O dólar disparava frente ao real nesta segunda-feira, 5, rondando a marca de 5,80 reais, conforme crescem os temores globais com a possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos, o que tem provocado uma fuga de ativos de maior risco.

Às 12h40, o dólar à vista subia 0,66%, a R$ 5,766 na venda, após ter superado R$ 5,80 no início do pregão. Já o Ibovespa caía mais de 1%. Veja cotações.

Na sexta-feira, o dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,7109 reais na venda, em queda de 0,44%.

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Nesta manhã, mercados globais reagiam com força a preocupações de uma recessão na maior economia do planeta, depois de os EUA terem registrado na sexta-feira números de criação de vagas de emprego mais fracos do que o esperado.

O Departamento de Trabalho dos EUA informou na sexta que foram criadas 114.000 vagas fora do setor agrícola em julho, depois de 179.000 vagas em dado revisado para baixo em junho. Economistas consultados pela Reuters projetavam a criação de 175.000 postos de trabalho.

A suspeita é de que o ciclo de aperto monetário do Federal Reserve, que elevou sua taxa de juros para a faixa de 5,25% a 5,50% a fim de combater a inflação, tenha afetado a atividade econômica dos EUA mais do que o previsto.

Agora, com números que têm mostrado a inflação norte-americana voltando aos poucos para a meta de 2% do Fed e o enfraquecimento do mercado de trabalho, operadores apostam em uma chance de 78% um corte de 50 pontos-base nos juros pelo Fed em 18 de setembro.

O que explica a tensão nos mercados

As preocupações com a economia norte-americana fomentavam uma aversão global ao risco, derrubando índices acionários e moedas de países emergentes, incluindo o Brasil.

“O cenário internacional hoje é de bastante pessimismo, aversão a risco e desempenho bem negativo de ativos arriscados como commodities, ações, moedas de países emergentes”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX. “O movimento é de clara busca por qualidade, busca por ativos portos seguros… no que se desenha um dia ruim para a moeda brasileira”, acrescentou.

O dólar se fortalecia contra o peso mexicano, em alta de 2,3%, o rand sul-africano (1,7%), e o peso chileno (1,25%).

Outro fator de preocupação em países emergentes era a recuperação do iene, que tem experimentado grandes ganhos sobre o dólar desde a decisão do Banco do Japão de elevar sua taxa de juros a 0,25%.

O anúncio tem provocado a reversão de operações de “carry trade”, quando investidores retiram seus recursos de países com juros baixo, como o Japão, e levam-nos para locais com juros mais altos, como o Brasil, a fim de lucrar com os altos rendimentos.

O dólar tinha queda de 3,08% em relação ao iene, a 142,03.

O desempenho dos preços de commodities, como o petróleo, também eram observados de perto, à medida que se somam aos temores com os EUA a piora da perspectiva econômica da China, maior importador de matérias-primas do mundo.

Cenário doméstico

No cenário nacional, o mercado analisava nova pesquisa Focus nesta segunda-feira, que mostrou que os economistas consultados pelo Banco Central elevaram as projeções para a inflação e reduziram a perspectiva de queda da taxa de juros.

O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou que agora a expectativa para o IPCA ao final de 2024 é de alta de 4,12%, ante previsão de avanço de 4,10% na semana anterior. No próximo ano, o índice é visto em alta de 3,98%, de 3,96% anteriormente. Para a Selic, atualmente em 10,5%, os economistas elevaram projeção do patamar da taxa ao final do ano que vem para 9,75%, de 9,50%.

Também está no radar a ata da última reunião do BC, a ser divulgada na terça-feira, quando as autoridades decidiram manter a Selic estável pelo segundo encontro consecutivo.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,82%, a 102,300.