O Banco Central optou por não dar indicação futura sobre os próximos passos para os juros básicos no país diante de incertezas no cenário, mas insiste em seu firme compromisso com a meta de inflação, mostrou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira, 24.

No documento, o BC também informou que sua decisão de retomar o ciclo de alta na Selic se baseou em três pontos de análise: um cenário que demanda política monetária mais contracionista, uma percepção de que o início do ajuste deveria ser gradual e uma discussão sobre ritmo, magnitude do ciclo e sua comunicação.

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“Em virtude das incertezas envolvidas, o Comitê preferiu uma comunicação que reforça a importância do acompanhamento dos cenários ao longo do tempo, sem conferir indicação futura de seus próximos passos, insistindo, entretanto, no seu firme compromisso de convergência da inflação à meta”, informa a ata.

A meta central estabelecida para a inflação no país é de 3% neste e nos próximos anos, mas as expectativas do mercado para os preços à frente seguem persistentemente acima desse alvo, o que foi apontado pelo BC como uma preocupação comum de toda a diretoria.

“A desancoragem das expectativas de inflação é um fator de desconforto comum a todos os membros do Comitê. A reancoragem das expectativas é um elemento essencial para assegurar a convergência da inflação para a meta ao menor custo possível em termos de atividade”, afirmou a ata.

Na última quarta-feira, o Copom decidiu elevar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, a 10,75% ao ano, em decisão unânime de sua diretoria, passando a ver um cenário com risco mais elevado de alta da inflação à frente e sugerindo também um possível superaquecimento da economia brasileira.

Aperto ‘gradual’

A ata informa também que todos os membros do Comitê concordaram em “iniciar gradualmente o ciclo de aperto de política monetária”.

“O Comitê julgou que o início do ciclo deveria ser gradual de forma a, por um lado, se beneficiar do acompanhamento diligente dos dados, ainda mais em contexto de incertezas, tanto nos cenários externo como doméstico, mas, por outro lado, permitir que os mecanismos de transmissão da política monetária que possibilitarão a convergência da inflação à meta já comecem a atuar”.

A mediana das estimativas do mercado financeiro no relatório Focus do Banco Central para a taxa Selic no fim de 2024 subiu de 11,25% para 11,50% após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, indicando que o mercado já aguarda pelo menos um aumento de 0,5 ponto porcentual (pp) nos juros este ano.