O Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, anunciou nesta quarta-feira, 18, a redução de 0,5 ponto percentual (p.p.) na taxa de juros do país, levando o patamos dos juros para 4,75% a 5%. Essa foi a primeira redução na taxa desde março de 2020.

+ Por que o BC deve voltar a subir juros hoje e qual o impacto disso na economia?

O corte na taxa era esperado pelo mercado, mas havia dúvida sobre a magnitude, se seria de 0,25 p.p. ou 0,50 p.p. No comunicado, o comitê de política monetária (Fomc) do Fed destaca que os indicadores econômicos recentes “sugerem que atividade a econômica continuou a se expandir em um ritmo sólido”, e que o mercado de trabalho, apesar de ter registrado recuo recente, ainda tem desemprego em níveis mais baixos. Aliado a isso, na avaliação do grupo, a inflação “fez progressos em direção à meta”, de 2%.

Com isso, o Fomc considerou que os riscos para atingir suas metas de emprego e inflação estão aproximadamente equilibrados, por isso a decisão pelo afrouxamento monetário. Contudo, aponta para uma perspectiva econômica, ficando, portanto, atento aos riscos.

“O Comitê estaria preparado para ajustar a postura da política monetária conforme apropriado se surgirem riscos que possam impedir a obtenção das metas do Comitê. As avaliações do Comitê levarão em conta uma ampla gama de informações, incluindo leituras sobre as condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação, e desenvolvimentos financeiros e internacionais”, diz o comunicado do Fomc.

A decisão não foi unânime entre os membros, com 11 deles favoráveis ao corte de meio ponto, incluindo o presidente do Fed, Jerome Powell, e uma integrante votando pela redução de 0,25 ponto.

Juros no Brasil

Ainda nesta quarta-feira, o Banco Central do Brasil também divulga sua decisão sobre juros. A expectativa do mercado é de um aumento de 0,25 ponto percentual.

Para o economista André Perfeito, a decisão do Fed, por um lado, impõe limite ao processo de alta de juros no Brasil, mas também fornece ao BC “uma chance de ouro”, de fazer uma alta única de 0,50 ponto percentual da Selic. “Quem sabe, o choque pode servir de freio de arrumação das expectativas de médio prazo. Seja como for, o Copom hoje tem umas das decisões mais difíceis do mandato de Campos Neto.

Perfeito também avalia que a decisão do BC americano foi “surpreendente”, e que o comunicado indica a possibilidade de mais cortes, inclusive na mesma magnitude, na próxima reunião.

Impacto no câmbio e nos investimentos

Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, a decisão do Fed pode fazer o dólar perder força frente às principais moedas, enquanto o interesse por ativos mais arriscados deve aumentar, o que pode impulsionar as bolsas.

Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, vê um impacto na liquidez nos mercados globais, impulsionando ativos de risco, como ações e commodities. “Esse cenário da economia americana, após um período de elevada taxa de juros, pode entrar em um novo ciclo de expansão, o que favorece o consumo e os investimentos”.