O segmento de bancos e fintechs já é muito regulado no Brasil e, no contexto atual, não há margem para mais regulação. É o que disse o CEO e cofundador do Nubank, David Vélez.

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Durante o evento Bloomberg New Economy at B20, que acontece nesta quarta-feira, 23, em São Paulo, o CEO do Nubank defendeu que o segmento no qual a fintech atua possui amarras demais e que considera que a indústria tem menos problemas do que o esperado ou imaginado anteriormente.

“Tivemos, sim, ‘mau comportamento’ [por parte de bancos digitais], mas muito menos do que se esperaria para a indústria. A tendência atual é seguirmos na direção de aumentar a concorrência, e o Banco Central tem feito um grande trabalho nesse sentido. Já somos um mercado muito regulado, só que as pessoas não percebem. Não há espaço para regular mais, ainda mais”, disse Vélez.

Em sua fala, o executivo ainda comentou que o banco teve de passar um tempo considerável lidando com assuntos de Brasília, citando que a constituição brasileira é uma das únicas do mundo que é restritiva com estrangeiros no que diz respeito às instituições financeiras

“Nós levamos quatro anos para conseguir uma licença de banco, dependemos até mesmo de um decreto presidencial”, disse o CEO, em referência ao decreto assinado pelo então presidente Michel Temer em janeiro de 2018 que autorizou a companhia a operar como um banco.

No Brasil, crise é sinônimo de rotina

Ao comentar as crises enfrentadas pelo banco desde sua fundação, Vélez frisou que a crise de 2016 foi de longe a ‘pior para qualquer empreendedor’, citando a contração da atividade econômica do período, o desemprego e os ruídos ocasionados pelo Impeachment.

“Nós temos nossos pares [bancos digitais] nos EUA, mas aqui nós já vimos seis crises diferentes em um período de dez anos. Os estrangeiros nos perguntavam ‘O que vocês farão no pós covid?’ nós respondíamos, “bom, nós vivemos isso [crise] a cada dois anos'”, disse.

México na mira do Nubank

O CEO do banco ainda comentou que, dentro do processo de internacionalização, o México é o grande foco e é uma das principais avenidas de crescimento a ser trilhada pela casa.

“O México é nossa maior oportunidade de crescimento dentro da América Latina. Boa parte do país não possui acesso a crédito e temos um PIB per capita maior do que no Brasil. Se você compara o México com uma economia bancarizada, eles estão muito atrás, o que dá muita brecha pra a digitalização avançar e impulsionar produtos como o nosso”.

Sobre um avanço do Nubank na Argentina, o executivo se limitou a dizer que ‘é muito cedo para tomar uma decisão’. Sobre a hipótese do banco entrar nos EUA, disse que está fora de cogitação e que a companhia ainda ‘não está pronta para isso’