O secretário de municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São  Paulo, Eduardo Suplicy, foi hostilizado por manifestantes anti-PT neste  sábado, 24. Ao sair da livraria Cultura, após entrevista que o prefeito  Fernando Haddad concedeu a uma rádio, o ex-senador petista ouviu gritos  de “Suplicy, vergonha nacional” de um grupo que tinha nas mãos bonecos  infláveis que satirizam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a  presidente Dilma Rousseff.

Suplicy conta que foi a primeira  vez, em seus mais de 30 anos de vida pública, que foi hostilizado por  manifestantes. “Tenho convicção de que, por onde vou em São Paulo e no  Brasil, as pessoas sempre me tratam com respeito”, disse.

Ele  conta o mesmo grupo, de cerca de 15 pessoas, já protestava durante a  entrevista no teatro da livraria, que fica na Avenida Paulista. “Desde o  começo, este mesmo grupo procurou perturbar e ofender”, disse. O  manifesto continuou na saída da livraria. Segundo o secretário, até uma  cadeirante que assistia à entrevista foi hostilizada pelos manifestantes  com gritos de “vai para Cuba”.

“Quando saí, um rapaz me  perguntou o que deveria ser feito para acabar a influência do poder  econômico nas eleições. Eu comecei a respondê-lo quando algumas pessoas  começaram a gritar que eu era a vergonha nacional. Dei dois passos e  disse incisivamente que aquilo era um absurdo”, disse.

Autor  da lei que institui indistintamente uma renda mínima para todos os  cidadãos brasileiros, Suplicy citou como exemplo de sua postura na  atividade política o fato de doar, voluntariamente, seus vencimentos  como secretário municipal para o Fundo Brasil de Cidadania, ainda que a  lei não o obrigue a fazer isso. “O saldo já passa dos R$ 100 mil”,  afirmou.

Suplicy disse que, após participar, no domingo,  25, do ato inter-religioso para lembrar os 40 anos de morte do  jornalista Vladimir Herzog pelas forças do regime militar, refletiu  sobre o assunto. “Este tipo de manifestação é que pode levar a tragédias  como as que aconteceram durante a ditadura”.

Em sua página  no Facebook, o secretário afirmou que “as palavras de Ivo Herzog, filho  do jornalista assassinado, o fizeram pensar naqueles que agem com tanta  intolerância e se negam ao debate democrático, como os que assassinaram  Vlado”. “Aos que gritaram com ódio contra mim e o prefeito Fernando  Haddad na Livraria Cultura estejam certos de que continuaremos a lutar  pela liberdade de expressão, pela ética, pela transparência, pela busca  da verdade, pela retidão no trato com a coisa pública, pela justiça e o  aperfeiçoamento da democracia”, escreveu.