07/11/2024 - 11:31
O dólar alterna altas e quedas nesta quinta-feira,7, com os investidores reagindo à decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) na véspera de elevar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 11,25%, enquanto continuavam na espera do anúncio de medidas de contenção de gastos pelo governo.
Por volta das 15h, o dólar à vista subia 0,58%, a R$ 5,713 na venda. Na mínima do dia chegou R$ 5,639. Veja cotações.
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No comunicado da decisão sobre os juros, os membros do BC não indicaram seus próximos passos, mas defenderam que o governo adote medidas fiscais estruturais que gerem impactos para a política monetária, afirmando que a percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal tem afetado os preços de ativos e as expectativas.
“Esse comunicado mais firme consolida uma visão de que o Copom vai adotar um ciclo rígido de altas de juros daqui para frente… Essa perspectiva contribui na atração de investidores estrangeiros e é um fator baixista para a taxa de câmbio”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
Foco no fiscal
Agentes financeiros seguem na espera de prometidas medidas de contenção de gastos pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na busca de garantir a sustentação do arcabouço fiscal. A incerteza sobre as medidas a serem adotadas tem gerado volatilidade no mercado de câmbio.
Na quarta-feira, comentários do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ajudaram a aliviar a pressão sobre a moeda brasileira, com o dólar recuando 1,21%, a R$ 5,67.
Ele afirmou que o governo terá na manhã desta quinta-feira uma reunião para fechar o pacote de medidas fiscais, ressaltando que ainda há dois “detalhes” a serem discutidos.
“O mercado vem aguardando ansioso o pacote do governo. Acredito que o governo ainda vai demorar para soltar isso, porque precisa que tenha um efeito significativo no mercado”, disse Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.
A curva de juros brasileira não tinha uma direção única, com as taxas de DIs de curto prazo mostrando leve alta, enquanto os vencimentos de longo prazo recuavam.
Devido aos fatores domésticos, o real caminhava na contramão de seus pares, uma vez que o dólar recuava no exterior ao ceder parte dos enormes ganhos acumulados na véspera, impulsionados pela vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,35%, a 104,740.
A percepção dos investidores e economistas é de que as promessas do republicano para a economia, como tarifas comerciais e cortes de impostos, serão inflacionárias, o que fará com que a taxa de juros permaneça alta, algo favorável para o dólar.
As atenções estarão voltadas nesta sessão para o anúncio da decisão de juros do Federal Reserve, em que se espera amplamente que os membros reduzam os custos dos empréstimos em 25 pontos-base.
Com o movimento completamente precificado, o foco estará na declaração de política monetária, em que os mercados analisarão possíveis comentários sobre a trajetória futura dos juros e alguma sinalização sobre como o banco central norte-americano enxerga o cenário econômico à frente com o retorno de Trump à Presidência.