25/07/2024 - 17:17
Após se aproximar dos R$ 5,70 no início da sessão, o dólar à vista perdeu força ante o real e terminou esta quinta-feira, 25, em leve baixa, com profissionais citando um movimento de realização de lucros para justificar a queda das cotações, em um dia de dados de inflação ruins no Brasil e sinais mistos para a moeda norte-americana no exterior.
IPCA-15: Prévia da inflação de julho fica em 0,30% e atinge 4,45% em 12 meses
O dólar à vista encerrou o dia cotado a R$ 5,6474 na venda, em leve baixa de 0,17%. No mês o dólar acumula alta de 1,01%. Veja cotações.
O Ibovespa fechou em queda, mantendo o viés de realização de lucros, mas tendo se afastado das mínimas, ajudado principalmente pela melhora da Vale, que reporta balanço ainda nesta quinta-feira, e alta da Gerdau.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,37%, a 125.954,09 pontos, terceira queda consecutiva, após marcar 125.626,28 pontos na mínima e 126.422,73 pontos na máxima do dia. O volume financeiro somava apenas R$ 17,52 bilhões.
O dólar no dia
Na abertura da sessão, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA-15 — uma espécie de prévia da inflação oficial — subiu 0,30% em julho, acima do 0,23% projetado pelos economistas consultados em pesquisa da Reuters.
O resultado levou a taxa em 12 meses acelerar de 4,06% em junho para 4,45% em julho, também acima da expectativa de 4,38%. O IPCA-15 de 12 meses até julho está próximo do teto da meta de inflação perseguida pelo BC, de 4,50%.
Com os números de inflação nas telas, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) iniciaram o dia no território positivo e o dólar se aproximou dos 5,70 reais, dando continuidade ao forte movimento de alta visto na véspera, quando as moedas de países emergentes foram pressionadas.
Logo após a abertura, às 9h01, o dólar à vista atingiu a cotação máxima de R$ 5,6911 (+0,61%). Ao longo da sessão, no entanto, o dólar foi se enfraquecendo.
Profissionais ouvidos pela Reuters atribuíram o movimento a uma realização dos ganhos mais recentes, com alguns investidores vendendo a moeda norte-americana.
“O dólar segue em tendência de médio e longo prazo de alta e, por isso, é muito difícil determinar um pico para o dólar. Assim, temos feito algumas recomendações de venda, mas sem exagerar no volume”, disse pela manhã o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior, em comentário enviado a clientes. “Não será surpresa se a Ptax do mês fechar em 5,70 reais ou mais”, acrescentou.
Taxa de câmbio calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros. A taxa do fim de mês será definida na quarta-feira que vem.
Em meio ao movimento de realização de lucros, o dólar à vista marcou a mínima de 5,6185 reais (-0,68%) às 13h21. Até o fechamento, no entanto, a moeda se reaproximou dos 5,65 reais.
A queda do dólar ante o real ocorreu enquanto no exterior a divisa sustentava sinais mistos. No fim da tarde o dólar estava praticamente estável ante a cesta de moedas fortes, tinha alta ante o peso mexicano e a lira turca, mas cedia em relação ao peso colombiano.
Às 17h29, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,02%, a 104,400.
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 12 mil contratos de swap cambial tradicional em leilão para fins de rolagem do vencimento de 2 de setembro de 2024.
O dia do Ibovespa
Em Wall Street, os pregões ensaiaram uma melhora, mas fecharam sem uma direção única, tendo no radar dados econômicos dos Estados Unidos e na expectativa da divulgação do índice de inflação preferido do Federal Reserve na sexta-feira.
O S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, encerrou em queda de 0,51%.
De acordo com o analista Matheus Nascimento, da Levante Inside Corp, a agenda norte-americana mostrou uma atividade econômica ainda bastante resiliente, o que acaba pesando sobre os ativos brasileiros dado o potencial efeito na decisão do Fed.
Em paralelo, citou, no Brasil, o IPCA-15 de julho ficou acima do esperado, com a medida em 12 meses mostrando alta de 4,45%, bem perto do teto da meta de inflação, o que tende a corroborar o cenário de Selic mais alta por mais tempo.
“E há ainda o ambiente interno fiscal… Mesmo com contingenciamento de 15 bilhões de reais, o mercado entende que o déficit tende a ser maior que o esperado”, acrescentou
DESTAQUES
– VALE ON abriu em queda, passou a subir, mas acabou fechando com variação negativa de 0,05% antes do balanço do segundo trimestre, após o fechamento. Na Ásia, o minério de ferro ampliou perdas, com o futuro de referência em Cingapura caindo abaixo de 100 dólares por tonelada e o contrato mais negociado em Dalian, na China, tendo a quinta queda seguida. Na máxima do dia, Vale chegou a subir quase 1%. O ministro de Minas e Energia afirmou nesta quinta-feira que a Vale está “acéfala” desde que definiu saída de CEO e ameaçou com sanções.
– GERDAU PN avançou 2,06%, em dia de recuperação após duas quedas seguidas e notícia sobre aumento de preços pela companhia. No setor, USIMINAS PNA subiu 2,1%, enquanto CSN ON, que também aumentou preços para agosto, cedeu 0,25%. Dados ainda mostraram que as vendas de aços planos por dia útil dos distribuidores no Brasil tiveram em junho o melhor desempenho em um mês desde pelo menos 2015.
– PETROBRAS PN cedeu 0,13%, terminando distante da mínima da sessão, quando caiu mais de 1%, conforme os preços do petróleo reverteram as perdas no exterior, com o barril de Brent terminando negociado a 82,37 dólares, aumento de 0,81%. PETROBRAS ON encerrou com decréscimo de 0,42%.
– BANCO DO BRASIL ON subiu 0,07%, sendo exceção entre os grandes bancos de varejo do Ibovespa, uma vez que ITAÚ UNIBANCO PN caiu 0,44%, BRADESCO PN perdeu 1,59% e SANTANDER BRASIL UNIT fechou negociado em baixa de 2,43%.
– CARREFOUR BRASIL ON caiu 2,92%, engatando a terceira queda seguida desde a divulgação do balanço trimestral após o fechamento do mercado na segunda-feira. No mês, contudo, o papel ainda acumula valorização de mais de 3%.
– VAMOS ON recuou 3,55%, tendo de pano de fundo relatório de analistas do Bradesco BBI sobre o setor, no qual estimaram queda nas margens das concessionárias à medida que a empresa reduz os estoques e reduziram o preço-alvo das ações de 13 para 12 reais. A alta no mês, porém, ainda soma 14,8%.
– WEG ON caiu 1,5%, no quinto pregão seguido de queda, após renovar máximas históricas. No mês, ainda registra uma valorização de cerca de 9%.
– B3 ON fechou em baixa de 1,18%, na terceira sessão negativa, devolvendo parte do ganho acumulado no mês, conforme os volumes no segmento de ações permanecem fracos, embora dados recentes no segmento de derivativos tenham agradado analistas.
– LOJAS RENNER ON avançou 2,41%, recuperando-se após duas quedas seguidas, período em que acumulou uma perda de 5%.
– ETERNIT ON, que não faz parte do Ibovespa, caiu 10,08%, tendo como pano de fundo comunicado da empresa afirmando que o Ministério Público de São Paulo “não se opôs” ao encerramento do processo de recuperação judicial que foi pedido pelo grupo fabricante de materiais de construção.