04/10/2024 - 0:40
Os candidatos Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB), que, conforme as pesquisas, disputam duas vagas num segundo turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo, ensaiaram na noite da quinta-feira, 3, um comportamento mais propositivo no debate promovido pela TV Globo – o último antes da votação em primeiro turno, no domingo, 6. No entanto, no decorrer do encontro, os postulantes voltaram a recorrer às provocações e ataques mútuos.
Pesquisa Datafolha sobre o pleito divulgada na quinta mostra que os três postulantes se mantêm em empate triplo na liderança.
Após os primeiros blocos em que os participantes adotaram um tom ameno nos questionamentos e respostas, Nunes, atual prefeito e candidato à reeleição, no embate direto com Marçal, resolveu resgatar o passado do adversário para mostrar o que considera limitações do candidato do PRTB. O prefeito citou uma história sobre uma promessa do candidato do PRTB de construir casas na África. “Prometeu mais de 300, fez menos de 30”, disse Nunes. Pouco antes, o discurso do influenciador foi de renovação. Listou políticos da cidade para dizer ao eleitor que é hora de mudar tudo isso e tirar do poder o grupo que, segundo ele, está no comando da administração há 12 anos.
A candidata do PSB, Tabata Amaral, apontou mudanças de discursos de Boulos ao longo dos anos e afirmou que o candidato do PSOL foi moldado pelo marketing político para disputar as eleições. Um dos desafios da campanha do candidato do PSOL neste ano é justamente afastar a imagem de radical e apresentar uma versão tranquila do postulante. Com a abordagem, Tabata deixa claro que não deve ceder à pressão para eventualmente apoiar Boulos e subir em seu palanque em um provável segundo turno.
Para o debate, foram convidados cinco candidatos: além de Nunes, Boulos, Marçal e Tabata, também o apresentador José Luiz Datena (PSDB). Os convites obedecem à norma eleitoral que prevê que, para debates transmitidos por emissoras de rádio e televisão, devem ser obrigatoriamente incluídos os candidatos com representação mínima de cinco parlamentares no Congresso Nacional.
A emissora também acrescentou o critério jornalístico de interesse público para os convites, estendendo-o aos concorrentes que tenham alcançado pelo menos 6% de intenção de voto na última pesquisa Quaest, divulgada no último dia 30 – o que fez com que o candidato do PRTB, que não tem parlamentares nas casas legislativas, também fosse convidado.
‘Pele de cordeiro’
Boulos questionou Marçal sobre a escolha do secretariado. Antes, fez uma provocação sobre o perfil adotado pelo candidato do PRTB durante o debate. “Eu tô achando muito esquisito o perfil que o Marçal adotou hoje”, disse o candidato do PSOL. “Ele quer posar de bonzinho. Lobo em pele de cordeiro”. “Por que você indicou o time do (João) Doria para governar junto com você?”, questionou Boulos.
“Por acaso é filho do Doria, o Doria pariu ele? As pessoas que eu aceitei no meu governo foram, justamente, as que romperam com o Doria”, rebateu Pablo Marçal.
Boulos, na réplica, questionou a Marçal por que o influenciador “odeia tanto as mulheres”. “É um papinho de ‘esquerdopata maluco’, igual você”, disse Pablo Marçal na tréplica.
Tabata voltou a questionar se eleitores “concordam” com falas de Nunes sobre sua gestão na Prefeitura de São Paulo
No penúltimo embate do terceiro bloco, o atual prefeito direcionou sua pergunta para a deputada federal. Nunes mencionou a ampliação de parques e redução de índices de alagamento na cidade de São Paulo. Tabata, novamente, jogou o questionamento para os eleitores. “Você concorda?”, indagou a candidata ao público sobre as falas do emedebista. “Você realmente acha que a gente está avançando?”, completa, e menciona planos para redução de riscos sobre mudanças climáticas e esboçou preocupação com o período chuvoso da capital paulista por conta de enchentes.
Nunes cita que aumentou a área de cobertura vegetal da cidade durante sua gestão, e que tem “orgulho” de ações realizadas no seu mandato sobre meio ambiente.
“São coisas tão óbvias de entender que não é mais privilégio, não é escolha. Tem que fazer já”, concluiu a deputada sobre medidas para desacelerar o impacto das mudanças climáticas em São Paulo.