10/08/2024 - 9:00
O dono de uma das maiores coleções do mundo de moedas e medalhas das Olimpíadas é brasileiro. O professor de filosofia e educação física Jerry Edson, de 55 anos, possui mais de 10 mil peças, cujo valor ele estima que supere US$ 1 milhão.
“Acompanho outros colecionadores e não conheço alguém que tenha uma coleção tão grande de moedas e medalhas. Eu acho que posso ser o maior colecionador da América do Sul”, comenta. Quando se trata de artigos olímpicos no geral, porém, ele destaca que Roberto Gesta de Melo, do Amazonas, possui mais itens.
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“O colecionismo para mim é uma maneira de me contactar com a história, a arte e a cultura”, afirma. “E meu amor pelo esporte. Eu acho que tenho que deixar um legado, e sei que essa coleção será importante para crianças verem, jovens aprenderem, pessoas lembrarem.”
Para além das moedas e medalhas olímpicas, ele guarda dinheiro sem esta temática, autógrafos de figuras como Charles Chaplin, e selos olímpicos.
A coleção de Jerry Edson
Nascido em Blumenau (SC), Jerry Edson mora há mais de 30 anos em São Paulo. É competidor de atletismo e detém recordes registrados pela Associação Brasileira de Atletismo Master – categoria para atletas com mais de 35 anos. Sua renda vem de eventuais premiações, mas principalmente de sua carreira como professor.
Já a coleção de artigos olímpicos foi iniciada por ele no começo dos anos 2000. A primeira peça foi justamente a primeira moeda temática das Olimpíadas já confeccionada, uma marca finlandesa de 1951. “Porque eu queria começar a coleção desde o início”, conta.
Tiragem pequena de Paris 2024
Porém a moeda mais cara da coleção é extremamente recente. Jerry Edson conseguiu uma moeda de ouro comemorativa cunhada para os Jogos Olímpicos de Paris 2024. Foi uma tiragem pequena, de cerca de mil itens. Para colocar as mãos em uma, ele desembolsou R$ 60 mil.
“O mercado absorveu muito rápido todas. Vão muitas para o mercado asiático, poucas no europeu e nada ou quase nada na América”, explica. “Posteriormente aparece, daqui uns 10 anos.”
Valorização de peças no mercado
Esse desaparecimento e reaparecimento ocorre justamente pelos compradores que adquirem as peças pelo seu potencial de valorização. “Eles soltam com lucro, como um investimento. Aliás, é um excelente investimento”, diz Edson.
Uma moeda dos jogos olímpicos de Montreal-1976, por exemplo, foi comprada por Jerry Edson por cerca de US$ 1.000. Hoje, além de ser mais difícil de conseguir, ela está avaliada em US$ 5.000.
Quando não pode ir às compras pessoalmente, Jerry Edson conta com a ajuda de amigos comerciantes e colecionadores. “Está bem fechado este mercado neste momento, porque ele está muito em valorização.”
No Brasil, ele enxerga o mercado especialmente aquecido e consequentemente mais disputado e fechado desde a Olimpíada Rio-2016, quando muitas pessoas passaram a atentar para as moedas com esta temática.
Na época, o Banco Central brasileiro lançou quatro moedas de ouro de R$ 10, 16 moedas de prata de R$ 5 e 16 modelos da moeda de R$ 1 em comemoração aos jogos. Todas elas estão na coleção de Edson.
“Hoje a cada dia estas moedas sobem o valor e também são muito procuradas para investimento e sentimento olímpico nacional”, afirma o colecionador.
Medalhas olímpicas
A numismática, campo de estudo das cédulas e moedas, também se encarrega das medalhas. Jerry Edson tem orgulho de peças importantes que já pertenceram a esportistas olímpicos, como uma medalha de participação da primeira Olimpíada moderna, realizada em Atenas no ano de 1986.
“Também é uma peça muito difícil de conseguir”, destaca Edson. “Os comerciantes se juntaram e trouxeram essa peça de fora, e eles dividiam o lucro entre eles. Como sabem que eu sou colecionador, me ligaram.”
Todos os anos são distribuídas medalhas de participação. Jerry Edson possui várias, porém a da primeira edição é especialmente rara.
Medalha de Atlanta 2016
As medalhas consideradas por ele como as mais importantes da sua coleção no entanto guardam forte valor emocional. Em 2016, Jerry Edson comprou em leilão a medalha de prata conquistada por Cláudia Pastor com a seleção feminina de basquete em 1996.
O motivo do leilão foi poder pagar uma cirurgia para seu filho, Maurílio, diagnosticado aos 12 anos com hamartoma hipotalâmico, uma espécie de tumor. “É o maior tesouro que tenho por poder salvar a vida de uma criança”, diz Edson. Na época, ele pagou em torno de R$ 35 mil no leilão, usando a rescisão recebida de um emprego.
Em uma história semelhante, ele adquiriu uma medalha de ouro conquistada pelo Brasil nos Jogos Paraolímpicos de 2004. Neste caso, a aquisição ajudou a recuperação de um atleta que se viu em ruína financeira após um divórcio conturbado.
“Eu algumas vezes tentei devolver medalhas olímpicas para os atletas, e eles se recusam a receber”, conta Jerry Edson. “Não comprei porque sou ambicioso. Eu compro também no sentido de poder ajudar. Eu sempre fui muito ajudado, e é uma forma de agradecer também.”
Curiosidades olímpicas
Para manter e ampliar sua coleção, Jerry Edson constantemente guarda parte de seus ganhos e se planeja financeiramente. “Se você não se programa você perde ou coloca os pés pelas mãos. Aí você vai começar a precisar vender uma peça para comprar a outra.”
Ele conta ainda com muitos conhecidos e amigos colecionadores e comerciantes, que ficam alertas para conseguir as peças consideradas mais difíceis. Além disso, estuda a bibliografia existente para conhecer itens raros e importantes da numismática olímpica.
“Um fato curioso dentro desta temática é que nunca foi confeccionada uma cédula sobre o tema. Somente foi confeccionada uma para os Jogos Olímpicos de Inverno”, comenta Jerry Edson sobre as particularidades do seu campo de coleção.
Outro destaque feito pelo colecionador é que existem moedas olímpicas que não pertencem aos países sede. Porém, para a matéria do site IstoÉ, ele destacou apenas moedas cunhadas por sediadores no ano que receberam os jogos.
Confira mais alguns destaques: