No primeiro semestre de 2024, dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) indicam um crescimento contínuo na relação comercial entre Brasil e China, em comparação a igual período do ano anterior. As exportações brasileiras para o país asiático cresceram 3,9%, passando de US$49 bilhões no primeiro semestre de 2023 para US$51 bilhões no mesmo período de 2024. Já as importações brasileiras de produtos chineses aumentaram 14,5%, subindo de US$25 bilhões para US$29 bilhões.

Para Rodrigo Giraldelli, especialista em comércio exterior entre Brasil-China e CEO da China Gate, especializada em consultoria sobre importação do país asiático, o comércio bilateral está se fortalecendo, com o Brasil mantendo sua posição como principal fornecedor da América Latina para o mercado chinês.

Apesar do crescimento mais acentuado das importações, a balança comercial brasileira permanece favorável, com um superávit comercial de US$22 bilhões no primeiro semestre de 2024. O principal impulsionador do aumento nas importações foram os veículos, com um crescimento de 235%, seguido por máquinas (24%) e produtos para a indústria química (47%). “O expressivo crescimento no setor automobilístico deve-se ao recente aumento do imposto de importação para carros híbridos e elétricos no Brasil. As novas taxas são de 25% para modelos híbridos, 20% para híbridos plug-in e 18% para carros totalmente elétricos, em vigor desde o dia primeiro de julho.

Antecipando-se a essa mudança, as empresas intensificaram a importação desses veículos, buscando maximizar suas margens de lucro antes que as novas taxas entrassem em vigor, o que altera significativamente a balança comercial”, comenta o especialista em comércio exterior com a China há mais de 20 anos.

As exportações brasileiras para a China também mostraram aumentos significativos em alguns setores. O destaque foi para o algodão, que teve um crescimento de 1000%, passando de US$96 milhões para US$1 bilhão. Outros setores que registraram crescimento notável incluem combustíveis (30%), minério de ferro (22%) e açúcar (170%). Por outro lado, alguns produtos apresentaram queda nas exportações para a China. Entre eles, sementes e grãos caíram 13%, carnes e miudezas diminuíram 17% e exportações de ferro reduziram 22%.

“Apesar das variações, a tendência é de um crescimento contínuo e diversificado nas relações comerciais entre Brasil e China, beneficiando ambos os países. Através de um cenário de oportunidades e progresso mútuo, as expectativas para os próximos anos são de uma intensificação ainda maior do intercâmbio comercial entre China e América Latina, consolidando parcerias estratégicas e fortalecendo a economia regional. Diante dessa perspectiva, é fundamental que as empresas brasileiras aproveitem as oportunidades oferecidas pelo mercado chinês e busquem formas para expandir sua presença e competitividade nesse cenário globalizado”, finaliza Giraldelli.