O pistache está na moda. Lançamentos com o sabor deste fruto seco verde surgem praticamente toda semana no cardápio de grandes marcas e de confeiteiros artesanais. O fenômeno já impacta até nos dados sobre importação.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), foram importados 601.062 quilos de pistache em 2023. O valor é quase o dobro da média dos cinco anos anteriores, de em torno de 340.333 quilos por ano.

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Em 2024, o volume de pistache consumido  o Brasil pode ser ainda maior, já que foram registrados 398.375 quilos importados até julho. “A importação é só um reflexo do comportamento do consumidor”, afirma Luciana Florência, professora de comportamento do consumidor da ESPM e especialista em agronegócios.

Pelas redes sociais, proliferam vídeos com receitas de pasta caseira, feita diretamente com o pistache.

No Brasil, a produção de pistache é quase nula, mas é possível adquiri-lo importado de diversas partes do mundo. Em 2024, Estados Unidos, Irã e Argentina exportaram o fruto seco para o país.

Para a especialista, o fenômeno deve crescer e se intensificar mais, com novos lançamentos e também aumento da procura. “A importação está consolidada, os caminhos já estão mais definidos, e as pessoas estão buscando.”

Grandes marcas entram na onda

O sucesso do pistache no país está associado a dois fenômenos: sequência de lançamentos feitos por grandes marcas e a difusão de receitas com este sabor nas redes sociais.

A lista de lançamentos recentes inclui o das bebidas de Pistache da Starbucks em janeiro de 2023, o festival de Pistache da sorveteria Bacio de Latte em agosto, e panetones de diferentes marcas no último Natal.

Bebidas de pistache lançadas pela cafeteria Starbucks (Crédito:Divulgação/Starbucks)

Em 2024, a Páscoa foi tomada por sabores de pistache tanto em ovos artesanais como em chocolaterias industriais. A cafeteria Ofner, a boleria Sodiê e o fast-food italiano Ragazzo são outras empresas que adicionaram o sabor ao cardápio.

Mais recentemente, o Burguer King lançou uma calda de sorvetes sabor pistache, com tempo limitado planejado para três meses. Os resultados foram tão positivos que o período de disponibilidade pode aumentar.

Segundo a diretora de marketing da rede, Mayra Dietzold, o produto provocou um crescimento de 35% na venda de sobremesas. Era esperado uma venda de dez unidades por dia em cada loja, porém a média comercializada chega a 30 unidades/loja/dia.

Pasta base de pistache, uma nova Nutella?

A maioria dos produtos de pistache vendidos utilizam pastas do fruto seco em sua produção. Fabricante italiana de uma dessas bases, a Fabbri viu as vendas do produto saltarem 200% nos primeiros meses de 2024 na comparação com 2023. Em relação a 2022, o crescimento foi de mais de 900%.

A empresa aproveitou a ocasião e lançou no mercado brasileiro outros 10 produtos de pistache nos últimos dois anos, todos fabricados na Itália, com pistaches de várias partes do mundo. Se as versões originais eram 100% pistache e pistache com corante clorofila, agora há composições com diversas densidades do grão.

Brasil vai incorporar como a alface americana?

Ulysses Reis, professor de MBAs da FGV, afirma que tendências de consumo como a do pistache costumam surgir aleatoriamente, passar por um auge e logo desaparecer. Mas há exceções. “Pode ser que haja uma construção do hábito e as pessoas continuem a consumir.”

Florência, da ESPM, acredita que o pistache pode ser uma febre que veio para ficar. “A gente vai acabar incorporando, como muitas coisas que são exógenas na nossa cultura mas passaram a ser comuns, como a alface americana.”

Independentemente do futuro desta tendência, Florência destaca que o momento para os produtores entrarem na “moda” é agora. “É uma oportunidade para o empresário porque essas ondas vem, se consolidam, e ele pode se apropriar delas”, acrescenta.