O primeiro jogo da NFL no Brasil aconteceu na última sexta-feira, 6, com a vitória do Philadelphia Eagles sobre o Green Bay Packers por 34 a 29. Mas o que as mais de 47 mil pessoas não viram foi a tecnologia por trás do jogo e dos uniformes dos jogadores.

Responsável pelo rastreamento dos jogadores em campo, a tecnologia desenvolvida pela Zebra Technologies monitora mais de 20 métricas do jogo entre velocidade máxima dos jogadores, distância percorrida por partida, tempo de arremesso entre outros. 

Cada jogador está equipado com sensores RFID (Identificação por radiofrequência, na sigla em inglês) em suas ombreiras, que rastreiam sua posição em campo, coletando informações como velocidade máxima, tempo de aceleração e até mesmo a distância percorrida durante uma jogada. Essa análise de dados permite que os treinadores ajustem táticas em tempo real e que os jogadores entendam melhor seu próprio desempenho, criando um ciclo contínuo de melhorias.

A companhia é parceira oficial da NFL desde 2014 e fornece dados em todos os jogos da temporada, playoffs e para o Super Bowl. A empresa não divulga qual o valor do contrato com a liga.

O CEO da empresa no Brasil, Vanderlei Ferreira explica que a empresa começou a vender as soluções de rastreamento para grandes fábricas e usinas, e que desenvolveu o braço esportivo posteriormente. 

“Nossas soluções eram usadas para grandes espaços como fábricas e usinas para monitorar os funcionários. Depois de um tempo, pensamos: por que não abrir uma frente nos esportes?”, explicou. 

Tag usada dentro da bola e nos uniformes dos atletas e dos árbitros da partida e uma das 22 antenas receptoras que estavam na Neo Química Arena na última sexta Foto: Bruno Pavan/ IstoÉ Dinheiro

Como a tecnologia funciona? 

Todos os jogadores e os árbitros usam na roupa uma pequena tag, que também é colocada dentro da bola do jogo. Esse aparelho transmite informações em tempo real para antenas que estão distribuídas pelo estádio. Na Neo Química Arena, por exemplo, foram 22. 

Os treinadores têm à disposição uma gama avançada de estatísticas detalhadas ao monitoramento. Por exemplo, eles podem analisar métricas de arremesso, como o Tempo para Arremessar, que mede a rapidez de uma jogada; a Média de Jardas Aéreas Concluídas; (CAY) e a Média de Jardas Aéreas Pretendidas (IAY), que mostram a eficácia das jogadas aéreas; e o Diferencial Médio de Jardas Aéreas (AYD), que compara as jardas previstas com as reais. Para as jogadas de corrida, os treinadores podem monitorar métricas que avaliam a precisão e eficiência dos corredores. Quando se trata de recepções, mais 11 métricas identificam as melhores jogadas disponíveis e os desempenhos individuais.

Derek Bonuccelli, Gerente Sênior de Produtos Esportivos da Zebra, explica que uma das vantagens da tecnologia em relação ao GPS é que a comunicação com as antenas é feita via radiofrequência, o que torna possível a captação dos dados em tempo real. 

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Estádio contou com 22 antenas para captar informações em tempo real (Crédito:Divulgação/ Corinthians)

“Nossas informações aparecem em tempo real para times, emissoras de TV e para os torcedores. Algumas delas são privadas para as comissões técnicas e as que são de uso geral da NFL são postas em contrato”, afirmou. 

Os dados são vistos em tempo real por dois operadores do sistema da Zebra e parte da comissão técnica de ambos os times, que se comunicam com o técnico principal durante toda a partida. 

Além disso, 12 das 32 franquias da liga também contratam o pacote de treinos durante toda a temporada regular e a pré-temporada. 

Bonucelli explica que os próximos passos é colocar mais métricas de monitoramento e melhorar a qualidade da imagem por meio de processamento 3D. 

“Queremos colocar métricas que permitam que os times possam analisar os movimentos dos atletas e assim conseguir mais informações na hora de evitar uma lesão, por exemplo. Também estamos trabalhando para melhorar a resolução das imagens geradas pelo sistema, para que elas possam ser exibidas em 3D”, acredita. 

É possível colocar no nosso futebol? 

Hoje em dia é comum os clubes de futebol no Brasil terem sistemas de GPS em cada um dos jogadores, mas a tecnologia não é adotada de forma oficial pela CBF para todos os clubes. 

A Zebra não abre valores do quanto custaria a implementação no futebol brasileiro, mas afirma que a tecnologia está disponível para qualquer modalidade.