21/06/2024 - 16:50
Na última semana, a Dasa e a Amil anunciaram a criação de uma nova empresa conjunta, a Ímpar, para integrar suas operações de hospitais e oncologia. Ao contrário de uma fusão, as duas companhias continuarão a operar separadamente, mas unirão seus ativos hospitalares sob a nova empresa, formando um dos maiores conglomerados hospitalares do País.
A nova entidade contará com:
• 25 hospitais,
• 4,4 mil leitos, concentrados principalmente no Sudeste e no Distrito Federal,
• uma receita líquida de R$ 9,9 bilhões,
• e um Ebitda de R$ 777 milhões em 2023.
A Ímpar vai incorporar 11 hospitais da Rede Américas, controlada pela Amil, incluindo o renomado Hospital Samaritano, e 14 hospitais da Dasa, entre eles o Nove de Julho. No entanto, alguns hospitais permanecerão fora da operação: a Amil manterá o Promater, Monte Klinikum e Maternidade Santa Lúcia, enquanto a Dasa segregará o São Domingos, Bahia e AMO.
A Ímpar deve se beneficiar de uma maior força operacional e do potencial de crescimento de receita.
• Lício Cintra, atual presidente da Dasa, será o presidente da Ímpar.
• Dulce Pugliese de Godoy Bueno, cofundadora da Amil, assumirá a presidência do conselho de administração.
• Pedro Godoy Bueno, filho do fundador da Amil, Edson Bueno, atualmente vice-presidente do conselho de administração da Dasa, poderá retornar ao posto de CEO, ou de presidente do conselho da companhia.
3,6x
será a relação dívida/ebitda da Dasa após a criação da ímpar, caindo de 4,2 vezes
9,9 bi de reais
é o faturamento da nova empresa de hospitais e clínicas de oncologia
Na data do anúncio da transação, a Ímpar teria uma dívida líquida de R$ 3,5 bilhões, que inclui débitos financeiros, saldo de operações com derivativos, contas a pagar de aquisições e impostos parcelados. A estrutura de capital após a união permitirá que a Dasa reduza sua alavancagem de 4,2 para 3,6 vezes a relação Dívida Líquida/Ebitda. Esse movimento é visto como positivo por analistas, uma vez que reduz a pressão sobre a empresa, permitindo foco maior no desempenho operacional.
João Nevez e Pedro Pimenta, analistas da EQI Research, apontaram que a transação é benéfica para os detentores da dívida da Dasa, pois reduz consideravelmente a alavancagem da companhia. Eles destacaram que, sem a pressão da dívida, a empresa pode melhorar suas operações de forma mais rápida, com maior poder de barganha junto a credores, fornecedores e clientes.
Giselle Tapai, sócia do Tapai Advogados e especialista em Direito da Saúde, comentou que a fusão pode trazer benefícios e desafios para os consumidores. “A ampliação da gama de hospitais e leitos é uma boa notícia para o consumidor, mas há sempre o risco de descredenciamentos e mudanças nos produtos oferecidos, o que pode limitar a liberdade de escolha do paciente” afirmou.
Mateus Leite, sócio da área societária do escritório Candido Martins Advogados, destacou a tendência de verticalização no setor de saúde. “Essa operação reforça a aposta do mercado na verticalização entre operadoras e prestadores de serviços médicos. A dúvida é como reagirão os players independentes, que passarão a concorrer com mais uma rede verticalizada em um momento de pressão no setor da saúde”, ponderou Leite.
Hayson Silva, analista da Nova Futura Investimentos, vê a criação da Ímpar como um marco. Ele destacou a infraestrutura da nova empresa e a governança focada em experiência e inovação. Silva apontou que a joint venture tem potencial de rentabilidade alto e realizar uma integração eficaz.
PERSPECTIVAS E DESAFIOS
A joint venture ainda aguarda aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e está sujeita a condições usuais para os negócios dessa natureza, incluindo a conclusão do processo de diligências.
Fernanda Ferrari, sócia do PLKC Advogados, destacou a estrutura equilibrada da nova empresa, com uma governança que permite igualdade de direitos entre os dois comandos. Ela enfatizou que a JV visa combinar recursos e capacidades para melhorar a qualidade dos serviços e expandir a infraestrutura hospitalar.
Rafael Rebola, sócio do RVF Advogados, apontou que a associação pode provocar mudanças no panorama hospitalar e no atendimento médico no Brasil, mencionando a possibilidade de sinergia entre as empresas, o impacto no mercado de saúde e o potencial para futuras expansões. “A Ímpar pode ser apenas o começo de uma expansão maior”, completou.