O dólar recuava frente ao real nesta quinta-feira, 5, em linha com a fraqueza da moeda norte-americana no exterior, à medida que investidores avaliavam dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos que fomentavam a perspectiva de um afrouxamento monetário mais agressivo do Federal Reserve.

+ Mercado amplia chances de corte de juros maior pelo Fed, após dados sobre emprego nos EUA

Às 9h54, o dólar à vista caía 0,33%, a R$ 5,6211 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha queda de 0,38%, a R$ 5,638 na venda

Na quarta-feira, o dólar à vista fechou em leve baixa de 0,08%, cotado a R$ 5,6395.

Nesta manhã, os mercados globais digeriam novos dados sobre o mercado de trabalho dos EUA em busca de sinais sobre o estado da maior economia do mundo e o tamanho de um potencial corte de juros a ser realizado pelo Fed em sua reunião deste mês.

Na primeira divulgação do dia, o relatório de emprego da ADP mostrou que 99.000 postos de trabalho foram criados no setor privado em agosto, bem abaixo da expectativa de analistas consultados pela Reuters de 145.000 vagas, de 111.000 revisados para baixo no mês anterior. Anteriormente haviam sido informados 122.000 empregos criados em julho.

Minutos depois, números do Departamento de Trabalho mostraram que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego na semana encerrada em 31 de agosto caíram para 227.000, abaixo da projeção dos analistas de 230.000, de 232.000 revisados ligeiramente para cima na semana anterior.

Apesar do dado mais benigno para os pedidos de auxílio-desemprego, o relatório do setor privado reforçava alguns temores dos agentes financeiros sobre uma desaceleração agressiva da economia norte-americana, com um esfriamento do mercado de trabalho mais forte do que o esperado, o que deve ser considerado pelo Fed em sua próxima decisão.

No mês passado, o chair do Fed, Jerome Powell, afirmou que “chegou a hora” de ajustar a postura do banco central dos EUA, apontando que as autoridades não aceitariam um abrandamento adicional do mercado de trabalho.

Operadores colocavam 45% de chances de um corte de 50 pontos-base nos juros do Fed neste mês, acima dos 43% antes dos dados. Eles ainda projetavam 112 pontos-base de afrouxamento até o fim do ano, de 109 pontos-base mais cedo.

Com isso, o dólar se enfraquecia ante a maioria de seus pares fortes e emergentes, devido a forte queda nos rendimentos dos Treasuries, o que tornava a moeda norte-americana menos interessante para investidores.

O rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– caía 4 pontos-base, a 3,731%.

“Se você tem uma perspectiva de que a economia norte-americana está contraindo, tem a visão de cortes de juros lá e aqui mantém a diferença de juros com os EUA, a tendência é a valorização da nossa moeda frente ao dólar”, disse Vitor Oliveira, sócio da One Investimentos.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,18%, a 101,080.

Entre os emergentes, a divisa dos EUA recuava ante o peso colombiano, o rand sul-africano e o peso chileno.

As atenções agora se voltam para o relatório de emprego de agosto do Departamento de Trabalho dos EUA, com expectativa de criação de 160.000 postos de trabalho, de 114.000 no mês anterior.

“As informações de segunda linha do mercado de trabalho dos EUA até agora mostram uma inegável condição de afrouxamento, e não há como o dólar não sofrer com isso. Outro número fraco amanhã pode confirmar um corte de maior magnitude do Fed em setembro e consolidar o caminho do dólar para baixo”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.

No cenário nacional, o mercado ainda avaliava a perspectiva de uma alta na Selic, agora em 10,50% ao ano, na reunião do Copom deste mês, após um PIB acima do esperado para o segundo trimestre do ano e leituras recentes que mostraram a inflação se afastando do centro da meta de 3%.

Na curva de juros brasileira, a perspectiva de um afrouxamento monetário mais agressivo nos EUA derrubava as taxas de juros futuras, com a taxa do DI para janeiro de 2025 — que reflete a política monetária no curtíssimo prazo — em 10,925%, com queda de 2 pontos-base.

Ibovespa

A bolsa paulista não mostrava um viés definido nesta quinta-feira, com agentes repercutindo dados de emprego dos Estados Unidos mais fracos que o esperado, enquanto aguardam um relatório do mercado de trabalho na sexta-feira considerado crucial para as apostas da próxima decisão do Federal Reserve.

Por volta de 10h40, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, subia 0,22%, a 136.414,42 pontos, tendo marcado 135.959,32 pontos na mínima e 136.529,02 pontos na máxima até o momento. O volume financeiro somava 1,98 bilhão de reais.

Dados divulgados mais cedo pela empresa ADP mostraram que foram abertas 99.000 vagas de emprego no setor privado norte-americano em agosto, o menor número desde janeiro de 2021, contra 111 mil em julho (dado revisado de 122 mil divulgado anteriormente) e expectativa de 145 mil postos.

Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego também ficaram abaixo das previsões de economistas, recuando em 5 mil na semana encerrada em 31 de agosto, para 227 mil em dado com ajuste sazonal, ante estimativas de 230 mil pedidos.

Após os dados, o rendimento do título de 10 anos do Tesouro norte-americano marcava 4,0392%, de 4,067% na véspera, enquanto o S&P 500 mostrava acréscimo de 0,06%.

Investidores agora aguardam o amplo relatório do governo sobre o mercado de trabalho, que pode ajudar a definir as apostas sobre a magnitude de um corte de juros tido como certo pelo Federal Reserve neste mês, se de 0,25 ponto percentual ou 0,50 pontos. Atualmente, a taxa está na faixa de 5,25% a 5,50%.

De acordo com o estrategista-chefe da Avenue, William Castro Alves, com mais um dado fraco do mercado de trabalho mostrado pela ADP, houve um aumento das expectativas de corte de 0,5 ponto na decisão que será conhecida no próximo dia 18. “As atenções agora se voltam ao dado de ‘payroll’…amanhã.”

DESTAQUES

– MRV&CO ON avançava 4,76%, em mais uma sessão de alívio nas taxas futuras de juros, com o índice do setor imobiliário mostrando acréscimo de 0,33%.

– AZUL PN recuava 1,63%. A companhia aérea divulgou no final da quarta-feira que a BlackRock, em nome de alguns de seus clientes, vendeu ações da Azul e agora suas participações representam aproximadamente 4,716% do total das ações preferenciais da empresa.

– BRAVA ENERGIA ON caía 1,26%, após a petroleira, anteriormente conhecida como 3R, divulgar que a produção no campo Papa Terra foi interrompida na quarta-feira por pedido da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) de informações sobre sistemas operacionais da plataforma.

– VALE ON tinha variação positiva de 0,72%, mesmo com os futuros do minério de ferro na China recuando pelo quinto pregão seguido. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou o dia com queda de 2,58%, a 678,5 iuanes (95,58 dólares) a tonelada.

– PETROBRAS PN subia 0,34%, em dia de alta dos preços do petróleo no mercado internacional. O barril de Brent, usado como referência pela companhia, avançava 1,06%, a 73,47 dólares.

– ITAÚ UNIBANCO PN registrava decréscimo de 0,21%, enquanto BRADESCO PN mostrava estabilidade. BANCO DO BRASIL ON perdia 0,31% e SANTANDER BRASIL UNIT cedia 0,47%.

– ALLOS ON cedia 0,26%, após anunciar na véspera a segunda expansão do Shopping Campo Grande, em investimento de 216 milhões de reais. O projeto, segundo a companhia, irá impactar 23,7 mil m² de Área Bruta Locável (ABL), incluindo 11,5 mil m² de ABL redesenvolvida e 12,2 mil m² de ABL adicional.

– REDE D’OR ON avançava 0,57%, tendo de pano de fundo relatório da agência de classificação de risco S&P Global Ratings elevando a nota do grupo de saúde para “BB+” ante “BB”.