Se a atual situação climática continuar a piorar no Brasil, os impactos sobre a economia, a médio e longo prazo, tenderão a ser cada vez mais adversos, com reflexos na inflação e no PIB (Produto Interno Bruto), principalmente por prejudicar o fornecimento de energia e a produtividade agropecuária. O alerta é da LCA Consultores.

Em relatório de análise macroeconômica divulgado nesta terça-feira, a LCA destaca que a expectativas de curto prazo para a inflação vêm piorando desde maio, na esteira da depreciação da cotação cambial doméstica, e lembra que a seca já provocou mudança nas bandeiras tarifárias de energia elétrica e começam a exercer pressão sobre os preços de alimentos.

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“A seca severa deste ano, num contexto em que os níveis de precipitação vêm caindo há mais de década tem potencial para representar um significativo choque negativo de oferta – com efeitos, ao mesmo tempo, de aumento da inflação e de redução do crescimento do PIB”, afirma o relatório.

“Olhando mais à frente, embora iniciativas como melhoras na infraestrutura de geração e distribuição de eletricidade e a continuidade da expansão de fontes de oferta de energia alternativas à hidrelétrica possam ajudar, elas demandariam bastante tempo para se materializar e, portanto, para se mostrarem efetivas para mitigar os efeitos deletérios da escassez de chuvas’, acrescenta.

Com relação a taxa básica de juros, a LCA afirma que, além das expectativas de inflação, o mercado de trabalho “apertado” é um dos fatores que tem levado o Banco Central a cogitar elevar a sua taxa básica de juros, na contramão do movimento dos bancos centrais dos EUA e de outras economias centrais.

“A probabilidade de que um ciclo de aumento da Selic seja implementado no curto prazo passou a preponderar. Mas há fatores a sugerir que o ciclo será moderado. Dentre esses fatores está o comportamento da inflação corrente – que tem mostrado alguma descompressão de medidas de núcleo”, diz a LCA, avaliando que o ciclo de alta da Selic “ficará limitado a 150 pontos-base”.