Bill Gates, cofundador da Microsoft e filantropo, mostrou estar mais otimista com o Brasil quando o assunto é o combate às mudanças climáticas. A COP30, conferência das Nações Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas, que vai acontecer em Belém em 2025, será um “marco importante” para o mundo, tanto para a mitigação quanto para a adaptação climática, disse ele na tarde desta quarta-feira, 23.

O empresário deve vir ao Brasil para o evento, previsto para novembro do ano que vem. Gates ressaltou que o Brasil tem feito avanços, como no combate ao desmatamento, para tentar colocar a situação das mudanças climáticas mais sob controle. “O Brasil fez algumas coisas pioneiras na mitigação. Para o desmatamento, é importante que isso seja controlado tanto para o próprio Brasil quanto para o mundo.”

Gates alertou, contudo, para o fato de o Brasil ser uma “história mista”, com desafios para a governança. “O Brasil é como os EUA. Tem um partido que é meio que contra todas as coisas relacionadas ao clima e defende mais destruição da Amazônia, e você tem um partido que se preocupa mais com isso.”

Esses pontos divergentes de visão sobre o clima, com um lado querendo a proteção ambiental e outro a destruição em nome do desenvolvimento, acabam sendo um problema global, ressaltou Gates. E a cada momento em que um ou outro partido vai ao poder, o cenário muda.

Na Assembleia Geral das Nações Unidas, Gates disse que sua fundação, a Gates Foundation, deu espaço para Luiz Inácio Lula da Silva falar de programas em curso no Brasil, como o combate à desnutrição – e tem mantido uma série de diálogos com o país, incluindo a COP 30.

Gates defendeu que no combate às mudanças climáticas, se o custo for alto, os mecanismos não serão adotados por todos os países. As economias mais ricas podem até conceder subsídios, mas em países de renda média – ele mencionou Brasil e Índia -, o avanço não será rápido, pois os governos vão dizer que os problemas climáticos não estão tão ruins historicamente.

O empresário citou que existem ao menos 130 companhias inovadoras, empenhadas em produzir mais, de forma limpa e ecológica.

Gates citou a Boston Metal, onde investe, e ressaltou que tenta montar uma planta no Brasil para fazer aço de forma competitiva, sem ferir o meio ambiente: um “aço verde”. Sobre o Brasil, ainda citou o agronegócio, que usa bastante a inovação – e afirmou estar bastante otimista com os avanços e os benefícios que a inteligência artificial pode trazer ao mundo.

Gates participou de uma conversa em evento da Bloomberg em São Paulo, de forma virtual.