13/11/2024 - 17:22
O dólar voltou a subir ante o real nesta quarta-feira, 13, mesmo com o Banco Central despejando 4 bilhões de dólares no mercado, em leilão no início da tarde, com as cotações no Brasil acompanhando o avanço firme da moeda norte-americana no exterior, em mais um dia de “Trump trade”.
+ Haddad diz que governo avalia incluir mais medidas em pacote fiscal
Comentários do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no fim da tarde ajudaram a aliviar as cotações.
O dólar à vista fechou o dia em alta de 0,32%, cotado a 5,7917 reais. Em novembro, a divisa acumula elevação de 0,18%. Veja cotações.
Às 17h04, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,92%, a 5,8100 reais na venda.
O Ibovespa fechou com uma alta marginal nesta quarta-feira, sustentada pelo desempenho robusto de Embraer, que renovou máximas históricas, em uma sessão novamente marcada por uma bateria de resultados corporativos e sem novidades concretas sobre o pacote fiscal prometido pelo governo federal.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa terminou com variação positiva de 0,03%, a 127.733,88 pontos, tendo marcado 126.869,37 pontos na mínima e 128.099,89 pontos na máxima do dia.
O volume financeiro somou 39,45 bilhões de reais, em sessão marcada por vencimento de opções sobre o Ibovespa.
O dólar no dia
Pela manhã a moeda norte-americana chegou a oscilar em baixa firme, com o mercado à espera dos dois leilões de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) anunciados pelo Banco Central anunciados na véspera. A queda ocorria na expectativa da injeção de 4 bilhões de dólares no mercado pela manhã, para atender demanda.
Tradicionalmente o BC realiza operações de linha nos últimos meses do ano para suprir a demanda de empresas e fundos, entre outros, que precisam enviar lucros e dividendos ao exterior.
Pouco depois do horário marcado para as operações, no entanto, o BC anunciou o cancelamento em função de “problemas operacionais”. Ao mesmo tempo, informou que os leilões ainda seriam realizados, mas em outro horário.
O cancelamento gerou mal-estar no mercado, ainda que o BC tenha deixado claro que as operações seriam realizadas.
Assim, após marcar a cotação mínima de 5,7222 reais (-0,89%) às 10h38, o dólar à vista migrou para o território positivo.
No início da tarde, o BC finalmente realizou os leilões, vendendo o total de 4 bilhões de dólares ofertados — 2 bilhões de dólares com data de recompra em 2 de abril de 2025 e 2 bilhões com recompra para 2 de julho de 2025.
Mesmo com a colocação, o dólar seguiu no território positivo.
“Não fazia sentido (a alta do dólar com o cancelamento do leilão pelo BC), porque anunciaram que ainda seria feito. A alta do dólar tem mais de exterior do que de leilão”, ponderou durante a tarde Adauto Lima, economista-chefe da Western Asset.
Lá fora, o avanço da moeda norte-americana ocorria ainda em função da vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos EUA na semana passada. Isso tem gerado expectativas de tarifas de importação potencialmente inflacionárias e outras medidas que favorecem o dólar.
A demora do governo Lula em anunciar seu pacote na área fiscal também sustentava o dólar no Brasil. Às 15h48 a moeda norte-americana à vista marcou a cotação máxima de 5,8167 reais (+0,75%).
Pouco depois deste horário, no entanto, Haddad deu declarações sobre o pacote fiscal, o que serviu para desinflar as cotações do dólar e o avanço das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros).
O ministro da Fazenda afirmou que o impacto fiscal do pacote será “expressivo”, argumentando que a ideia é fazer rubricas do Orçamento se enquadrarem na regra de crescimento de despesa do arcabouço fiscal.
“Mais do que o número, que é expressivo, mais do que o número, que na opinião da Fazenda reforça o nosso compromisso de manter as regras fiscais estabelecidas desde o ano passado, mais do que isso é o conceito que nós utilizamos para fazer prevalecer essa ideia de que as rubricas devem todas elas, na medida do possível, ir sendo incorporadas a essa visão geral do arcabouço para que ele seja sustentável no tempo”, disse.
Após os comentários de Haddad, o dólar à vista retornou para abaixo dos 5,80 reais.
No exterior, às 17h18, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,47%, a 106,490.
O dia do Ibovespa
Após reunião com o presidente da Câmara dos Deputados, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo está avaliando se consegue incluir mais medidas no pacote fiscal em discussão para ser enviado ao Congresso Nacional, mas que não sabe se há tempo hábil para um anúncio nesta semana.
Uma nova batelada de balanços estava prevista ainda nesta quarta-feira, incluindo pesos pesados como Banco do Brasil, JBS, Cosan, Azzas 2154, BRF, Marfrig, Equatorial, Ultra, entre outros.
No exterior, Wall Street fechou no azul, mas os rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano de 10 anos reverteram a queda e marcavam 4,45%, de 4,43% na véspera, em sessão marcada por dados de preços ao consumidor de outubro nos Estados Unidos.
De acordo com o economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori, os números de inflação divulgados pela manhã nos Estados Unidos não surpreenderam, mas encerram a sequência de quedas observada nos últimos meses, o que pode trazer dúvidas sobre os próximos passos do Federal Reserve.
Por ora, notou, os contratos de juros no mercado norte-americano reforçaram as apostas de mais um corte de 0,25 ponto percentual na última reunião do Fed em 2024. “Neste momento, as atenções inevitavelmente começam a se voltar para 2025 e os potenciais impactos das medidas do novo governo Trump”, avalia.
DESTAQUES
– EMBRAER ON saltou 4,73%, a 56,69 reais, renovando marcas histórias, ajudada por relatório do JPMorgan elevando em 30% o preço-alvo do papel, a 78 reais, e reiterando a recomendação “overweight”. “O momentum positivo das ações deve continuar durante o quarto trimestre devido à sazonalidade dos lucros e a novos pedidos”, afirmaram os analistas.
– AZZAS 2154 ON valorizou-se 2,69%, tendo o resultado do terceiro trimestre, previsto para publicação no final do dia, no radar. Projeções compiladas pela Lseg apontam lucro líquido de 148 milhões de reais.
– CVC BRASIL ON avançou 2,36%, após reportar lucro líquido de 14,4 milhões de reais no terceiro trimestre, revertendo prejuízo de 87,5 milhões um ano antes. A receita líquida caiu 12%, mas o resultado operacional medido pelo Ebitda ajustado aumentou 29,1%, para 124,7 milhões de reais, com a margem passando de 25,7% para 34,3%.
– IRB(RE) ON perdeu 6,85%, mesmo após salto no lucro líquido para 115,9 milhões de reais no terceiro trimestre, com declínio na sinistralidade. O presidente-executivo da resseguradora afirmou que a expectativa é de que a companhia siga registrando crescimento do lucro em 2025, mas deve reduzir o ritmo, enquanto dividendos devem ficar apenas para o ano seguinte em um cenário mais realista.
– HAPVIDA ON fechou em baixa de 6,34%, mesmo com alta de 24,3% no lucro líquido do terceiro trimestre, para 324,5 milhões de reais, uma vez que o resultado ficou abaixo da previsão de analistas. No terceiro trimestre, a sinistralidade caixa da Hapvida ficou em 70,4%, de 71,9% um ano antes.
– RAÍZEN PN caiu 6,42%, em meio à análise do resultado com prejuízo líquido de 158,3 milhões de reais no segundo trimestre da safra 2024/25, impactado por menores margens no segmento de mobilidade e renováveis.
– CSN ON recuou 3,97%, após reportar prejuízo líquido de 750,9 milhões de reais de julho ao final de setembro ante resultado positivo de 90,8 milhões no mesmo período de 2023, com aumento na alavancagem para 3,34 vezes, acima do nível de 2,63 vezes um ano antes.
– VIVARA ON cedeu 1,78%, após anunciar que o conselho de administração elegeu na véspera o atual diretor de operações, Icaro Borrello, para o cargo de presidente-executivo da companhia. A decisão segue-se à renúncia do CEO Otavio Chacon, com o processo sucessório previsto para durar 30 dias.
– VALE ON recuou 0,28%. Na China, o contrato de minério de ferro mais negociado em Dalian (DCE) encerrou com declínio de 0,2%.
– PETROBRAS cedeu 0,14%, mesmo com a alta do petróleo no mercado externo, onde barril de Brent, usado como referência pela estatal, fechou com elevação de 0,54%.
– BANCO DO BRASIL ON fechou estável antes da divulgação do balanço do terceiro trimestre após o fechamento, em dia misto no setor, com ITAÚ UNIBANCO PN caindo 0,52%, BRADESCO PN subindo 0,67% e SANTANDER BRASIL UNIT perdendo 0,54%.