Segundo dados do índice de bilionários da Bloomberg, Elon Musk foi o super-rico que ganhou mais dinheiro em 2024 – na esteira de resultados com ações da Tesla, que sobem à medida que o empresário tem ganhado protagonismo político ao lado do vencedor das eleições presidenciais, Donald Trump.

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Musk foi nomeado por Trump para assumir o Departamento de Eficiência Governamental no próximo governo dos Estados Unidos. Trump já sinalizou que o departamento ficará fora dos limites da administração federal e que as funções de Musk seriam informais – o que abre margem para que ele não necessite abandonar seus cargos na Tesla e na SpaceX.

O republicano disse que ele irá abrir caminho para que a gestão “desmantele a burocracia governamental, reduza o excesso de regulamentações, corte gastos desnecessários e reestruture as agências federais”. O novo departamento deve ter a sigla DOGE – em uma possível referência à criptomoeda Dogecoin, promovida por Musk.

Fortuna multiplicada

No acumulado do ano, a fortuna de Elon Musk cresceu US$ 105 bilhões, nas estimativas da Bloomberg, consolidando sua primeira posição no ranking das pessoas mais ricas do mundo. Seu patrimônio é estimado em US$ 310 bilhões pela revista americana Forbes.

Esse crescimento na fortuna pessoal do bilionário em grande parte está relacionado ao desempenho das ações da Tesla, sua montadora de carros elétricos, que viram seu valor mais do que dobrar no acumulado dos últimos seis meses na Nasdaq, saltando 109% no período.

A valorização dos papéis tem a ver tanto com fatores políticos dos Estados Unidos, com um “efeito Trump”, quanto com a entrega de resultados da montadora de elétricos.

No caso dos dados operacionais, a companhia reportou no fim de outubro o que foi considerado por analistas como um dos melhores resultados trimestrais – o que fez as ações Tesla terem seu melhor dia em mais de uma década, com alta de 22%.

A empresa teve lucro de US$ 2,5 bilhões e uma receita líquida na casa dos US$ 25 bilhões, números que superaram as projeções do consenso.

“A montadora apresentou uma forte surpresa positiva no lucro por ação ajustado (US$ 0,72 versus US$ 0,60 esperado), fruto da margem bruta mais forte que as expectativas. A Tesla atribui a melhora a custos menores para produção de veículos devido à eficiência produtiva e custos menores de insumo”, diz a XP sobre os números da companhia.

Campanha de Trump ampliou rali das ações da Tesla

Além dos números positivos, a medida que Donald Trump se consolidava nas pesquisas como favorito para a disputa presidencial dos Estados Unidos, os papéis da montadora subiam.

No dia da vitória do republicano, as ações da Tesla saltaram 14%, em um contexto que Elon Musk foi o maior financiador da campanha de Trump, com US$ 130 milhões.

Desde as mínimas do ano, em meados de abril, ações da Tesla já subiram 132%
Ações da Tesla subiram 109% nos últimos 6 meses (crédito: reprodução/Nasdaq) (Crédito:Reprodução/Nasdaq)

O empresário também participou de comícios do republicano e fez uma série de postagens no X – antigo Twitter, rede social o qual é dono – em apoio à candidatura.

“O maior benefício de uma eventual vitória de Trump seria para a Tesla e Elon Musk”, disse o analista Daniel Ives, da Wedbush Securities, pouco antes da vitória de Trump no pleito.

Existe uma série de fatores que faz o mercado enxergar vantagens para a companhia em um governo Trump. O primeiro deles é a que a montadora teria vantagens competitivas com mudanças dos estímulos fiscais para carros elétricos.

Mudança de postura sobre Bitcoin e carros elétricos

Durante sua campanha, Trump paulatinamente atenuou sua postura sobre carros elétricos. O republicano era crítico aos incentivos fiscais para os veículos, que têm sido foco de programas de governo de democratas.

“Eu vou acabar com a obrigação de veículo elétrico no 1º dia. Isso salvará a indústria automotiva dos EUA da obliteração completa, que está acontecendo agora, e poupará aos consumidores americanos milhares de dólares por carro”, chegou a dizer.

Mais tarde, Trump declarou, moderando seu discurso: “Eu falo constantemente sobre carros elétricos, mas não sou contra eles. Sou a favor. Eu dirigi eles e são incríveis, mas não para todo mundo”.

“Ainda não está muito claro o que acontecerá com os subsídios para veículos elétricos. É provável que uma política mais conciliatória seja adotada”, disse Susannah Streeter, head de money and markets da Hargreaves Landsown em entrevista à Reuters.

A mesma mudança de postura ocorreu com o Bitcoin.

Em 2021, Trump declarou que a criptomoeda é uma ‘fraude’ e que ‘deveria ser muito, mas muito regulado’.

Após ir atenuando suas críticas, neste ano Trump disse que em seu mandato o país seria ‘a capital das criptomoedas’.

Ele disse: “se a criptomoeda vai definir o futuro, ela será minerada, cunhada e feita nos Estados Unidos”.

Protecionismo deve agradar Elon Musk

Com impostos para produtos importados maiores, Musk pode ser um dos vários beneficiados pela política de Trump de favorecer a indústria nacional.

Atualmente gigantes chinesas – como BYD e GWM – que são as maiores dores de cabeça do bilionário globalmente sequer estão vendendo carros de passeio nos EUA.

Contudo, a BYD, por exemplo, já é bastante relevante no mercado de ônibus elétricos nos Estados Unidos, sendo uma das principais fornecedoras desse tipo de veículo no país, com uma base de produção em Lancaster (Califórnia), onde monta ônibus elétricos para atender à demanda local.

A China deve ser o alvo principal na guerra comercial de Trump. Durante a campanha, o então candidato prometeu uma tarifa de 10% para produtos importados durante a campanha, porém de 60% para aqueles vindos do país asiático.

Além disso, a Tesla e outras empresas de Elon Musk devem ser beneficiadas com o corte de impostos para empresas locais, que também estão previstos nas promessas de campanha Trump.