O dólar fechou nesta terça-feira, 8, em alta no Brasil, novamente acima dos R$ 5,50, acompanhando o avanço da moeda norte-americana também no exterior em meio às dúvidas sobre os estímulos econômicos na China, ao acirramento do conflito no Oriente Médio e à perspectiva de cortes menores de juros nos EUA.

+ Quanto dá para juntar em 5 anos se eu guardar R$ 300, R$ 500 ou R$ 800 por mês?

O dólar à vista fechou em alta de 0,85%, cotado a R$ 5,5334. Em outubro, a divisa acumula elevação de 1,55%.

Às 17h04, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,63%, a 5,5485 reais na venda.

Já o Ibovespa fechou em baixa nesta terça-feira, pressionado pela queda de Vale e Petrobras com o recuo de commodities, mas afastado das mínimas, tendo WEG, Localiza e Itaú entre os contrapesos, enquanto Azul disparou após acordo sobre dívidas.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa recuou 0,38%, a 131.511,73 pontos, tendo chegado a 130.370,77 pontos na mínima e a 132.015,79 pontos na máxima do dia. O volume financeiro somava R$ 20,03 bilhões.

O dólar no dia

Os principais fatores de influência sobre as cotações nesta terça-feira vieram do exterior. Em primeiro lugar, houve certa decepção no mercado com medidas anunciadas pela China para estimular sua economia, consideradas insuficientes. Isso impactou negativamente divisas de países exportadores de commodities, como o real.

“Os investidores esperavam novos estímulos do governo (chinês), que não se concretizaram, levando à queda das ações ligadas ao minério de ferro. Esse cenário afeta diretamente mercados emergentes, como o Brasil, que tem forte dependência das commodities”, avaliou Diego Costa, head de câmbio para o Norte e Nordeste da B&T Câmbio, em comentário enviado a clientes.

Além disso, continuava a permear o mercado a cautela em torno do conflito envolvendo Israel, Hamas, Irã e Hezbollah no Oriente Médio. A perspectiva de um acordo de cessar fogo entre Israel e Hezbollah abriu espaço para uma queda firme do petróleo, superior a 4%, o que também era um fator negativo para o real, já que o Brasil é exportador da commodity.

Em terceiro lugar, investidores seguiram elevando as apostas no mercado norte-americano de títulos de que o Federal Reserve cortará os juros em 25 pontos-base em novembro — e não em 50 pontos-base, como visto em setembro. Como em sessões anteriores, a perspectiva de juros não tão baixos nos EUA deu suporte ao dólar ante outras divisas de países emergentes.

Assim, o dólar à vista permaneceu no território positivo durante toda a sessão, variando entre a mínima de 5,4972 reais (+0,20%) às 10h03 e a máxima de 5,5378 (+0,94%) às 14h10.

Os fatores externos influenciaram mais diretamente as cotações, embora os investidores também tenham acompanhado a sabatina no Senado do diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, indicado pelo governo para a presidência da autarquia.

Galípolo repetiu uma série de mensagens a respeito do compromisso do BC com o controle da inflação. Além disso, pontuou que o atual cenário com surpresas positivas na atividade, desancoragem das expectativas de inflação e câmbio mais desvalorizado demandam “prudência do ponto de vista da política monetária”.

Bem recebidos pelo mercado, os comentários de Galípolo contribuíram para a redução dos prêmios na curva a termo.

No exterior, às 17h27, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — tinha estabilidade, a 102,480.

Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 1º de novembro de 2024.

O dia do Ibovespa

De acordo com o CEO da BGC Liquidez, Erminio Lucci, a bolsa paulista refletiu a decepção de agentes financeiros com o anúncio feito mais cedo por autoridades chinesas sobre um possível reforço do ponto de vista fiscal do pacote de medidas anunciado recentemente.

“O mercado se frustrou”, afirmou, acrescentando que o mercado esperava uma política fiscal mais expansionista, e isso acabou não acontecendo, o que pressionou commodities, pressionando empresas atreladas a essas matérias-primas.

Na China, o governo afirmou estar “totalmente confiante” em atingir sua meta de crescimento para 2024, mas não adotou medidas fiscais mais fortes, sinalizando que planeja fornecer o equivalente a 28,3 bilhões de dólares em gastos orçamentários antecipados e projetos de investimento a partir do próximo ano.

“As commodities, que na semana passada foram um motivo de alegria para a bolsa, hoje foram a pedra no caminho”, reforçou o advisor e sócio da Blue3 Willian Queiroz.

A pressão vendedora, porém, perdeu força, conforme Wall Street abriu no azul e manteve o viés positivo. O S&P 500 fechou em alta de 0,97%, apoiado em ações de tecnologia, enquanto investidores aguardam dados de inflação e o começo da temporada de resultados nos Estados Unidos.

Em paralelo, no Brasil, a aprovação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado, após uma sabatina tranquila, favoreceu o alívio nas taxas dos DI, o que beneficiou ações negociadas na B3. No final da tarde, foi a vez do aval do plenário do Senado a Galípolo.

De acordo com Queiroz, as respostas de Galípolo agradaram o mercado, uma vez que ele defendeu a necessidade de uma política responsável no BC

DESTAQUES

– VALE ON recuou 3,03 %, com o setor de mineração e siderurgia como um todo no vermelho, na esteira do futuros do minério de ferro, com o contrato mais negociado em Dalian, na China, fechando o dia em queda de mais de 2%. CSN MINERAÇÃO ON perdeu 3,66%.

– PETROBRAS PN caiu 2,01%, com petrolíferas em geral afetadas pelo declínio dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent fechou em baixa de 4,63%, com notícias de um possível cessar-fogo entre o Hezbollah e Israel abrindo espaço para uma pausa no rali recente.

– ITAÚ UNIBANCO PN avançou 0,6%, engatando a terceira alta seguida após renovar mínimas desde meados de agosto na semana passada. No setor, BRADESCO PN subiu 0,13%, enquanto BANCO DO BRASIL ON cedeu 0,04% e SANTANDER BRASIL UNIT perdeu 0,1%.

– LOCALIZA ON valorizou-se 3,48%, fechando na máxima em mais de duas semanas. No ano, porém, ainda perde 33%.

– WEG ON subiu 1,7%, reagindo após quatro quedas seguidas por realização de lucros, período em que acumulou um declínio de mais de 4%. No ano, ainda contabiliza uma valorização de 47%.

– AZUL PN subiu 7,48%, após chegar a um acordo com arrendadores de aeronaves e fabricantes de equipamentos que envolve troca de cerca de 3 bilhões de reais em obrigações de dívida por emissão de novas ações da empresa. O CEO da companhia aérea disse que a Azul agora quer captar 400 milhões de reais. Na máxima, os papéis dispararam mais de 20%.

– COGNA ON saltou 12,7%, tendo no radar relatório do Bradesco BBI elevando a recomendação dos papéis do grupo de educação para “compra”, citando entre os argumentos expectativa de resultados positivos à frente. No setor, YDUQS ON fechou em alta de 5,32%.

– INFRACOMMERCE ON, que não está no Ibovespa, avançou 6,25% após firmar acordo celebrado junto a bancos e credores para implementação de seu plano de reestruturação. A empresa também elegeu Mariano Oriozabala como novo presidente-executivo. Na máxima, subiu 25%.