A ministra das Finanças do Reino Unido, Rachel Reeves, anunciou um plano para cortar 5,5 bilhões de libras em gastos este ano e mais 8 bilhões de libras no próximo, e prometeu elaborar uma ampla revisão das despesas públicas. O objetivo é começar a cobrir um buraco de 22 bilhões de libras no orçamento, que Reeves disse ter sido herdado do governo anterior.

Em discurso no Parlamento, Reeves acusou a gestão do ex-primeiro-ministro Rishi Sunak de encobrir a dimensão do problema. Segundo ela, o programa estabelecido pelo Partido Conservador aumentaria o déficit fiscal em 25% apenas em 2024.

“Estou falando de dinheiro que eles já estavam gastando este ano e não tinham capacidade de financiar, algo que eles esconderam do país”, criticou Reeves, que assumiu a equipe econômica após os Trabalhistas conquistarem maioria histórica nas eleições do começo deste mês, sob a liderança do primeiro-ministro Keir Starmer.

Reeves acrescentou que o modelo atual é “insustentável” e que deixá-lo em vigor “não é uma opção”. Entre as medidas para começar a lidar com a situação, a ministra anunciou restrições na concessão de crédito fiscal e mudanças em políticas educacionais. Reeves também cancelou um plano de vender o restante das ações do NatWest sob posse do governo para o público.

A parlamentar trabalhista informou que divulgará o chamado “Orçamento da Primavera” em 30 de outubro. De acordo com ela, serão tomadas “decisões difíceis” para equilibrar as contas públicas, que devem incluir aumentos de impostos e mais reduções de gastos. Ainda assim, Reeves garantiu que o governo não elevará tributo para a classe trabalhadora.

Logo em seguida, o parlamentar Jeremy Hunt, que era o ministro das Finanças de Sunak, chamou as declarações de Reeves de “uma tentativa sem vergonha de pavimentar o caminho para aumentos de impostos”. Hunt também questionou os cálculos por trás da afirmação de que há um buraco de 22 bilhões de libras no orçamento.

Após as falas de Reeves, a libra reduziu perdas ante o dólar e os rendimentos dos Gilts, os títulos da dívida do Reino Unido, acentuaram queda. Por volta das 12h30 (de Brasília), a libra recuava a US$ 1,2851, enquanto o retorno do Gilt de 10 anos cedia a 4,154%.