O Ibovespa renovou máximas históricas nesta segunda-feira, 19, ultrapassando os 136 mil pontos no melhor momento, ainda embalado pelas perspectivas de que o Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) começará a cortar os juros da maior economia do mundo em setembro.

+ Recorde do Ibovespa: 21 ações da B3 atingiram cotação histórica em agosto; veja lista

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa fechou em alta de 1,36%, a 135.777,98 pontos, pontuação recorde para fechamento, superando a marca histórica de 134.193,72 pontos apurada em 27 de dezembro de 2023.

“Se o índice continuar marcando novas máximas ou fechar três pregões pelo menos acima dos 134.400 pontos, mostrará resiliência no movimento e os próximos objetivos estão em 137.000, 141.000 e 150.000 pontos”, estimou o Itaú BBA.

Na máxima, o Ibovespa atingiu 136.179,21 pontos, novo topo histórico intradia. Na mínima da sessão, registrou 133.953,32 pontos. O volume financeiro no pregão somava R$ 25,5 bilhões.

O dólar chegou a oscilar abaixo dos R$ 5,40 nesta segunda-feira, para depois encerrar o dia pouco acima deste patamar, com queda próxima de 1%, acompanhando o recuo quase generalizado da moeda norte-americana no exterior em meio à expectativa por cortes de juros nos Estados Unidos.

O dólar à vista fechou em baixa de 0,99%, cotado a R$ 5,4134, no menor valor de fechamento desde 10 de julho, quando encerrou em R4 5,4132. Em agosto a divisa acumula queda de 4,29%.

Às 17h05, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,23%, a 5,4175 reais na venda.

O dia do Ibovespa

Pesquisa da Reuters realizada com economistas de 14 a 19 de agosto mostrou uma pequena maioria esperando que o Fed reduzirá sua taxa de juros em 25 pontos-base em cada uma das três reuniões de política monetária restantes em 2024.

“Isso domina o comportamento dos fluxos no exterior, e qualquer fluxo marginal para mercados emergentes representa uma entrada relevante em Brasil”, pontuou o gestor de renda variável Tiago Cunha, da Ace Capital.

De acordo com dados da B3, em agosto até o dia 15, as compras de estrangeiros no mercado secundário superaram as vendas em cerca de 4 bilhões de reais.

Além da perspectiva sobre os próximos passos do Fed, amparada em dados melhores de inflação nos Estados Unidos, o fluxo de capital externo para a bolsa paulista é fomentado pelo alívio nos temores de uma eventual recessão naquele país.

Em Nova York, o S&P 500 avançou 0,97%, com investidores no aguardo do discurso do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, em Jackson Hole na sexta-feira.

Além do cenário norte-americano, uma avaliação de modo geral positiva da temporada de balanços do segundo trimestre contribuiu para a performance recente do Ibovespa, que já sobe 6,37% em agosto.

Na visão de estrategistas do BTG Pactual, à primeira vista, os resultados — excluindo Petrobras e Vale — parecem bons, com receitas, Ebitda e lucro líquido 3,1%, 2,3% e 5,3% acima das estimativas dos analistas da casa, respectivamente.

“Considerando apenas as empresas domésticas, os resultados foram mistos, com receitas e Ebitda 2,5% e 3,1% acima das previsões, enquanto o lucro líquido ficou 3,8% abaixo do estimado”, afirmaram Carlos Sequeira e equipe.

DESTAQUES

– VALE ON fechou em alta de 1,6%, favorecida pelo movimento dos futuros do minério de ferro na Ásia, onde o contrato mais negociado em Dalian, na China, encerrou as negociações do dia com alta de 0,71%, enquanto o vencimento de referência em Cingapura avançou 0,6%.

– BRADESCO PN saltou 4,48%, endossado por “upgrade” do Goldman Sachs, que elevou a recomendação das ações para “compra”, bem como o preço-alvo de 14 para 17,50 reais, além de estimativas para os lucros em 2025 e 2026. No setor, ITAÚ UNIBANCO PN valorizou-se 0,6%.

– PETZ ON disparou 23,87%, ainda embalada pelo anúncio na sexta-feira de que assinou acordo para uma combinação de suas operações com as da Cobasi, que criará a maior empresa no setor no país, unindo as duas companhias que já lideram o segmento. Na última sessão, os papéis saltaram 9,28%.

– MAGAZINE LUIZA ON avançou 10,65%, tendo ainda como pano de fundo carta da gestora Squadra aos cotistas citando que encerrou posição “short” (vendida) no setor de varejo, que incluía a ação da companhia. No mesmo contexto, CASAS BAHIA ON, que não está no Ibovespa, subiu 15,61%.

– MARFRIG ON fechou em alta de 13,19%, ajudada por relatório do Bank of America mantendo a recomendação de “compra” e elevando preço-alvo das ações de 18,50 para 21,50 reais, na esteira da melhora no preço-alvo de BRF — de 22 para 24 reais — e menor dívida líquida.

– PETROBRAS PN cedeu 0,16%, em meio à fraqueza dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent fechou em baixa de 2,54%. No setor, PRIO ON perdeu 2,66%. 3R PETROLEUM ON recuou 1,1%, com agentes financeiros também avaliando dados de produção de julho.

– COGNA ON avançou 10,53%, tendo como pano de fundo autorização do Ministério da Educação para o início das atividades do curso de graduação em Medicina pela Faculdade Anhanguera São Luís, no Maranhão. O curso superior possui 60 vagas totais anuais a serem ofertadas pela faculdade.

– WEG ON caiu 2,74%, em meio a ajustes, após sete altas consecutivas, período em que acumulou um ganho de cerca de 10% e renovou máximas históricas. Mais cedo, chegou a 54 reais, topo histórico intradia.