24/09/2024 - 6:30
A Biomm, empresa de comercialização de produtos farmacêuticos, assim como outras empresas do setor de saúde, foi fortemente impactada pela pandemia de Covid-19, mas não por conta de ruptura na cadeira de suprimentos. A grave crise sanitária mundial atingiu o Brasil quando uma nova planta da empresa, que recebeu investimentos de R$ 800 milhões, ficou pronta, pendente apenas das licenças e autorizações de operação, parte delas, emitidas pela Anvisa, que passou a ter demandas mais urgentes.
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Com isso, a planta só entrou em operação no final de abril deste ano, na cidade de Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte (MG). A inauguração do local contou com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da ministra da Saúde, Nísia Trindade, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
As presenças dão o tom da importância da nova unidade. A fábrica passou a ser a única fabricante 100% brasileira de insulina glargina do país, com capacidade para produzir 20 milhões de frascos de biomedicamentos e a mesma quantidade de carpules (a “caneta” com insulina).
O Brasil vive um momento de escassez de insulina, que levou a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) a emitir um posicionamento para o uso racional de insulinas em hospitais. O país tem mais de 20 milhões de pessoas com diabetes, de acordo com a SBD, a quinta maior população diabética no mundo.
“Temos uma capacidade muito grande. A unidade será muito importante para os brasileiros, pois representa a independência de insulina para o país”, afirma Renato Arroyo, CFO e diretor de Relações Institucionais da Biomm.
Arroyo destaca que, além da independência na produção do medicamento, a produção nacional proporciona não apenas segurança de fornecimento, como pode reduzir o custo, levando mais pessoas a terem acesso ao tratamento contra a doença.
A própria insulina glargina seria um exemplo, diz Arroyo. Ela já chegou a ser cinco a seis vezes mais cara que a insulina humana, e hoje estão com valores mais próximos.
“Temos uma demanda crescente por insulina no mundo e no Brasil, puxada, principalmente, pelo aumento da expectativa de vida da população, mas também temos uma restrição de insumos como um todo. Por isso, é importante ter esse produto sendo feito aqui, o que pode representar uma qualidade de vida melhor, com uma rapidez de fornecimento e comercialização que hoje não temos. Estamos montando um portfolio grandioso com grande foco em diabetes.”
A planta da fábrica também está habilitada a produzir outras classes de medicamento, além da insulina glargina e humana, como oncológicos e antitrombóticos. “Isso tudo demonstra que temos penetração em mercados diversos.” A Biomm tem 16 parcerias globais em biomedicamentos, alguns em processo de licenciamento e aprovação. E outros quatro sendo comercializados.
Uma das parcerias da Biomm é com a Fundação Ezequiel Dias (Funed) e a Wockhardt para um programa chamado de PDP (Parceria para Desenvolvimento Produtivo) de insulina no Brasil para fornecimento ao Sistema Único de Saúde (SUS).
‘Ozempic brasileiro’
Entre as parceiras globais da Biomm está a indiana Biocon para comercializaçao da semaglutida, composto do Ozempic, o medicamento criado para tratamento de diabetes, mas que se popularizou como um poderoso auxiliar na redução de peso – e consequentemente da incidência da doença.
O produto original é da dinamarquesa Novo Nordisk e fez tanto sucesso no mundo que chegou a impactar na economia da Dinamarca. A expiração da patente será em 2026. Com isso, a Biomm se prepara para iniciar a comercialização do componente a partir de então, que será produzido pela indiana Biocon.
Outra parceria da Biomm é com a biofarmacêutica chinesa Kexing para comercialização de liraglutida, fármaco sintético injetável similar ao Saxenda. Esse auxiliar na perda de peso também será comercializado no Brasil, após a expiração da patente, posterior aprovação regulatória pela Anvisa e a publicação do preço pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).