O dólar firmava alta ante o real nesta quarta-feira, 25, à medida que investidores ponderavam se os dados do IPCA-15 de setembro divulgados logo na abertura representavam um fator positivo ou negativo para a moeda brasileira.

Às 12h35, o dólar à vista subia 0,65%, a R$ 5,488 na venda, após ter aberto o dia em leve queda. Já o Ibovespa tinha queda. Veja cotações.

Nesta manhã, o mercado analisava novos dados do IPCA-15 de setembro, em busca de indícios sobre a trajetória da inflação no Brasil e, consequentemente, da política monetária local, uma vez que o Banco Central tem frequentemente renovado sua ambição de levar o nível dos preços para o centro da meta de 3%.

O IBGE informou que o índice teve alta de 0,13% no mês, abaixo dos 0,3% esperados por analistas consultados pela Reuters, ante avanço de 0,19% em agosto. Em 12 meses, o IPCA-15 atingiu alta de 4,12%, após subir 4,35% no mês anterior.

O resultado, que mostrou a inflação se aproximando um pouco do centro da meta, afastando alguns temores em relação à dinâmica futura dos preços no Brasil, reduziu as expectativas do mercado por uma alta agressiva na Selic na próxima reunião do Copom em novembro.

Operadores passaram a ver 77% de chance de um aumento de 50 pontos-base na taxa básica de juros em novembro, para 11,25% ao ano, de 94% antes dos dados. Eles veem 23% de probabilidade de alta de 25 pontos.

Os dados desta quarta-feira também impactavam a curva de juros brasileira, particulamente no longo prazo, com o mercado vendo juros futuros menores diante da perspectiva de uma inflação abaixo do esperado para os próximos anos.

Segundo analistas, o cenário era ambíguo para a moeda brasileira, pois enquanto a estabilização da inflação seria um elemento positivo para investidores estrangeiros, a perspectiva de juros menores torna o real menos atrativo para operações.

“O IPCA 15 vem como uma boa notícia. Ele mostra que, aparentemente, setembro vai ser igual a agosto, um mês de baixa pressão inflacionária, e que é possível que o Brasil continue a ter sua estabilização de preços em direção à meta”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

“Uma estabilidade inflacionária é boa para atrair investimentos estrangeiros, torna o Brasil um país mais previsível… por outro lado, diminui a expectativa para a elevação dos juros básicos no Brasil, um dos grandes fatores do fortalecimento do real”, completou.

Cenário externo

No cenário externo, o dólar se recuperava após a forte queda acumulada na véspera.

Na terça-feira, diversos pares da moeda norte-americana, incluindo o real, ganharam sobre o dólar devido ao apetite por risco impulsionado pelo anúncio de um pacote de medidas de estímulo econômico na China, que tem sofrido com uma crise imobiliária e uma demanda interna fraca.

O anúncio melhorou as perspectivas sobre a segunda maior economia do mundo, que também é o maior importador de matérias-primas global, o que impulsionou as moedas de mercados emergentes na véspera.

Esse impulso, no entanto, parecia se dissipar nesta sessão, com alguns analistas ponderando sobre o verdadeiro efeito do estímulo chinês, gerando queda nos preços de algumas commodities, como o petróleo.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,19%, a 100,420.

A moeda dos Estados Unidos também subia frente ao peso mexicano e ao peso chileno.