04/10/2024 - 11:00
Um bar onde o vinho assume o protagonismo, deixando a cerveja em segundo plano. Esse é o momento dos wine bars em São Paulo. Do tradicional Bardega, que introduziu o conceito de vários rótulos servidos em taças em 2012, ao recém-inaugurado Vinho Boteco, que abriu suas portas há quatro meses na Rua dos Pinheiros. O bairro da zona oeste, aliás, é um dos principais redutos desses estabelecimentos, abrigando o famoso Sede 261, o Canaille e uma das unidades do Vino!. De ambientes sofisticados a espaços mais despojados, voltados tanto para quem entende de vinho quanto para quem está apenas começando, a capital paulista já conta com mais de 15 estabelecimentos dedicados à bebida, que têm conquistado espaço especialmente no “happy hour”.
Nem sempre foi assim. O empresário Rafael Ilan abriu o Bardega no Itaim Bibi (Rua Dr. Alceu de Campos Rodrigues, 218) em novembro de 2012, quando, como diz a expressão, “tudo ainda era mato”. “Na época, o boom era a cerveja artesanal”, contou Ilan à DINHEIRO. A ideia do bar surgiu após uma viagem aos Estados Unidos, onde ele conheceu um local com enomatic e decidiu importar o conceito para o Brasil. Trata-se de uma máquina automática que serve vinho em taça em diferentes dosagens e utiliza gás argônio ou nitrogênio na garrafa para evitar o contato do vinho com o oxigênio, mantendo sua qualidade mesmo após a abertura.
Hoje, o Bardega conta com 96 rótulos distribuídos em 12 máquinas, cada uma com 8 garrafas, organizadas por estilo, que se intensificam conforme o cliente percorre o corredor — uma verdadeira vitrine de sabores. Os primeiros são os vinhos brancos e rosés, até chegar aos mais encorpados. O serviço é interativo: o cliente recebe uma comanda individual que, ao ser inserida na máquina, permite a escolha do vinho e da quantidade desejada: 30 ml, 60 ml ou 120 ml, com preços a partir de R$ 5 por dose. Além disso, dois sommeliers estão à disposição para orientar os clientes, e o menu oferece diversas opções de entradas e pratos para compartilhar.
TENDÊNCIA
Mais de uma década depois, o cenário do Bardega mudou significativamente. Internamente, os vinhos nacionais começaram a ganhar destaque, e atualmente o bar oferece sete rótulos e dois espumantes brasileiros. No mercado externo, a concorrência cresceu como reflexo do próprio setor. Segundo a Wine Intelligence, o Brasil já ocupa a 14ª posição no ranking dos maiores mercados de vinho do mundo. Assim, o consumo de vinho se tornou mais democrático e ganhou as ruas de São Paulo.
Dentre as diversas propostas, destaca-se o Sede 261, comandado pelas sommelières Daniela Bravin e Cassia Campos. O wine bar funciona em uma porta de garagem na Rua Benjamin Egas, 261, em Pinheiros, onde os clientes se acomodam em cadeiras de praia na calçada. O local chama atenção não só pelo ambiente descontraído, mas também pela alta rotatividade dos rótulos.
Outro destaque é o Vino!, localizado na Rua Fradique Coutinho, 47, que oferece cerca de 300 rótulos servidos em garrafas e taças. No menu, há sugestões de vinhos harmonizados com cada prato. A rede possui outras sete unidades na cidade.
Entre os recém-chegados, o Vinho no Boteco, liderado pela restauratrice Daniela Ferigato, tem despertado a curiosidade do público na Rua dos Pinheiros, 578. Com um ambiente despojado em estilo taberna, decorado com plantas e quadros de gatos, Ferigato afirmou à DINHEIRO que “o estabelecimento nasceu com o objetivo de desmistificar o comportamento aristocrático de quem toma vinho e criar um ambiente convidativo para quem passa por ali”.
A carta de vinhos inicial, dividida em brancos, champanhes, espumantes e cavas, rosés e os mais exóticos, apresentava cerca de 80 rótulos e sete opções de taças de vinho, que harmonizavam com um cardápio enxuto. Com o sucesso, novos vinhos foram incorporados. Nesta quinta-feira (26), um novo cardápio será lançado. Além dos quase 100 rótulos, a grande aposta da proprietária para o fim do ano é a “Pizza da Judite”, uma receita de família da região de Ferrara, na Itália. Um spoiler: vem aí a segunda unidade do Vinho no Boteco no início de 2025. No entanto, Ferigato ainda mantém em segredo o novo endereço.