20/06/2024 - 18:13
As famílias das vítimas de dois acidentes aéreos envolvendo aviões Boeing 737 Max pediram ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos na última quarta-feira, 19, a aplicação de uma multa de US$ 24,8 bilhões (cerca de R$ 135,3 bilhões) à Boeing, pelo “crime corporativo mais mortal na história dos Estados Unidos”, como definiu Paul Cassell, advogado das famílias, em carta enviada ao Departamento.
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As famílias também demandaram que os responsáveis sejam processados. O valor é “justificado e claramente apropriado”, dados os “enormes custos humanos dos crimes da Boeing”, destacou o advogado. As informações são da BBC.
Dois acidentes separados envolvendo aeronaves 737 Max mataram 346 pessoas: em outubro de 2018, todos os 189 passageiros de um voo da Lion Air morreram depois que a aeronave caiu no mar, 13 minutos após decolar de Jacarta, na Indonésia; em março de 2019, os 157 passageiros a bordo de um voo da Ethiopian Airlines morreram quando o avião caiu, seis minutos após a descolagem de Adis Abeba, capital da Etiópia. Ambos os acidentes estavam ligados a sistemas de controle de voo defeituosos.
A BBC teve acesso à carta de 32 páginas, em que Cassell, o advogado das famílias das vítimas, diz que o governo dos Estados Unidos deveria processar os líderes da empresa. A carta cita o pedido de desculpas do presidente-executivo da Boeing, Dave Calhoun, na terça-feira, 18, enquanto ele prestava depoimento ao Congresso. “Peço desculpas pela dor que causamos”, disse Calhoun ao ser questionado por familiares das vítimas dos acidentes. Na ocasião, ele também reconheceu que a empresa cometeu erros e disse que “aprendeu” com o passado. Calhoun reconheceu que a Boeing retaliou denunciantes dentro da empresa, mas também disse que ele “ouviu” esses funcionários.
A BBC ressalta que o Departamento de Justiça está considerando a possibilidade de reaver uma acusação criminal de fraude contra a Boeing apresentada em 2021, que estava relacionada aos dois acidentes. A acusação estava parada desde que a empresa reconheceu em um acordo que havia enganado os reguladores de segurança aérea sobre aspectos do 737 Max, além de prometer criar um novo sistema de conformidade para detectar e prevenir novas fraudes.
No mês passado, no entanto, os promotores determinaram que o acordo foi violado após um plugue de porta de um avião 737 Max se soltar durante um voo da Alaska Airlines no dia 5 de janeiro. O Departamento de Justiça tem até 7 de julho para decidir se reativa o caso.
Em sua carta, Cassell disse que seus clientes recomendaram que o departamento ordene que uma parte de qualquer multa futura seja usada para criar um monitor independente das medidas de segurança e conformidade da empresa, afirma a BBC.