O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez nesta sexta-feira uma cobrança de que sejam bem utilizados os recursos do acordo bilionário de reparação pelo rompimento de uma barragem em Mariana (MG) fechado pelo poder público com as mineradoras Vale, BHP e Samarco.

Em discurso durante cerimônia de assinatura do acordo, que prevê o pagamento de 100 bilhões de reais em recursos novos, Lula cobrou que os ministérios de seu governo façam projetos para utilizar o dinheiro para “reparar uma desgraça que uma empresa causou”.

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Críticas a gestão das empresas

O presidente também disse que os recursos serão geridos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e que o novo acordo sobre o desastre de Mariana deve ficar como lição para que as mineradoras revejam as consequências da “ganância por lucro”. “Muitas vezes, o dinheiro que poderia ter evitado a desgraça que aconteceu é usado para pagar dividendos”, afirmou o presidente.

Lula também criticou a condução das ações de reparação sob responsabilidade da Fundação Renova, criada pelas empresas envolvidas no desastre.  Em sua fala, afirmou não saber o que foi feito com os R$ 38 bilhões declarados já terem sido gastos no acordo vigente de reparação aos danos da tragédia de Mariana.

“Nem o Ministério Público, a Defensoria, governos dos Estados ou governo federal sabem. Foram R$ 37 bilhões sic gastos e não sabemos com o que”, afirmou durante evento no Palácio do Planalto.“Quero saber quantas casas a fundação do acordo antigo de Mariana construiu.”

O acordo e o caso

O governo federal formalizou no evento em o compromisso firmado com as empresas para o pagamento de R$ 100 bilhões em recursos novos destinados a políticas de reparação socioambientais. Esse valor será destinado ao Poder Público ao longo de 20 anos.

Além disso, há R$ 32 bilhões em obrigações a fazer, diretamente pelas empresas. Ou seja, são R$ 132 bilhões em valores novos e R$ 38 bilhões já desembolsados via Fundação Renova, totalizando o valor global de R$ 170 bilhões.

Uma barragem de rejeitos de minério de ferro da Samarco, joint venture da Vale com a BHP, rompeu-se em novembro de 2015 e liberou uma onda de lama gigante que deixou 19 mortos, centenas de desabrigados e atingiu comunidades, florestas e rios, inclusive o rio Doce até o mar no Espírito Santo.