostando em uma manutenção da Selic em 10,50% ao ano.

Na visão do economista-chefe do BB Marcelo Rebelo, não há mais espaço para o Copom continuar o processo de corte de juros conforme projetado anteriormente.

“A reunião de junho será uma grande oportunidade, mas o risco para um deterioração adicional é alto”, afirmou Rebelo em relatório de análise econômica.

Diante da percepção de pausa do afrouxamento monetário, os olhares se voltarão para o placar de votação dentro do BC.

Também permanece no radar o debate no Congresso sobre as medidas para compensar a desoneração da folha de pagamentos, após devolução parcial da MP do PIS/Cofins, e no aguardo de novas declarações de autoridades sobre corte de gastos.

Destaques

– ITAÚ UNIBANCO PN fechou com alta de 2,44%, após analistas do Morgan Stanley elevarem recomendação do banco para “overweight” em meio à expectativa de manutenção da Selic em patamar elevado por mais tempo. A holding ITAÚSA ON subiu 0,42%. No setor, BRADESCO PN encerrou com acréscimo de 1,09% e SANTANDER BRASIL UNIT subiu 1,44%.

– PETROBRAS PN e PETROBRAS ON subiram 0,37% e 0,05%, respectivamente, em dia de alta dos preços do petróleo no mercado internacional. O barril de Brent, referência para a companhia, terminou em alta de 1,97%. Mais cedo, a presidente-executiva da estatal, Magda Chambriard, discursou durante cerimônia no Palácio do Planalto ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros, afirmando que a empresa está alinhada às preocupações do governo federal em relação à preservação da Amazônia.

– VALE ON, de grande peso no índice, cedeu 0,4%, em meio à queda dos futuros do minério de ferro na China. A mineradora disse nesta segunda-feira que houve um incêndio na véspera em uma das correias transportadoras da instalação de processamento Salobo 3, no Pará. Segundo a companhia, o incêndio foi contido sem vítimas e sem impacto material. As causas do incidente estão sendo apuradas.

– CASAS BAHIA ON afundou 7,07% e MAGAZINE LUIZA ON perdeu 3,93%, com analistas do Santander considerando as empresas duas das três varejistas que mais sofreriam impacto negativo de uma manutenção da taxa básica Selic em 10,5% ao ano em 2024 e 2025, junto à rede de farmácias Pague Menos, que não percente ao Ibovespa.

– EMBRAER ON subiu 0,94%, acumulando alta de quase 70% este ano. Analistas ainda veem espaço para ganhos do papel.

– ZAMP ON, que não está no Ibovespa, recuou 5,92%, após a operadora de redes de fast food como Burger King e Popeyes no Brasil anunciar na sexta-feira a saída de seu presidente, Ariel Grunkraut, um dos sete sócios-fundadores que criaram a Zamp em 2011. O executivo permanece no cargo apenas até 28 de junho.

– DASA ON, também fora do índice, despencou 12,56%, no terceiro pregão consecutivo de queda, ainda com as atenções voltadas para a combinação de negócios com a Amil, criando a joint venture Ímpar.

EUA e China

Pesam ainda contra o real a queda de 1,63% do minério de ferro e de dados de produção industrial e vendas no varejo na China aquém das previsões dos analistas. Além disso, o BC chinês (PBoC) manteve a taxa de juro de sua linha de empréstimo de médio prazo em 2,5%, sinalizando que os juros de referência da China não devem sofrer alterações nesta quarta-feira.

Apenas na abertura, o dólar à vista exibiu viés de baixa, com realização após subir 1,08% na semana passada e diante da acomodação externa do índice DXY do dólar ante outras moedas principais e ligeira alta do petróleo.

Lá fora, os investidores aguardam comentários de dirigentes do Fed, além das decisões de juros na semana do Banco da Inglaterra e do BC chinês. Hoje, há eventos programados com o presidente do Fed de Nova York, John Williams (13h); o presidente do Fed de Filadélfia, Patrick Harker (14h), e a diretora Lisa Cook (22h). O presidente do Federal Reserve de Minneapolis, Neel Kashkari, disse no domingo (16) que a previsão do mercado financeiro de que a autoridade de política monetária reduzirá os juros uma vez em 2024 é “razoável”, e deve ocorrer “provavelmente mais para o fim do ano”.

Selic

No boletim Focus, as projeções para o IPCA para 2024 subiram de 3,90% para 3,96%; e para 2025, de 3,78% para 3,80%, enquanto para 2026 e 2027 permaneceram em, respectivamente, 3,60% e 3,50%. A estimativa para a Selic no fim de 2024 passou de 10,25% para 10,50% ao ano; e para fim de 2025, de 9,25% para 9,50% ao ano, sendo mantidas em 9,00% para fim de 2026 e 2027.

A previsão de alta do PIB de 2024 desacelerou de 2,09% para 2,08%, e para alta do PIB em 2025 segue em 2,00%. Já a taxa de câmbio para 2024 passa de R$ 5,05 para R$ 5,13; e para 2025, de R$ 5,09 para R$ 5,10.

Mais cedo, a Fundação Getúlio Vargas informou que o Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) subiu 0,83% em junho, após a alta de 1,08% em maio. O resultado superou a mediana das estimativas dos analistas do mercado financeiro, calculada em 0,77%, e ficou dentro do intervalo, entre 0,60% e 0,88%, da pesquisa Projeções Broadcast. Com o resultado, o IGP-10 acumula um aumento de 1,18% neste ano. A taxa acumulada em 12 meses ficou positiva em 1,79%.