Se as coisas não vão bem pelo ar ao menos em terra firme a direção do Grupo Varig consegue encontrar motivos para celebrar. Enquanto o braço de aviação luta para debelar um débito de US$ 780 milhões, a Rede Tropical de Hotéis, cujas receitas somaram R$ 78 milhões em 2002, conseguiu equilibrar as contas e está pondo em marcha um ambicioso plano de investimentos, orçado em R$ 101,6 milhões. A meta é triplicar o número de hotéis para 18 unidades até janeiro de 2004. ?Vamos registrar lucro já no primeiro semestre deste ano?, aposta Alexandre Zubaran, diretor de marketing da Rede Tropical. Segundo ele, a decolagem da divisão de hotelaria se deve à postura agressiva adotada pela nova diretoria, que assumiu em meados de 2002. A primeira medida foi sair em busca de parceiros. Caberá aos investidores privados (fundos de pensão, fundos imobiliários e construtoras) a tarefa de erguer os novos empreendimentos cuja administração ficará a cargo da Tropical. ?Em troca iremos embolsar um percentual da receita?, explica Zubaran. A mesma fórmula usada pelas gigantes Accor e Sol Meliá para crescer no País. Apesar da distância entre a Tropical e essas multinacionais, ele avisa: ?Vamos brigar pela liderança?.

Para chegar lá, a direção da Rede Tropical dispõe de duas armas. A primeira delas será o reforço de sua presença em áreas estratégicas: Manaus (AM) e Araxá (MG). Além disso, a companhia também vai debutar no Pantanal mato-grossense. Em Manaus será erguido um hotel com arquitetura futurista, enquanto Araxá receberá dois novos hotéis com a marca Tropical dentro de um megacomplexo turístico, orçado em R$ 270 milhões. No Pantanal, a rede irá batizar um mega-resort, cujos detalhes são mantidos em sigilo.

A rede também colocou na mira os
turistas engravatados. A marca Tropical Business será escrita na fachada de dois novos hotéis, em Guarulhos (SP) e no Rio. ?Vamos ocupar espaço nas capitais e em outras cidades com potencial de crescimento?, explica Luiz Antonio
Fantin, diretor de Operações e Comercial da Rede Tropical.
Apesar da aparente saturação destes mercados, ele diz que a companhia tem condições de fazer bonito. A confiança deve-se à sinergia entre as empresas do grupo Varig. Cita ainda a experiência acumulada pela rede hoteleira, fundada há 40 anos. ?Temos fôlego e conhecimento suficientes para crescer no vácuo da concorrência?, garante Fantin.