Quem observou os números dos rendimentos das aplicações em janeiro e percebeu que o ouro levou o primeiro lugar, ficou pelo menos curioso para saber se vale ou não investir no metal.

No último mês, o rendimento do ouro foi de 4,8%, seguido pelo dólar com valorização de 1,54%. Os que gostam de planilhas de Excel e acompanharam os números do ano passado também se surpreenderam: o ouro teve um ganho nominal de 33,6%. Perdeu para o dólar em 2015, que ficou em primeiríssimo lugar com alta de 48,4%.

“Investir em ouro pode ser uma boa opção para diversificar as aplicações, para os que têm um perfil de aversão ao risco e querem uma aplicação mais segura no longo prazo”,  afirma Marcos Azer Maluf, superintendente de varejo da Bradesco Corretora.

Há uma mística sobre guardar barras de ouro no cofre, comprar joias feitas com o metal como forma de investimento. Elas são possíveis, mas há formas mais inteligentes, práticas e seguras  de aplicação em ouro do que essas, afirma o executivo da Bradesco. A mais comum hoje é a compra de contratos de ouro da BM&FBovespa por meio de uma corretora de valores.

Tipos de contrato

Existem três tipos de contratos de ouro negociados na bolsa:

Contrato Padrão: é o que negocia supostamente uma barra de ouro de 250g. Supostamente porque em todos os contratos a negociação é, como dizem os economistas, escritural. Isto é, não tem relação direta com a compra e venda física do ouro, mas sim por meio de contratos. Considerando-se o grama do ouro a R$ 144,00 – média dos últimos dias -, o Contrato Padrão equivale a um investimento de R$ 35.500,00.

Fracionário 1: representa a negociação de 10 gramas de ouro, uma opção mais acessível aos investidores. Admitindo-se o preço de R$ 144,00 o grama, o investimento por contrato seria hoje de R$ 1.440,00.

Fracionário 2: são negociados 0,225 grama de ouro na BM&FBovespa. Esse contrato, contudo, é muito pouco negociado, sem grande liquidez.

Como investir?

O primeiro passo é  se cadastrar a uma corretora de valores, que fará a compra e venda dos contratos para você. A compra pode ser feita por pessoa física ou jurídica. Os bancos de varejo têm áreas relacionadas às corretoras em seus home brokers, que são a forma de investimento por meio da Internet ou aplicativos nos formatos Android ou para Apple. Além é claro de um cadastro em uma corretora credenciada pela bolsa.

Mas há alguns detalhes importantes que o investidor precisa saber quando investe em ouro, afirma Azer Maluf. Um deles é o que você precisará pagar de taxa de custódia – o que a bolsa cobra para você investir – e o imposto de renda.

A taxa de custódia é salgada e tem uma regra bastante complicada para os leigos, afirma o executivo do Bradesco. Para quem gosta de matemática, a fórmula é a seguinte para o cálculo: toma-se o preço máximo do grama do ouro negociado no dia e soma-se 0,07% a este valor. Depois multiplica-se o valor investido (em gramas de ouro) e divide-se por 30. Para que investir, por exemplo, R$ 1.440,00 em um contrato fracionário de ouro, por esta fórmula pagará R$ 25,50 por mês (R$ 0,84 ao dia). E pagará sempre no quarto dia útil ao banco ou corretora, explica Azer Maluf.

É raríssimo, mas o investidor pode ter a possibilidade de receber fisicamente o ouro se quiser. Mas não há grandes vantagens nisto porque na hora de vender é preciso certificar o grau de pureza do ouro, se ele está devidamente certificado pela bolsa.

Já o imposto de renda é similar a uma operação de ações na bolsa, isto é, paga-se 15% ao Leão sobre o ganho de capital obtido entre a compra e venda do ouro.  Com um detalhe: Imposto de renda – 15% sobre o ganho acima de R$ 20 mil por mês. Abaixo de R$ 20 mil, não é necessário pagar.

Pensar em longo prazo

O executivo do Bradesco diz que é preciso enxergar um horizonte de longo prazo para se investir em ouro. “Certamente mais de um ano, penso que três anos é um período adequado”, afirma. O que não impede que você compre ouro e resolva vendê-lo no dia seguinte caso se arrependa ou perceba que o ganho foi suficiente às expectativas.

E o mais revelante, segundo Azer Maluf, é fazer uma diversificação dos investimentos.  Nesse sentido, explica, investir em ouro pode compor uma estratégia inteligente para investidores mais conservadores.