O banco BV encerrou o segundo trimestre deste ano com lucro líquido recorrente de R$ 363 milhões, um crescimento de 27,7% em relação ao mesmo intervalo de 2023. No comparativo com o primeiro trimestre de 2024, o resultado avançou 13,1%.

A alta no lucro do BV veio de uma combinação entre aumento das receitas e queda no custo do crédito. A receita total do banco cresceu 11%, para R$ 2,909 bilhões, puxada pelas receitas com serviços e corretagem, que aumentaram 31% no espaço de um ano, para R$ 647 milhões.

Nesta linha, o impulso veio de receitas ligadas à concessão de crédito, como a de avaliação de bens (+29,2%) e de corretagem de seguros (+24,6%). “As receitas crescem dois dígitos, com as receitas de serviço em uma velocidade ainda maior”, diz o CEO do BV, Gabriel Ferreira. “A rentabilidade melhora quando há receitas que não alocam capital, como as de serviço, o que vai continuar impulsionando o resultado.”

Ao mesmo tempo, o custo do crédito caiu 15,8% em um ano, para R$ 870 milhões. O banco afirma que o avanço veio com a melhoria gradual dos índices de inadimplência no segmento de varejo, que vinham pressionados ao longo dos dois últimos anos pelo endividamento das famílias. A inadimplência, medida pelo atraso superior a 90 dias, caiu 0,8 ponto porcentual, e ficou em 4,5%.

Ferreira afirma que 2024 é o ano em que a queda dos atrasos converge com a diversificação do negócio do banco, o que explica o crescimento dos resultados desde o quarto trimestre do ano passado. “Este ciclo deve avançar para 2025, e imaginamos que em algum momento entre este ano e o próximo os resultados devem chegar ou eventualmente superar o maior patamar da história, de 2021.”

O BV encerrou o trimestre com R$ 134,316 bilhões em ativos, volume 3% inferior ao do mesmo período do ano passado. O patrimônio líquido avançou 3,1% no mesmo período de comparação, para R$ 14,194 bilhões, e o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) subiu 2,1 pontos porcentuais, para 11,1%.

O índice de Basileia do banco foi a 15,6% no final do segundo trimestre, 1 ponto porcentual acima do observado um ano antes.

Crédito

A carteira de crédito ampliada do BV teve alta de 3,8% entre o segundo trimestre do ano passado e o mesmo período deste ano, para R$ 88,113 bilhões. O crescimento foi puxado pelo segmento de varejo, em que o BV contabiliza linhas de financiamento para a aquisição de veículos, além da carteira de cartão de crédito. O crédito para o varejo subiu 8,5%, para R$ 62,466 bilhões.

O destaque foi o financiamento de veículos leves usados, que teve crescimento de 13,4% e chegou a R$ 44,121 bilhões, além do financiamento de motos, veículos pesados e veículos novos, que cresceu 24,6%, para R$ 4,953 bilhões. O BV concedeu R$ 13,6 bilhões para o financiamento de veículos no primeiro semestre, crescimento de 23,1% em um ano e o maior volume da história.

O CEO do banco afirma que a normalização do mercado automotivo é uma das alavancas para a aceleração, junto com o posicionamento do BV. “Fomos o primeiro banco a apertar o crédito, no segundo semestre de 2021, e isso nos permitiu uma inadimplência melhor controlada que a do mercado”, diz ele. O BV é líder no financiamento de veículos usados no País.

Já a carteira de atacado caiu 6,3% em um ano, para R$ 25,647 bilhões. Os empréstimos para grandes empresas tiveram baixa de 32,7%, para R$ 3,796 bilhões, com a estratégia do banco de atuar no crédito para o segmento de forma mais pontual. As operações têm migrado para o mercado de capitais, o que ajuda a explicar o crescimento de 165% da receita do BV com banco de investimento, para R$ 57 milhões.

No crédito, o foco da instituição tem sido em empresas de menor porte, em que o tíquete médio dos empréstimos é menor, o que reduz os riscos para o banco. Além disso, o BV entende que, nas empresas menores, consegue fazer uma oferta de produtos e serviços complementares mais assertiva, o que gera maior fidelidade.