04/09/2024 - 17:38
O dólar à vista fechou a quarta-feira, 4, praticamente estável ante o real, numa sessão marcada, por um lado, pelos receios em torno da economia global após a divulgação de dados fracos do mercado de trabalho nos EUA e, por outro, pela queda do minério de ferro e do petróleo no exterior.
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O dólar à vista fechou em leve baixa de 0,08%, cotado a R$ 5,6395. No ano, a divisa acumula elevação de 16,24%. Veja cotações.
Às 17h09, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,19%, a R$ 5,6520 na venda.
Já o Ibovespa descolou de Wall Street e fechou em alta nesta quarta-feira, após quatro quedas seguidas, favorecido pelo declínio nos rendimentos nos Treasuries na esteira de novos dados reforçando o cenário de cortes de juros nos Estados Unidos, o que reverberou na curva futura de juros no Brasil.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,31%, a 136.110,73 pontos, após perder mais de 2% nas últimas quatro sessões, tendo marcado 136.838,27 pontos na máxima e 134.359,01 pontos na mínima do dia. O volume financeiro no pregão somava R$ 21,9 bilhões.
O dólar no dia
Em mais um dia de queda forte do petróleo e do minério de ferro — dois produtos importantes na pauta de exportação brasileira — o real foi pressionado no início da sessão. As cotações também refletiam a cautela dos investidores antes da divulgação de novos dados sobre a economia dos EUA. Assim, às 9h14 o dólar à vista marcou a cotação máxima de 5,6623 reais (+0,33%).
O cenário mudou durante a manhã, após a divulgação do relatório Jolts do mercado de trabalho norte-americano.
O Departamento do Trabalho dos EUA informou que as vagas de emprego em aberto — uma medida da demanda por mão de obra — caíram em 237.000, para 7,673 milhões no último dia de julho, o nível mais baixo desde janeiro de 2021. Os dados de junho foram revisados para baixo, para mostrar 7,910 milhões de postos de trabalho não preenchidos, ante 8,184 milhões relatados anteriormente.
Os números do Jolts somaram-se aos dados fracos do setor industrial norte-americano divulgados na terça-feira, reforçando as preocupações em torno de uma possível recessão nos EUA.
Em reação, os rendimentos dos Treasuries caíram e o dólar perdeu força ante a maior parte das demais divisas no exterior. No Brasil, a moeda norte-americana à vista marcou a mínima de 5,6164 reais (-0,49%) às 11h58.
“A taxa dos Treasuries recuando trouxe alívio para a curva de juros brasileira, mas também para o câmbio”, disse o estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos, Luciano Rostagno, ao avaliar os efeitos do relatório Jolts sobre os ativos globais nesta quarta-feira.
Em meio à queda das commodities e às preocupações com a economia norte-americana, o dólar retornou para perto da estabilidade ante o real durante a tarde, ainda que no exterior prevalecesse o viés negativo.
Às 17h30 o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,38%, a 101,310.
Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional em leilão para fins de rolagem do vencimento de 1º de outubro de 2024. Como na véspera, o BC não realizou nenhuma operação extra de swaps nesta sessão.
À tarde o BC informou que o Brasil registrou fluxo cambial total negativo de 2,696 bilhões de dólares em agosto, com saídas líquidas de 5,180 bilhões de dólares pelo canal financeiro e entradas de 2,484 bilhões de dólares pela via comercial.
O dia do Ibovespa
Na visão da estrategista de ações Jennie Li, da XP, o desempenho mais forte da bolsa paulista nesta sessão, enquanto Nova York teve um dia mais fraco, está relacionado principalmente ao movimento dos juros (Treasuries e DIs), visto que papéis de setores cíclicos figuraram entre as maiores altas.
Ela afirmou que o mercado continua bastante sensível ao cenário macro norte-americano, e “hoje ficou um pouquinho mais cauteloso” com o relatório Jolts sobre as vagas de trabalho em aberto somando-se a outros dados mais fracos sobre a maior economia do mundo já conhecidos nessa semana.
O Jolts mostrou que as vagas de trabalho em aberto nos EUA caíram para a mínima de três anos e meio em julho, a 7,673 milhões no último dia de julho, mínima desde janeiro de 2021.
Li ressaltou que o relatório do mercado de trabalho do governo na sexta-feira será “super importante” para ajudar a definir apostas sobre a magnitude do corte de juros pelo Federal Reserve precificado para este mês, se 0,25 ponto ou 0,50 ponto percentual, bem como na análise sobre a saúde daquela economia.
Em Wall Street, os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA recuaram, com o Treasury de 10 anos marcando 3,7552% no final do dia, enquanto o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, cedeu 0,16%, enfraquecido por preocupações sobre o ritmo de desaceleração daquela economia.
DESTAQUES
– EMBRAER ON avançou 5,79%, renovando máxima histórica de fechamento a 49,11 reais, enquanto muitos analistas veem espaço para a ação continuar subindo dado o forte “momentum” operacional da fabricante de aviões. Em 2024, o papel sobe mais de 100%.
– GPA ON disparou 9,12%, após quatro quedas seguidas, período em que acumulou uma perda de 10%. No setor, CARREFOUR ON subiu 2,81% e ASSAÍ mostrou decréscimo de 0,2%.
– AZUL ON fechou em alta de 1,23%, após renovar mínimas históricas no começo da semana, chegando a 4,41 reais na segunda-feira, com temores sobre o endividamento. O secretário nacional de aviação civil do Ministério de Portos e Aeroportos disse que o governo vê com tranquilidade o momento da Azul.
– B3 ON subiu 3,29%, também endossada pelo clima mais comprador na bolsa, após duas quedas seguidas, sendo que na véspera fechou em baixa de mais de 2%.
– VALE ON avançou 0,78%, apesar do novo recuo dos futuros do minério de ferro na China. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou o pregão diurno com queda de 3,09%, a 689,5 iuanes (96,95 dólares) a tonelada, seu nível mais fraco desde agosto de 2023.
– PETROBRAS PN terminou com variação positiva de apenas 0,03%, em mais um dia fraqueza do petróleo no exterior. Após o tombo da véspera, o barril de Brent fechou em baixa de 1,42%. No setor, PRIO ON caiu 1,31%, tendo ainda no radar dados de produção
– ITAÚ UNIBANCO PN encerrou em alta de 0,7%, enquanto BRADESCO PN avançou 0,76%.
– IRB(RE) ON recuou 6,27%, em dia de ajustes após duas altas seguidas, período em que acumulou um ganho de 7,4%.
– BRASILAGRO ON, que não está no Ibovespa, subiu 3,64% após a companhia que afirma ser líder em comercialização e desenvolvimento de propriedades rurais estimar aumento de 4% na área de plantada para a safra 2024/2025 ante o realizado na safra anterior, para 178,9 mil hectares.