Michael Bloomberg ergueu um império bilionário das comunicações usando a experiência de financista herdada dos tempos em que trabalhou em Wall Street. Agora, após se eleger prefeito da combalida cidade de Nova York, ele pode ter de recorrer novamente às habilidades que desenvolveu como operador no mundo financeiro. Desta vez, para negociar a venda do grupo batizado com o seu nome. Ele não confirma, mas são fortes os rumores de uma negociação milionária para passar à frente a companhia que ocupa hoje a liderança mundial na área de informações financeiras. Na lista de pretendentes, estariam grupos de comunicações como o canadense Thomson e o inglês Pearson, dono de publicações como o Financial Times. Outro possível comprador: o banco de investimentos americano Merrill Lynch, que já detém 20% da Bloomberg.

A Thomson estaria na dianteira. Segundo o jornal inglês The Guardian, ela colocou na mesa a proposta mais firme: US$ 10 bilhões pela companhia do novo prefeito. Mas Bloomberg ainda resiste. Teria respondido elegantemente que, em seus planos, está à venda exclusivamente uma das empresas do grupo, a Bloomberg News. E mesmo assim pelo dobro da oferta da Thomson. ?As informações não são verdadeiras. A empresa não está à venda?, desconversa a porta-voz Chris Taylor. Verdade ou não, o fato é que o republicano Bloomberg sabe que sua relação com o império que fundou em 1981 pode gerar munição farta para a turma da oposição democrata. Por isso, a estréia de Bloomberg no mundo da política colocou sua empresa na vitrine para concorrentes e investidores de plantão.

Habilidade. Enquanto os boatos não viram fatos, a rede de notícias faz questão de enfatizar ? e demonstrar ? que a vida sem o criador corre normalmente. A estratégia, claro, foi montada pelo próprio Bloomberg antes do início da campanha à prefeitura. Há seis meses, Lex Fenwick, que cuidava da empresa na Europa, assumiu os negócios. A posição de comandante do império será mantida nas mãos dele. Porém Bloomberg contratou gente de peso para ajudar na tarefa. Entre eles, o amigo e ex-executivo do Credit Suisse First Boston, Peter Grauer. Nas mãos dos dois, está um império formado por empresas nas áreas de tevê, rádio e Internet, além de revistas e uma rede de 1,6 mil terminais de consultas às informações instalados nos escritórios dos clientes da rede. São 7,6 mil empregados atuando em 108 filiais no mundo.

O negócio gera uma receita anual de US$ 2,9 bilhões, dos quais US$ 40 milhões no Brasil. Resta saber se a turma recrutada por Bloomberg, o operador, será hábil o suficiente para driblar a onda de recessão que deve afetar o universo corporativo americano ? com efeitos desastrosos em outros países ? no próximo ano.