O dólar à vista fechou nesta quinta-feira, 26, em baixa no Brasil, acompanhando o recuo quase generalizado da moeda norte-americana no exterior, após Pequim prometer gastar ainda mais para impulsionar a economia da China, a maior compradora de commodities do mundo.

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O dólar à vista fechou em baixa de 0,59%, cotado a R$ 5,4452. Em setembro, a divisa acumula queda de 3,39%. Veja cotações.

Às 17h03, na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,55%, a 5,4470 reais na venda.

O Ibovespa fechou em alta nesta quinta-feira, ancorado no avanço dos papéis da Vale, em meio ao otimismo renovado com promessas de estímulos econômicos na China, o que também favoreceu outras ações do setor de materiais básicos.

Na ponta negativa — e minando um impulso maior –, as ações da Petrobras recuaram cerca de 2%, acompanhando o forte declínio nos preços do petróleo no exterior.

Índice referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,02%, a 132.933,17 pontos, de acordo com dados preliminares, chegando a marcar 133.312,77 pontos no melhor momento e, no pior, 131.593,50 pontos.

O volume financeiro somava 25,02 bilhões de reais antes dos ajustes finais.

O dólar no dia

A moeda norte-americana despencou ante o real já no início da sessão, após líderes chineses prometerem “gastos fiscais necessários” para atingir a meta de crescimento econômico deste ano, de aproximadamente 5%.

As falas, que incluíram orientações ao governo para sustentar o consumo das famílias e estabilizar o conturbado mercado imobiliário, foram feitas em uma leitura oficial da reunião mensal das principais autoridades do Partido Comunista, o Politburo. A reunião de setembro não costuma ser um fórum para discussões macroeconômicas, o que sugere uma ansiedade crescente em relação à desaceleração do ritmo de crescimento chinês.

Esta promessa somou-se à série de medidas anunciadas pela China na última terça-feira para impulsionar a economia.

A movimentação na China deu força às divisas de países exportadores de commodities, como o Brasil, e as cotações do dólar despencaram. Às 9h07, pouco depois da abertura, o dólar à vista marcou a mínima de 5,4051 reais (-1,32%).

“A China é o maior parceiro comercial do Brasil e, com a economia chinesa em crescimento, o país tende a importar mais commodities brasileiras, injetando mais dólares no mercado local e contribuindo para a valorização do real frente à moeda norte-americana”, afirmou Bruno Nascimento, analista de câmbio da B&T Câmbio, em comentário enviado a clientes.

“Além disso, esses estímulos reduzem a aversão ao risco global, o que fortalece as moedas de mercados emergentes.”

No restante da sessão, o dólar recuperou um pouco de fôlego, chegando a marcar a máxima de 5,4564 reais (-0,38%) às 14h23, mas a influência da China garantiu o fechamento no negativo. No exterior, o dólar se mantinha em baixa ante uma cesta de moedas fortes e em relação às divisas de países emergentes. Às 17h06, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,40%, a 100,540.

Com a forte influência da China nas cotações, ficou em segundo plano a divulgação do Relatório de Inflação do Banco Central, pela manhã, e a entrevista do presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, em São Paulo.

No documento, o BC melhorou sua projeção de crescimento econômico em 2024, de 2,3% para 3,2%. No entanto, informou que espera um menor ritmo de crescimento na segunda metade de 2024 e ao longo de 2025, ano para o qual a autarquia projeta um crescimento de 2,0%.

Já Campos Neto afirmou que a alta recente de prêmios na curva a termo brasileira pode ser explicada pela percepção de menor transparência fiscal por parte do governo. Porém, segundo ele, a situação do Brasil não é tão ruim na comparação com outros países. Na terça-feira ele já havia afirmado que houve “exagero” na curva.

Pela manhã, o BC vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 1º de novembro de 2024.