16/07/2024 - 21:10
O avanço da crise climática pode resultar em consequências graves para a vida dos tubarões. Pesquisadores descobriram que o aumento da temperatura, combinado com a acidificação dos oceanos (diminuição do pH das águas), acarreta em um preocupante aumento de mortalidade dos embriões do animal.
O estudo indica que a taxa de sobrevivência dos embriões de tubarões pata-roxa, espécie mais comum na Europa, pode cair de 81% para 11% até 2100 por conta das alterações. Os resultados foram publicados na revista científica Science Direct.
A equipe de pesquisadores conduziu os testes em três cenários diferentes: um, de controle, criado com base em dados sobre temperatura e pH das águas dos anos 1995 a 2014; outros dois cenários foram elaborados com base em projeções do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas, de 2021.
No cenário mais otimista, em que há avanço no combate às mudanças climáticas, o mundo passaria por um aumento de 2,7ºC na temperatura e o pH das águas seria reduzido em 0,2. Na hipótese mais pessimista, em que há uma continuidade da exploração dos combustíveis fósseis, o aumento de temperatura saltaria para 4,4ºC e a queda no pH seria de 0,4 até 2100.
O estudo foi realizado em um período de 10 meses. Nos primeiros quatro, o desenvolvimento dos embriões foi observado e, nos outros seis, a pesquisa registrou o crescimento dos animais que sobreviveram.
Enquanto a taxa de sobrevivência dos embriões no cenário mais otimista foi de 83%, na projeção mais pessimista caiu para 11%. No ambiente de controle, a mesma taxa ficou em 81%.
Os pesquisadores também descobriram que mesmo variações mensais podem ter um impacto significativo na taxa de sobrevivência dos animais. “As mortes observadas em agosto foram exclusivamente devido ao aquecimento. Em contraste, a mortalidade observada em setembro pode ter sido desencadeada pela acidificação”, diz o estudo.
“Nosso estudo destaca a importância das variações mensais de temperatura para o desenvolvimento dos embriões de tubarão, o que confirma que essas variações devem ser levadas em conta em experimentos que avaliam os efeitos do aquecimento global”, concluem os pesquisadores.