Duas paixões movem a rotina do executivo capixaba Eduardo Giestas, CEO da rede Atlantica Hotels: viajar e surfar, não necessariamente nessa ordem. Hoje morando na capital paulista, desce a serra do mar sempre que pode para pegar onda com os filhos no litoral norte de São Paulo. “É no mar que aproveito a vida e descanso”, disse Giestas, em entrevista à DINHEIRO.

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Para sorte dele e da companhia que comanda desde janeiro de 2017, são o turismo de lazer e o mar que têm ajudado a multiplicar os negócios. Sob seu comando, a rede está migrando do foco em hotelaria corporativa para o segmento de lazer.

Eduardo Giestas, CEO da rede Atlantica Hotels (Crédito:Claudio Gatti)

Neste ano, cerca de 30% do faturamento virá de turistas. Há sete anos, esse percentual era zero. Não é coincidência que a receita do grupo saltou de R$ 650 milhões e 18 bandeiras no ano em que assumiu, para R$ 2,65 bilhões e 32 marcas neste ano. “Percebemos que equilibrar as fontes de receita com todos os segmentos, além de novas marcas e hotéis butique, é a melhor e mais segura estratégia para crescer.”

O plano para evoluir inclui também elevar o nível de serviços e disputar o concorrido segmento de hotelaria de alto padrão. Entre as novas unidades, a Atlantica fechou acordos para inaugurar um Transamérica Collection em Gramado (RS), um destino muito popular entre turistas de lazer.

A empresa também está expandindo sua presença em regiões metropolitanas, como Porto Alegre e Novo Hamburgo, com hotéis voltados tanto para o lazer – com piscina de onda – quanto para o público corporativo. Uma tendência observada pela empresa é a crescente demanda por resorts e hotéis próximos a grandes centros urbanos, que atraem tanto famílias quanto empresas que buscam locais para eventos.

“Cada vez mais vamos investir em opções que tenham alto grau de serviço e conforto.”
Eduardo Giestas, CEO da rede Atlantica Hotels

Outro exemplo é The Coral Beach Resort, um complexo hoteleiro localizado na paradisíaca e tranquila praia de Guajiru-Flecheiras, no litoral oeste cearense. O local é um oásis de sofisticação em meio às duas e cataventos eólicos. “Cada vez mais vamos investir em opções que tenham alto grau de serviço e conforto”, disse o CEO.

Hoje com 190 unidades, a meta da Atlantica é chegar a um faturamento de R$ 5,5 bilhões e 40 mil quartos até 2029. Para isso, Giestas planeja ter mais 51 hotéis até 2028, o que deve gerar investimentos de R$ 3 bilhões. “Esse número é o que já temos contratado com novas unidades ou conversões, o que mostra que podemos ter um desempenho até melhor.”

O Roomo Oscar Freire, (acima), Radisson Red Campinas são exemplos da nova fase de diversificação da rede (Crédito:Divulgação)
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O atual bom desempenho da Atlantica contrasta com as dificuldades enfrentadas durante a Covid-19.

• Nos primeiros meses da pandemia, 90% dos hotéis da rede fecharam temporariamente.
• Com a implementação de medidas profiláticas e a adoção de protocolos rigorosos de segurança, os hotéis começaram a reabrir gradualmente.
• Apesar das dificuldades, a Atlantica não perdeu tempo e começou a adotar uma abordagem focada em gestão de crise.
• A empresa se tornou um ponto de referência para hotéis administrados por terceiros, orientando-os sobre como utilizar medidas governamentais, como a redução de jornada de trabalho e salários, e o uso de benefícios como o MP846, voltados para a preservação de empregos.
• O gerenciamento de caixa também foi um desafio, uma vez que muitos hotéis enfrentaram problemas financeiros severos.

“A estratégia de adaptar-se rapidamente às novas condições do mercado e a busca por ganhos de eficiência na operação provaram ser fundamentais para a superação dessa fase difícil”, afirmou Giestas.

Entre as medidas adotadas, estavam a automação de processos, a centralização de funções e a digitalização das vendas, um movimento que já estava em andamento, mas que foi acelerado pela pandemia.

A Atlantica Hotels também aproveitou a pandemia para reforçar seu plano de expansão. A rede já tinha abraçado o projeto de crescimento no segmento de lazer antes de 2020, mas a pandemia impulsionou essa estratégia.

“Esse ano está sendo muito interessante, de retomada de negociações. Devemos fechar o ano com 22 novos contratos, somando mais de 3,5 mil quartos”, acrescentou o executivo.

O mercado hoteleiro brasileiro, na avaliação de Giestas, tem muito espaço para crescimento. A empresa vê potencial tanto no aumento da oferta de quartos quanto na conversão de hotéis independentes para grandes redes.

Hoje, cerca de dois terços da hotelaria no Brasil ainda são independentes, o que oferece uma oportunidade significativa de expansão através de fusões e aquisições. Durante a pandemia, a Atlantica adquiriu a Vert Hotéis e a Transamérica, o que contribuiu para seu crescimento acelerado.

Para alcançar a meta de 40 mil quartos em operação até 2029 e faturamento superior a R$ 5 bilhões, a empresa pretende continuar investindo em novas tecnologias, otimizar suas operações e expandir tanto no segmento de lazer quanto no corporativo, segundo Giestas.

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Diversificação

Além da hotelaria tradicional, a Atlantica também está de olho em novas modalidades de hospitalidade, como a multipropriedade e o residencial com serviços. Esses segmentos têm ganhado espaço no Brasil e oferecem oportunidades de diversificação para a rede.

A multipropriedade, por exemplo, está voltada principalmente para destinos de lazer, enquanto o residencial com serviços atende ao público de grandes centros urbanos.

Na avaliação do CEO, a Atlantica Hotels se encontra em uma posição estratégica para capitalizar sobre o crescimento do turismo no Brasil. Seja por meio de expansão orgânica ou aquisições, a empresa planeja manter sua trajetória de crescimento e continuar inovando no setor hoteleiro.

“Com um foco renovado no segmento de lazer e uma forte expansão em mercados secundários, a empresa está bem posicionada para continuar sua trajetória de sucesso nos próximos anos.”

Os turistas agradecem.