21/06/2024 - 19:49
O lunistício, fenômeno astronômico que faz parecer que a Lua fica parada no céu, começa a partir da noite desta sexta-feira, 21. O evento não é raro, mas também não acontece com frequência. A última vez que as pessoas puderam observar uma “paralisação lunar”, como o acontecimento passou a ser apelidado, foi há 18 anos, em 2006.
Contudo, só pode apreciar este acontecimento quem se encontra no hemisfério norte da Terra. Ou seja, pessoas que estão no Brasil não poderão acompanhar o lunistício, que tem previsão para se estender até 2025.
O fenômeno acontece porque a Lua vai ficar a 28,5º graus ao sul da Linha do Equador. Na prática, o satélite natural vai alcançar os pontos mais extremos em relação à Terra, o que o leva a fazer uma trajetória maior no deslocamento ao redor do nosso planeta. Por esse motivo, ela fica mais visível aos olhos das pessoas e provoca a sensação de que ficou “congelada” no horizonte.
“Este fenômeno se refere aos limites de maior declinação (medida angular em relação ao equador celeste) que a Lua pode atingir “, explica Rodolfo Langhi, professor e coordenador do Observatório de Astronomia da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Pelo fato da Lua estar mais inclinada ao sul do Equador, a visualização dela será diferente para quem estiver em hemisférios opostos.
Os que observarem a partir de países do sul, a Lua nasce mais cedo e se põe mais tarde, apresentando uma trajetória na qual ficará acima do horizonte por mais tempo e atingirá pontos bem altos no céu.
Já para as pessoas que estiveram na parte norte da Terra, elas verão o satélite natural do nosso planeta ter uma apresentação oposta: atingirá no céu as menores alturas do ano – o que provoca a sensação de estar parada.
“Isso significa que aqui no hemisfério sul, a Lua fica mais tempo acima do horizonte, na qual nasce mais cedo e se põe mais tarde do que no hemisfério norte, onde a Lua nasce mais tarde e se põe mais cedo”, explica Rodolfo Langhi.
O evento acontece no mesmo momento em que ocorrem os solstícios de Inverno (no hemisfério sul) e de verão (hemisfério norte).
“Acontece que durante os solstícios (entrada do inverno e do verão), no instante do nascer e pôr-do-sol, a linha da eclíptica, no horizonte, aparece o mais afastada possível do ponto cardeal leste e oeste, cerca de 23 graus. Então, quando tivermos uma Lua Cheia por volta desta época, ela nascerá o mais afastada possível destes pontos cardeais”, diz o professor.
A linha eclíptica citado por Langhi é uma linha imaginária “percorrida pelo sol” sob o ponto de vista de quem está na Terra (ou seja, nascendo no leste e se ponto no oeste).
A Lua, de acordo com o coordenador do Observatório de Astronomia da Unesp, sempre está bem próxima dessa linha, se afastando apenas 5 graus, por duas vezes durante o mês, uma ao norte e outro ao sul da linha eclíptica.
“Os dois cruzamentos entre o plano da órbita lunar e o plano da órbita terrestre, a eclíptica, se chamam nodos, ou nós. Mas, estes nodos não ficam parados, eles rotacionam lentamente ao longo dos anos”, diz o professor.
“Como o nodo já está quase atingindo este cruzamento, a Lua Cheia de inverno está bem mais afastada ao sul da eclíptica e, consequentemente, do equador celeste, uns 28,5 graus. Isto se repete a cada 18,6 anos”.