Os consumidores norte-americanos podem perder até US$ 78 bilhões em poder de compra anual se a proposta de tarifas sobre importações do candidato republicano, Donald Trump, for implementada, mostrou um estudo da Federação Nacional de Varejo (NRF, na sigla em inglês) na segunda-feira.

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Segundo o estudo, as tarifas propostas por Trump afetariam categorias de produtos de consumo, como vestuário, brinquedos, móveis, eletrodomésticos, calçados e artigos de viagem, afetando especialmente os itens em que a China é um dos principais fornecedores.

Os consumidores têm se mostrado mais cautelosos nos últimos dois anos e procurado cada vez mais limitar suas despesas, reduzindo os gastos não essenciais, o que, por sua vez, afetou as vendas de varejistas e das empresas de bens de consumo nos Estados Unidos.

“Os varejistas dependem muito de produtos e componentes de fabricação importados para que possam oferecer a seus clientes uma variedade de produtos a preços acessíveis”, disse Jonathan Gold, vice-presidente de cadeia de oferta e política alfandegária da NRF.

No entanto, se as tarifas de importação forem implementadas, o impacto sobre as famílias de baixa renda será ainda maior, pois as tarifas, que são um imposto pago pelo importador norte-americano, acaba saindo do bolso dos consumidores por meio de preços mais altos, segundo o relatório.

Trump lançou a ideia de uma tarifa universal de 10% sobre as importações de todos os países estrangeiros em uma entrevista ao The Washington Post em agosto do ano passado, e disse em fevereiro que haveria uma tarifa adicional de 60% a 100% sobre as importações da China.

Trump intensifica falsa narrativa de fraude antes da eleição

Ex-presidente segue roteiro das eleições de 2016 e 2020, espalhando teorias conspiratórias e acusando, sem provas, democratas de tentarem corromper a eleição.As constantes acusações infundadas do candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, sobre supostas fraudes no processo eleitoral americano vêm aumentando o receio de que ele venha a se recusar a aceitar o resultado do pleito caso saia derrotado na disputa contra a democrata Kamala Harris nesta terça-feira (04/11).

Desde o começo da campanha, Trump vem lançando mão da retórica de que a eleição pode ser fraudada, assim como fez quando concorreu em 2016 e 2020. Em agosto, por exemplo, ele afirmou, sem provas, que os democratas só poderiam ganhar a corrida eleitoral se trapacearem. O discurso se tornou cada vez mais presente em suas aparições públicas e se intensificou nas últimas semanas, antes mesmo da data do pleito, que acontece na terça-feira, 5 de novembro.

Declarar vitória antes da hora

Em um comício no domingo (03/11), foi a vez de Trump plantar a ideia entre os seus apoiadores de que os resultados só seriam legítimos se forem divulgados até às 23h de terça-feira. No modelo de eleição americano, essa possibilidade é considerada inviável porque, além de possuir 6 fusos horários dentro do próprio país, os votos são impressos, e muitos chegam em cima da hora por correio e precisam ser contabilizados.

Para David Becker, coautor do livro A Grande Verdade, sobre as mentiras eleitorais usadas por Trump em 2020, essa é uma estratégia de tentar reivindicar vitória na eleição enquanto ele estiver liderando momentaneamente na contagem. “Quando ele estiver atrás, ele dirá para continuar a contagem. Quando ele está à frente, ele dirá para parar a contagem”, disse.

Alguns de seus aliados, incluindo o ex-estrategista e ideólogo de extrema direita Steve Bannon, o encorajaram a declarar vitória antes mesmo da contagem total dos votos em todos os estados – mesmo roteiro usado pelo republicano em 2020 para contestar o resultado das eleições.

Naquele ano, o ex-presidente publicou na rede X um pedido para que a contagem fosse interrompida enquanto ele liderava a apuração.

Dúvidas sobre eleição de 2020

Ainda no domingo, Trump voltou a argumentar que ele só perderia a eleição se houver fraude, apesar de as pesquisas indicarem um resultado apertado. Ele também reforçou que “não deveria ter deixado” a Casa Branca em 2020, quando se recusou a acatar o resultado nas urnas, levando seus apoiadores a invadirem o Capitólio em janeiro de 2021.

Durante a campanha o ex-presidente repetidamente disse que venceu em 2020 em estados cuja maioria votou em Biden, como Minnesota.

À época, sua campanha fez uma ofensiva jurídica com ao menos 60 processos para impugnar o resultado das urnas, questionando o envio prévio de cédulas por correio, algo permitido nos EUA. As alegações, porém, foram sumariamente rejeitadas em diversos tribunais.

Agora, Trump lança dúvidas sobre a regularidade do atual pleito sob os mesmos pretextos.

As afirmações de Trump levantaram preocupações de que ele esteja se preparando para culpar novamente a fraude eleitoral por uma possível derrota na Pensilvânia, o maior dos sete estados que provavelmente decidirão o resultado da eleição.

Cédulas de votação

Na última quinta-feira, por exemplo, o ex-presidente disse que investigações abertas na cidade de Lancaster, na Pensilvânia, sobre supostas “cédulas de votação falsas” seriam provas da fraude.

As investigações foram apresentadas por uma promotora eleita pelo partido republicano, e ainda estão em curso. Além disso, segundo o município, formulários de eleitores estão sendo investigados, e não cédulas de votação.

Outra teoria sem provas alimentada por seus aliados se baseia em um vídeo que circulou nas redes sociais. Nele um homem aparece entregando supostas cédulas de votação em uma sessão eleitoral na Pensilvânia. Al Schmidt, secretário do estado e oficial eleitoral, disse que o vídeo mostra um funcionário do correio “literalmente só entregando o correio”.

Em sua rede social, Trump usou alegações como esta para dizer que “nós os pegamos em uma grande fraude na Pensilvânia […] Nós estamos de olho neles desta vez”.

Votos irregulares

Trump também defende, por exemplo, que imigrantes irregulares, que não possuem documentação ou que não são cidadãos americanos estariam votando por correio, algo que não é permitido pela legislação e que possui diversas salvaguardas em vigor para impedir que aconteça.

Para se registrar como eleitor e receber uma cédula de votação para enviar por correio, por exemplo, é obrigatório mostrar documentos.

Outra acusação usada por ele, dessa vez em uma de suas redes sociais, é a de que votos enviados por americanos e militares morando fora do país não passariam por verificação de identidade, o que agências de checagem norte-americanas já provaram ser falso.

O foco do ex-presidente também é o estado da Califórnia. Em um comício, ele disse que “se Jesus viesse ao mundo para contar os votos, eu venceria a Califórnia”, antes de alegar que a eleição no estado é corrupta.

A DW fez um compilado de checagens sobre alegações falsas vinculadas ao processo eleitoral americano.