O dólar emplacou nesta quarta-feira, 18, a sexta sessão consecutiva de baixa ante o real após o Federal Reserve optar por um corte maior nos juros dos EUA, o que em tese torna o Brasil relativamente mais atrativo aos investimentos financeiros vindos do exterior.

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Com o mercado à espera da decisão do Banco Central sobre a taxa básica Selic, ainda na noite desta quarta, o dólar à vista fechou o dia em baixa de 0,48%, cotado a R$ 5,4601. Nos últimos seis dias úteis, a moeda norte-americana acumulou queda de 3,45%. Veja cotações.

Às 17h04, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,36%, a R$ 5,4685 na venda.

O Ibovespa também fechou em queda nesta quarta-feira, após o corte do Federal Reserve nos juros dos Estados Unidos e com Petrobras pressionando em meio a receios sobre os potenciais reflexos da fraqueza do petróleo no exterior.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa cedeu 0,9%, a 133.747,69 pontos, tendo tocado 135.203,32 pontos na máxima e 133.762,21 pontos na mínima do dia.

O volume financeiro no pregão somava R$ 37,64 bilhões antes dos ajustes finais de uma sessão também marcada pelo vencimento de contratos de opções sobre o Ibovespa.

Investidores do mercado brasileiro agora aguardam o desfecho da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central no país, que divulga a decisão sobre a Selic também nesta quarta-feira, com as apostas neste caso principalmente na alta de 0,25 ponto percentual, sobre os atuais 10,50%.

Projeções de autoridades do Fed, também divulgadas nesta quarta-feira, mostraram a taxa de juros em 4,4% no final de 2024 (de 5,1% antes) e em 3,4% no final de 2025 (de 4,1% antes).

O Ibovespa superou os 135 mil pontos pela primeira vez no dia logo após a divulgação da decisão, mas, em seguida, passou a mostrar volatilidade, trocando de sinais várias vezes, embora sempre com variações contidas.

“Este pode ser um dos inícios mais esperados e telegrafados de um ciclo de corte de juros em anos”, afirmou o chefe de estratégias de investimentos da Global X, Scott Helfstein. “Tenho certeza de que os investidores previram isso, com a verdadeira questão sendo a magnitude (do corte).”

Ele disse que o corte pode ser percebido como a preocupação do Fed sobre o enfraquecimento da economia, mas fundamentos fortes nas próximas semanas podem acalmar os mercados.

Em coletiva à imprensa após a decisão, o chair do Fed, Jerome Powell, disse que não vê nenhuma indicação de recessão ou mesmo de uma desaceleração econômica à frente. “Não vejo nada na economia agora que sugira que a probabilidade de uma recessão — desculpe, de uma desaceleração — seja elevada.”

Em Wall Street, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, fechou em baixa de 0,29%, enquanto o rendimento do título de 10 anos do Tesouro dos EUA marcava 3,7019% no final da tarde, de 3,642% na véspera.

Investidores do mercado brasileiro encerraram as negociações no aguardo do desfecho da reunião do Banco Central no país, que divulga a decisão sobre a Selic também nesta quarta-feira, com as apostas neste caso principalmente na alta de 0,25 ponto, sobre os atuais 10,50%.

DESTAQUES

– PETROBRAS PN cedeu 2,4%, em meio à fraqueza dos preços do petróleo no exterior, com o barril de Brent, usado como referência pela estatal, fechando em baixa de 0,07% nesta sessão, ampliando a perda em setembro para cerca de 6,5%. Com tal desempenho e após performances negativas no acumulado dos dois últimos meses, agentes financeiros começam a mensurar os riscos de a estatal anunciar um corte nos preços dos combustíveis. Em comunicado nesta quarta-feira, a Petrobras afirmou que não há uma decisão sobre redução de preços.

– VALE ON recuou 1,17%, afetada pelo declínio dos futuros do minério de ferro na China após dois dias sem negociação dos contratos naquele país. O vencimento mais líquido na Dalian Commodity Exchange encerrou as negociações diurnas com um tombo de mais de 4%. CSN MINERAÇÃO ON encerrou os negócios cotada em baixa de 8,26%.

– ITAÚ UNIBANCO PN caiu 0,57%, em dia negativo para todos os bancos do Ibovespa.

– AZUL PN perdeu 10,08%, em dia de realização de lucros, após valorização expressiva desde a última sexta-feira, após a Reuters noticiar que a companhia está perto de fechar acordo com arrendadores de aviões, envolvendo a troca de dívida por ações. A companhia confirmou no domingo negociação com os arrendadores. Entre o fechamento de quinta-feira, de 4,04 reais, e a máxima desta quarta-feira, de 6,87 reais, a ação chegou a acumular um ganho de 70%.

– BRASKEM PNA avançou 4,76%, tendo no radar relatório de analistas do UBS BB elevando a recomendação das ações para “compra”. A companhia também divulgou na véspera que, após questionamento, a Novonor afirmou que não houve qualquer evolução nas discussões envolvendo a venda da sua participação na Braskem, enquanto a Petrobras disse não haver qualquer decisão sobre o tema. O comunicado respondeu à nota do colunista Lauro Jardim, de O Globo, de que bancos credores estudam criar um fundo no qual os créditos seriam convertidos em ações.

– SÃO MARTINHO ON subiu 2,57%, tendo como pano de fundo relatório de analistas do BTG Pactual avaliando que a recente queda no preço das ações oferece oportunidade atrativa de entrada, baseada no valuation, enquanto eles mantêm uma visão relativamente construtiva sobre os preços de etanol e açúcar no curto e médio prazos. Em meio a incêndios que têm atingido várias regiões no Brasil e que afetaram o setor, os papéis acumularam queda de 4,6% em agosto e perdem 3,5% em setembro.

– MARFRIG ON recuou 5,44%, com o setor como um todo entre os destaques negativos da sessão. JBS ON perdeu 4,19%, BRF ON cedeu 3,88% e MINERVA ON caiu 3,74%.

– AGROGALAXY ON, que não faz parte da carteira do Ibovespa, desabou 13,27% após anunciar que pediu recuperação judicial. A empresa, que atua no setor de insumos agrícolas, acrescentou que nos últimos meses “despendeu” esforços para lidar com os “desafios significativos” relacionados a eventos climáticos e deterioração das condições de mercado. Mais cedo, divulgara troca de CEO e renúncia de vários membros do conselho.