O A AGU (Advocacia-Geral da União) ingressou nesta sexta-feira, 8, com uma ação civil pública contra a distribuidora de energia Enel. Ela foi apresentada à Justiça Federal no estado.

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O objetivo é que a companhia indenize os consumidores de São Paulo afetados pela interrupção no fornecimento de energia entre os dias 11 e 17 de outubro deste ano.

Na ação apresentada à Justiça Federal de São Paulo, a AGU sustenta que houve demora excessiva da concessionária em restabelecer os serviços a consumidores da região metropolitana paulista após um forte temporal no mês passado, que interrompeu o fornecimento de energia a 3,1 milhões de clientes, com os trabalhos para recomposição completa tendo demorado cinco dias.

O órgão do governo federal defende que evento climático mais severo nesta época do ano é “recorrente, provável e previsível”, de forma que a distribuidora de energia teria obrigação de se preparar para enfrentá-los.

Procurada pelo site IstoÉ Dinheiro, a Enel afirmou em nota que o vendaval de 11 de outubro “foi o mais forte registrado na Região Metropolitana nos últimos 30 anos, segundo a Defesa Civil”, e que a companhia “precisou reconstruir trechos inteiros da rede elétrica e restabeleceu a energia gradativamente para todos os clientes afetados em menos de 6 dias”. A nota na íntegra está no final deste texto.

Em posicionamentos públicos recentes, executivos da companhia têm defendido que a concessionária está cumprindo seu contrato, com índices de qualidade dos serviços enquadrados nos parâmetros regulatórios, e que está executando o plano de 6,2 bilhões de reais em investimentos anunciados para os próximos três anos.

Na ação, a AGU cobra indenização de 260 milhões de reais por danos morais coletivos, valor equivalente a 20% do lucro líquido apurado pela distribuidora paulista em 2023, “como forma de desestimular a conduta de concessionárias de serviços públicos essenciais que optam por reduzir investimentos para elevar seus lucros em prejuízo dos usuários do serviço”.

A AGU também pediu o pagamento de indenização individual a todas as unidades consumidoras que permaneceram por mais de 24 horas sem energia. Nesse caso, o valor pedido é de, no mínimo, 500 reais por dia por unidade, a ser pago por meio de desconto nas contas de luz.

“Com base em informações prestadas pela concessionária e pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), estima-se que o custo total com as indenizações individuais seja de, no mínimo, 757 milhões de reais”, disse o órgão, em comunicado, apontando que, somada à indenização coletiva, o valor total a ser pago pela Enel poderá ultrapassar 1 bilhão de reais.

Como pedido na ação, as indenizações individuais deverão ser pagas via desconto nas contas de energia dos consumidores afetados.

Contrato com Enel encerra em 2028

O atual contrato de São Paulo com a Enel, pelo fornecimento de energia elétrica, chega ao fim de 2028. Entretanto, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) emitiu no mês passado um termo de intimação à distribuidora de energia Enel São Paulo, dando início a um processo que poderá levar ao cancelamento da concessão e também dificultar a renovação contratual a partir de 2028.

Crise climática

Eventos climáticos extremos, como fortes temporais e enchentes, têm dificultado a operação das distribuidoras de energia em diferentes partes do país nos últimos anos.

Em novembro de 2023, chuvas com ventos acima de 100 km/h já haviam deixado milhões de consumidores do Estado de São Paulo sem luz, principalmente na região metropolitana atendida pela Enel, em ocorrência que revoltou população e autoridades e levou à aplicação de multas milionárias.

No mês passado, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) emitiu um termo de intimação à distribuidora de energia Enel São Paulo, dando início a um processo que poderá levar à caducidade da concessão e também dificultar a renovação contratual a partir de 2028.

Confira a nota enviada pela Enel

A Enel reforça o compromisso com os seus clientes e reitera que tem realizado fortes investimentos para melhorar os serviços prestados. O vendaval que atingiu a área de concessão da Enel Distribuição São Paulo em 11 de outubro, com rajadas de até 107,6 km/h, foi o mais forte registrado na Região Metropolitana nos últimos 30 anos, segundo a Defesa Civil, e causou danos severos na rede elétrica de distribuição. O número total de clientes afetados chegou a 3,1 milhões na noite de sexta-feira (11/10). Na mesma noite, com a atuação dos sistemas de automação e manobras remotas, a distribuidora restabeleceu a energia para quase 1 milhão de clientes. Até o fim da noite do dia 12/10 (sábado), o serviço foi normalizado para cerca de 80% dos consumidores. A companhia precisou reconstruir trechos inteiros da rede elétrica e restabeleceu a energia gradativamente para todos os clientes afetados em menos de 6 dias.

Em São Paulo, de 2018, quando assumiu a concessão, a 2023, a Enel investiu uma média de cerca de R$ 1,4 bilhão por ano, quase o dobro da média de R$ 800 milhões por ano realizada pelo controlador anterior. Como resultado, a duração média das interrupções (DEC) e a frequência média das interrupções (FEC) melhoraram 42% e 45% no período. Os investimentos realizados nos últimos cinco anos são inclusive superiores ao lucro líquido registrado no período. De 2024 a 2026, a companhia ampliou ainda mais os investimentos para uma média de cerca de R$ 2 bilhões por ano, um total de R$ 6,2 bilhões. O plano em curso tem como foco o fortalecimento e a modernização das redes, a automação dos sistemas, além da ampliação da capacidade dos canais de comunicação com os clientes. A companhia também reforçou o plano de atuação nas contingências com a mobilização antecipada de equipes em campo e um aumento significativo do quadro de eletricistas próprios em andamento, com a contratação de 1200 profissionais até março de 2025.