O dólar à vista recuava ante o real nesta terça-feira, uma vez que investidores acompanhavam os ganhos de moedas emergentes no exterior e se ajustavam para a realização de dois leilões de linha pelo Banco Central pela manhã, com os mercados globais à espera de dados de inflação dos Estados Unidos.

Às 9h28, o dólar à vista caía 0,31%, a 5,7557 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,10%, a 5,762 reais na venda.

O BC informou na véspera, em comunicado, que fará dois leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) nesta quarta-feira, das 10h30 às 10h35, com oferta total de 4 bilhões de dólares.

O leilão de linha A, com oferta de 2 bilhões de dólares, terá como data de recompra pelo BC o dia 2 de abril de 2025. Já o leilão de linha B, com oferta de 2 bilhões de dólares, terá data de recompra em 2 de julho de 2025.

O último leilão de linha realizado pelo BC havia ocorrido em 20 de janeiro de 2023, quando foram ofertados um total de 2 bilhões de dólares.

Tradicionalmente, o BC costuma realizar leilões de linha nos finais de ano, em especial em dezembro, para atender à demanda por moeda para envio ao exterior. No fim do ano passado, porém, o BC não realizou leilões de linha, porque não identificou necessidade de ofertas extras.

A autarquia não informou o motivo da operação anunciada para quarta-feira.

“Tal atuação fica condicionada à falta de dólar no mercado à vista e tende também a conter a volatilidade e a pressão do dólar, justamente oriundo das incertezas pelas medidas fiscais do governo”, disse Marcio Riauba, gerente da mesa de operações da StoneX Banco de Câmbio.

Outro analista ouvido pela Reuters indicou que o dólar pode registrar perdas adicionais no momento dos leilões.

O mercado segue na espera do anúncio de medidas de contenção de gastos pelo governo, à medida que o Executivo busca garantir a sustentação do arcabouço fiscal no longo prazo.

A demora pela divulgação do pacote fiscal, uma vez que o governo prometeu anunciá-lo após o segundo turno das eleições municipais, tem gerado nervosismo entre agentes financeiros, o que provoca pressão sobre o real.

No cenário externo, o dólar perdia um pouco de sua força recente, recuando contra a maioria de seus pares emergentes, o que também ajudava a moeda brasileira.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,05%, a 105,940.

A divisa dos EUA tem acumulado ganhos com a crescente perspectiva de que o governo do presidente eleito, Donald Trump, implementará certas medidas, como tarifas e cortes de impostos, que serão inflacionárias para o país, gerando necessidade de a taxa de juros se manter elevada.

O foco desta sessão, no entanto, é a agenda macroeconômica, com destaque para a divulgação de dados de inflação ao consumidor dos EUA, às 10h30. Economistas consultados pela Reuters esperam que o índice registre alta de 0,2% em outubro, ante avanço semelhante em setembro.