A deterioração da economia e do poder de compra do brasileiro ainda não foi percebida nos indicadores de inadimplência da Light. De acordo com o diretor de Desenvolvimento de Negócios e Relações com Investidores João Batista Zolini, o ritmo de arrecadação está mantido e os pedidos de parcelamento de conta também estão “dentro da normalidade”.

“Estamos vendo o ciclo passar com muita atenção, mas até este momento estamos verificando uma boa performance”, afirmou o executivo durante teleconferência com analistas e investidores realizada na tarde desta quinta-feira, 13.

A constituição de provisões para crédito de liquidação duvidosa (PCLD) representou 1% da receita bruta de faturamento de energia da distribuidora da Light no segundo trimestre de 2015. No mesmo período do ano passado, o PCLD estava em 1,5%. O cenário mais favorável em relação à inadimplência acontece, curiosamente, em um momento no qual o consumo de energia nas áreas atendidas pela Light encolheu 0,8% no trimestre e as tarifas estão em trajetória de elevação.

Apesar disso, a Light tem feito “movimentos muito fortes no sentido de preservar a arrecadação”, afirmou o presidente da Light, Paulo Roberto Ribeiro Pinto. “Estamos avançando na frente do cliente e buscando-o, para evitar que a inadimplência se institucionalize. No varejo estamos com razoável sucesso”, afirmou. A taxa de arrecadação da Light no varejo ficou em 101,7% no segundo trimestre, acima dos 99,4% dos grandes clientes e de 80,3% no Poder Político.

Mais cedo, o presidente da Light revelou que a empresa está negociando com o governo do Rio de Janeiro para reaver aproximadamente R$ 95 milhões em pagamentos atrasados. São R$ 45 milhões de dívidas até 2014 e outros R$ 50 milhões acumulados em 2015, conforme noticiado anteriormente pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência EStado.

Na sequência, ainda durante a teleconferência, ele deu mais detalhes sobre a proposta em negociação. No caso dos atrasados em 2014, há uma lei que prevê o pagamento do atrasado em até 36 meses. O montante está associado a uma compensação de ICMS.

“A Light é, hoje, a maior arrecadadora de ICMS do Estado, com cerca de R$ 3,5 bilhões por ano”, disse o executivo. “Ou seja, falamos de R$ 1 milhão em uma conta de quase R$ 300 milhões por mês. Não é um valor expressivo do ponto de vista de arrecadação do Estado”, complementou.

A pendência associada ao valor não quitado em 2015 também será paga, mas a definição do modelo ainda está em análise e deve ser divulgada durante os próximos 30 dias, segundo o executivo.

Mais cedo, ele citou de forma breve a possibilidade de compensação a partir da consideração de autos de infração detidos pela Light. O acordo com o governo federal também prevê o pagamento de futuras faturas sem atrasos. “O governador, em reunião com seus secretariados, deu a recomendação para que fosse dada prioridade às contas de serviço público em geral”, salientou o presidente.